O que é compromisso pra você?
Enquanto os números oficiais do desemprego no 3º trimestre de 2016 divulgados pelo IBGE indicam que 11,8% da população economicamente ativa no Brasil estão desempregados, um estudo realizado pelo Banco Credit Suisse, divulgado também no 3º trimestre de 2016, aponta que a taxa de desemprego ampliada, ou seja, considerando pessoas que fazem “bico” por falta de opção, trabalham menos do que poderiam ou simplesmente desistiram de procurar trabalho, somam 21,2%. Este estudo sugere, portanto, que existem aproximadamente 23 milhões de brasileiros procurando um trabalho formal.
São números alarmantes, reflexo de políticas desastrosas e nem um pouco austeras, de um governo que, nos últimos 13 anos, estava preocupado com outros assuntos e não com a economia do país. Afinal, números assim não surgem em 6 meses. Mas não vou entrar nesse mérito. O que mais me chamou a atenção nesses números é a quantidade de pessoas que estão disputando a minha ou a sua vaga neste imenso mercado de trabalho, seja ela através de um vínculo de emprego ou de uma posição como profissional autônomo.
O que estes números te mostram? Que você deve abaixar a cabeça para tudo que ocorre no seu trabalho? Que você deve levar desaforo para casa porque seu chefe ameaçou demiti-lo? Que o cliente sempre tem razão? Ou estes números te mostram que você não deve ficar parado(a), sendo o(a) mesmo(a) profissional que foi nos últimos 5, 10, 20 ou 30 anos?
Obviamente não devemos fazer esta autoanálise apenas em situações críticas de desemprego como a que estamos vivenciando agora, mas isso, de uma forma ou outra, nos faz refletir (ou deveria) sobre nossa empregabilidade ou sobre nosso desempenho e qualidade diante dos nossos concorrentes.
Por onde passo vejo acontecer, sistematicamente, a falta de compromisso diante de um trabalho solicitado. Seja uma instalação ou conserto de qualquer coisa, seja um orçamento ou uma execução de um trabalho, seja no atendimento para a venda de um determinado produto. Vejo profissionais assumirem compromissos com seus respectivos clientes e simplesmente não aparecerem para realizar o que foi combinado, ou não entregarem o produto comprado, sem sequer darem uma satisfação, obrigando seus clientes e tomadores de serviço a buscarem incessantemente respostas para o ocorrido. Agora se coloque no lugar deste cliente ou tomador de serviço. O que você faria? Esperaria o profissional que você chamou dar o ar da graça, mesmo que alguns dias depois, ou chamaria outro profissional? Eu não penso duas vezes. Quando se trata de um profissional autônomo, chamo outro. E quantas vezes forem necessárias, mas não trabalho com pessoas descompromissadas. Sabe por quê? Porque se o profissional está interessado em ter o trabalho mas não tem compromisso com seu cliente na sua fase inicial, que é o contato, o convencimento, imagina na execução ou no pós-venda. Quando se trata de uma empresa, onde esta pessoa descompromissada me atende, deixo de comprar ali e procuro sua concorrente. É simples.
A medida que mais pessoas passem a agir desta forma haverá, portanto, uma seleção natural de empresas e prestadores de serviço, permanecendo apenas os melhores no mercado. O mundo está saturado de profissionais e os próprios números do desemprego mostram isso. Em contrapartida existe um vasto campo de oportunidades que está aí para ser explorado. É o campo de trabalho onde os profissionais ou empresas medíocres em conhecimento, habilidades e atitudes foram expulsos.
Portanto, reflita. Ao desenvolver seu trabalho em uma empresa, como funcionário(a), ou ao vender seu trabalho, como profissional autônomo, você deve ter em mente que há 23 milhões de pessoas que gostariam de estar em seu lugar. Permanecer onde está não é questão de fazer o que sempre fez, é questão de surpreender, de buscar fazer sempre o melhor e mais barato, é questão de educação, de proximidade, de apresentação pessoal, de servir o seu cliente no que ele precisa e principalmente de compromisso. Compromisso está na atitude, na empatia. Compromisso está em executar o serviço solicitado dentro do prazo acordado assim como está em ligar para dar uma simples satisfação quando não consegue comparecer. Você pode fazer um exercício simples. Basta se colocar no papel de cliente ou no papel de chefe e perguntar o que se espera de você. Depois, se coloque no papel de seu concorrente e pergunte o que ele pode fazer melhor que você para conquistar os seus clientes ou seu cargo. Este seria o primeiro grande passo, uma autoanálise, essencial para a sua sobrevivência enquanto funcionário(a) registrado(a) ou profissional autônomo. Existem muitos outros passos para preocupar-se. Este é só o começo. E não demore a fazer isso. Outros profissionais podem fazê-lo antes de você.
Bruno Giuseph Zamai, MBA.
Graduado em Administração de Empresas com habilitação em Análise de Sistemas, pela FACCAT, e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, pela FGV. Desenvolveu sua carreira como Consultor Interno de RH em grandes empresas e atua como Consultor com o propósito de alavancar resultados de pequenas e médias empresas através da gestão inteligente de pessoas e processos. Contato: br.zamai@gmail.com.