O que o 5G tem a ver com a Transformação Digital?
Nos anos recentes o uso de tecnologias digitais tem provocado mudanças significativas na indústria e na sociedade em geral. As tecnologias SMACIT – Social, Mobile, Analytics, Cloud, Internet of Things – tem transformado comportamentos e expectativas dos indivíduos e desencadeado uma corrida das organizações por uma estratégia digital que responda a essa nova demanda – a famosa transformação digital (TD). Nesse contexto turbulento de ambiente é que surge a tecnologia 5G que promete colocar uma “pimenta” nesse cenário. Ao longo dos anos os novos padrões de telefonia móvel celular introduziram basicamente mais taxa de transmissão para os usuários. Assim foi com a primeira geração (1G) na década de 80 onde o objetivo era puramente voz. A segunda geração (2G) com o advento das mensagens de texto SMS. A terceira geração (3G) com a massificação dos smartphones e atualmente a quarta geração (4G ou LTE) com tráfego nominal por usuário da ordem de 10Mbps para voz, dados e vídeo. Em síntese, a evolução das quatro primeiras gerações fundamentou-se em aumentos de taxa de transmissão da rede. A quinta geração (5G) se apresenta com uma característica muito mais abrangente do que um tradicional aumento da taxa de transmissão para os usuários. O 3GPP, organização tecnológica que padroniza o 5G, apresenta na sua norma uma série de características que podemos definir nos três principais pilares:
· eMBB (Enhanced Mobile Broadband): que estabelece uma taxa de transferência de dados nominal por usuário da ordem de 1Gbps com pico de 10Gbps;
· URLLC (Ultra Reliable Low Latency Communication): que define arquitetura e tecnologia para atingir latência da ordem de 1ms e disponibilidade de 99,999% para o acesso; e
· mMTC (Massive Machine Type Communication): que define as características tecnológicas para o aumento de densidade de dispositivos por km2 atingindo o patamar teórico de 1 milhão.
Essas novas funcionalidades são obtidas graças ao novo “Core 5G” que virtualiza as funções de rede das operadoras criando o conceito de “network slicing” estabelecendo níveis de serviço adaptados aos requisitos das aplicações e usuários. Além disso, a introdução de um novo rádio 5G traz tecnologias que aumentam a diversidade espacial, melhoram a modulação e flexibilizam o uso das frequências com impacto que triplica a eficiência espectral (número de bits/Hz) em relação ao padrão anterior. Além disso, o novo padrão introduz a arquitetura de referência para “edge computing” que descentraliza o processamento das redes criando melhores experiências para os usuários.
Mas em que essa nova rede impacta na transformação digital? Se TD é desencadeada por disrupções causadas com uso de tecnologias pelos indivíduos, o 5G vem como um grande combustível de mudança nas várias indústrias. As perspectivas de uso de realidade aumentada e virtual, por exemplo, podem mudar a forma como nos relacionamos com empresas de varejo, criando experiências de compra e de atendimento inovadoras. Os primeiros testes com 5G se mostram promissores e apresentam novidades como a holografia que pode revolucionar a forma como nos comunicamos. No setor de saúde, as características de baixa latência e alta disponibilidade da rede permitem aplicações de telemedicina tais como cirurgias robóticas remotas que sempre ficaram no campo da ficção científica e agora se viabilizam. O setor industrial tende a ser um dos mais impactados pelo 5G especialmente pelo uso de IoT que vai viabilizar finalmente a conexão massiva de sensores e automatização em escala da produção. No setor de transporte, os carros autônomos passam a ter uma rede de suporte de baixa latência e com níveis de serviço adequados à missão crítica dessa aplicação. Outro setor que promete mexer com o ecossistema de negócios é o de jogos online que já movimentam bilhões de dólares e são muito dependentes de uma conectividade consistente como o 5G proporciona. Enfim, TD tem como principais resultados um melhor desempