O que é preciso para ser Rádio operador ? Parte II
Para ser RÁDIO OPERADOR temos que ter duas certificações específicas e mandatórias.
Uma é o CNS-014, que falei um pouquinho sobre no artigo " O que é preciso para ser rádio operador? ", que além do certificado provém a HT, Habilitação Técnica. A licença é permanente mas a habilitação é renovada a cada 2 anos, por meio de prova aplicada pelo SIAT - Setor de Treinamento e Avaliação do CINDACTA, órgão regional do DECEA, Departamento de Controle do Espaço Aéreo.
- E o outro curso mandatório é o GMDSS, que significa Global Maritime Distress and Safety System ou Sistema Global de Socorro e Segurança Marítimo
- Origem
O conceito de GMDSS tem início na IMO, Organização Marítima Internacional em 1973 mas ele ganha força efetivamente somente a partir de 1999, apesar de ter sido lançado em 1992. Segue as indicações da Convenção SOLAS, capítulo IV e, é aplicável às embarcações de passageiros e de carga acima de 300 toneladas de Arqueação Bruta, em viagens internacionais devem encontrar-se dotados de equipamentos rádio de acordo com os padrões internacionais, em conformidade com as determinações do sistema.
*SOLAS - A Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar. É o mais importante tratado sobre a segurança da marinha mercante. A primeira versão da SOLAS foi assinada em 1914, consequência direta do acidente com o Titanic. (fonte: Wikipédia)
- Definição
O GMDSS é um sistema global internacional que usa tecnologia terrestre e satélite e sistemas rádio instalados a bordo dos navios, que asseguram o alerta rápido e automático das estações terrestres e autoridades responsáveis pela busca e salvamento, e no caso de uma emergência marítima alerta também os navios que naveguem nas proximidades.
O conceito básico do GMDSS estabeleceu que as autoridades de busca e salvamento, localizadas em terra, bem como as embarcações na proximidade imediata do navio em perigo, serão rapidamente alertadas do incidente, de modo que elas possam participar de uma operação de busca e salvamento (SAR) coordenada, com um mínimo de atraso. O sistema também provê comunicações de urgência e segurança e a divulgação de informações de segurança marítima (MSI) – navegação, avisos meteorológicos e previsões. Em outras palavras, cada navio é capaz, independentemente da área na qual opere, de conduzir as funções de comunicações essenciais para a segurança do próprio navio e de outros navios operando na mesma área.
O GMDSS aplica as técnicas de automação de sistemas às faixas tradicionais do Serviço Móvel Marítimo em VHF, MF/HF, que antes precisavam de escuta contínua. Também incorporou os sistemas Inmarsat e os satélites de EPIRB para aumentar a confiabilidade e efetividade dos sistemas de socorro e segurança em âmbito global.
- Áreas de Cobertura
4 áreas marítimas de comunicação, sendo especificado para cada uma delas requisitos próprios de equipamentos e qualificações para o pessoal que as opera, assim:
- Área marítima A1: Dentro da cobertura de pelo menos uma estação costeira de VHF com capacidade de recepção alertas DSC.
- Área marítima A2: Exterior à área 1, que se encontre dentro da cobertura rádio de pelo menos uma estação costeira de MF com recepção alertas DSC.
- Área marítima A3: Exterior à área 1 e 2, que se encontre dentro da cobertura de satélite geoestacionário do sistema INMARSAT
- Área marítima A4: Área fora das áreas A1, A2 e A3. Essencialmente inclui as regiões polares, norte ou sul nos 70º de latitude.
- Equipamentos
Transceptor VHF - Radiotelefonia( Voz) e DSC (Dados) - Chamadas a curta distância.
Canal em escuta de Emergência 16 - Fonia - 156.800Mhz
Canal 70 Dados - 156.525Mhz
Transceptor MF/HF - Radiotelefonia (Voz) e DSC (Dados) - Chamadas a média e longa distância
Canal de Escuta 2182.0KHz - Fonia e Dados 2187.5KHz
Inmarsat - Comunicação Via Satélite
O sistema INMARSAT, que emprega satélites geoestacionários e opera na faixa de 1.5 e 1.6 GHz (banda L), para prover aos navios com estações terrenas de navio (SES), com recursos de alerta de socorro e capacidade de comunicações ponto a ponto utilizando correio eletrônico, fac-símile, transmissão de dados e radiotelefonia.
O sistema SafetyNET internacional é usado como meio principal para prover MSI para as áreas não cobertas pelo sistema NAVTEX internacional.
SART - Radar com GPS para localização emitindo um sinal de frequência de 9GHz
Transponder de busca e salvamento que é um transponder impermeável e independente, destinado ao uso emergencial no mar. Esses dispositivos podem ser um radar-SART ou um AIS-SART baseado em GPS.
EPIRB (Emergency Position Indicating Radio Beacon) - Balizas radio indicadoras de posição em emergência, operando nas frequências aeronáuticas em VHF, as quais flutuam livremente no caso do afundamento de um navio, alertando as autoridades de busca e salvamento da identificação e posição do navio sinistrado.
( Foto Acima)
O sistema COPAS-SARSAT, que emprega um sistema de satélites em órbita polar em conjunto com um sistema de satélites geoestacionários, operando em 406 MHz, utilizando as EPIRBs satélite para prover um dos principais recursos, no GMDSS, de alerta de socorro e determinação da identificação e posição do navio em perigo ou seus sobreviventes.
Rádio TELEX - Caiu em desuso. Consistia em uma modalidade de serviço telegráfico através do qual os usuários podem comunicar-se direta e temporariamente entre si.
- Exemplos de Pedido de Socorro:
MAY DAY
Pedido de Socorro Imediato
A origem da palavra é o termo francês “venez m’aider”, que significa “socorra-me” em português ou “help me” em inglês. O autor da expressão foi Frederick Stanley Mockdorf, que criou o sinal de chamada nos anos 1920, quando era operador de rádio no aeroporto Croydon, em Londres. Ele buscou uma palavra que pudesse ser usada em casos de emergência e que fosse de fácil entendimento por todos os pilotos e trabalhadores de aeroportos. Naquela época, muito do tráfego na Europa ocorria na rota entre os aeroportos Croydon e Le Bourget, nas proximidades de Paris, França, então ele propôs a palavra “mayday”, que é pronunciada três vezes (mayday, mayday, mayday) para prevenir confusão com outras palavras de sonoridade similar. "O uso de uma expressão em francês que tinha boa sonoridade em inglês veio a calhar", escreveu a revista Super Interessante.
MAY DAY
MAY DAY
MAY DAY
AQUI ou DE
Nome do Navio (Embarcação) - Indicativo de Chamada ( letra por letra)
Nome do Navio (Embarcação) - Indicativo de Chamada
Nome do Navio (Embarcação) - Indicativo de Chamada
MAY DAY
Nome do Navio (Embarcação) - Indicativo de Chamada
Na posição
LAT gg (graus) mm (minutos) NORTE ou SUL ( É comum usar somente a expressão da letra em inglês para Norte ou Sul utilizando o alfabeto fonético) Ex: S - Sierra ( South / Sul) e N - November (North / Norte)
LONG ggg (graus) mm (minutos) LESTE ou OESTE (É comum usar a expressão da letra em inglês para Leste ou Oeste - E / W - utilizando o alfabeto fonético) Ex: Eco ( East / Leste) e Whiskey ( West / Oeste)
Hora UTC ( ou GMT) 0000
Situação da Emergência ( Adernando, Fogo a bordo, Afundando, etc.)
Informações Importantes (POB - Personnel Onboard / Pessoas a Bordo , se está abandonando, se EPIRB e/ou SART estão ativados)
FINALIZA SOLICITANDO ASSISTÊNCIA IMEDIATA
Outros dois Chamados são utilizados para Socorro.
PAN PAN - Chamado de Urgência
O alerta de Urgência deverá ser transmitido somente quando o Master do Navio (Capitão ou Comandante / OIM) autorizar ou por uma pessoa que encontra-se em situação que envolva dano físico à embarcação ou assistência médica de urgência.
SECURITÉ SECURITÉ
O alerta de Segurança deverá ser transmitido pelo Master da embarcação ou por uma pessoa que encontra-se numa situação que envolva perigo para uma outra embarcação.
É comum por exemplo, fazermos anúncios de segurança em caso de operações de mergulho próximas à embarcação, para promover a segurança de todos.
Existem ainda formas de recebimento de socorro e cancelamento de chamada.
Seelonce MayDay - Para Liberar o Canal de Emergência e Socorro apenas para a Comunicação da chamada de Socorro.
Seelonce Feenee - Para indicar o término do Silêncio de Rádio
MayDay Relay - Para Retransmitir uma mensagem de Socorro quando o navio ou embarcação estiver impossibilitado ou o Master do Navio achar oportuno.
LEGENDAS
SAR - Operação de Busca e Salvamento coordenada
CES - Estação Costeira
MSI - Informações de Segurança Marítima
RCC - Centro de Coordenação de Salvamento
LAT - Latitude
LONG - Longitude
UTC - Universal Coordinated Time ou GMT - Greenwich Mean Time - Horários que padronizam o horário para melhoria das comunicações tendo como base o horário do Meridiano de Geernwich - Conhecido mais como horário Zulu, nome da letra Z no Alfabeto Fonético e que representa o horário GMT ou UTC. É informado mo formato 24 horas.
Pesquisa - Fontes:Salvamar Brasil - Marinha do Brasil
EROG - Ensino Geral Radioperador Geral - Marinha do Brasil - DPC - Ensino Profissional Marítimo
Anatel - GMDSS - Global Maritime Distress and Safety System
Apostila / Slides do Curso de Rádio Operador em Plataforma Marítima - CROG - West Group.
De uma forma resumida, (sim! Resumida) este é o curso de GMDSS.
O formato dele costuma ser de 2 semanas, aonde a primeira semana é dada aparte teórica e na segunda praticamos os avisos de socorro, urgência, segurança e o uso dos rádios, configurações, chamadas entre navios por fonia e dados.
No final de cada semana temos 1 prova, sendo uma teórica e a outra prática.
O Certificado é emitido pela empresa mas endossado pela Marinha e pode demorar até 4 (quatro meses para ficar pronto.
A duração é de 5 anos, portanto deve ser renovado de acordo com a legislação vigente.
Além do Certificado temos a carteirinha e a Declaração para possibilitar o embarque.
É possível fazer por conta própria, ao contrário do CNS 014, que somente a empresa pode inscrever o Rádio Operador, e é, uma reclamação entre muitos profissionais que tentam retornar ao mercado e perdem a validade da certificação após os 2 anos de vigência da habilitação. O CNS 014 ainda exige que o Rádio Operador tenha embarcado nos últimos 6 meses, casoi contrário, precisa embarcar, fazer estágio supervisionado, e obter a Declaração com modelo na ICA 102-7, assinada uma pelo Rádio Operador Supervisor do Estágio e outra pelo OIM / Gerente da Embarcação com firma em Cartório.
Como contei no artigo anterior "O que é preciso para ser Rádio Operador? ", passei por uma saga para renovar minha licença. Voltei a trabalhar como professora de Inglês e Português Offshore para conseguir o Estágio e as Declarações. Mas a minha luta foi muito recompensadora.
Na vida, às vezes dois passos para trás para dar 3 para frente. Continuo firme na minha luta por um contrato efetivo. E tenho fé convicta na vitória.
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Radialista
2 aEu quero fazer o curso de rádio operador onde posso fazer esse curso moro em fortaleza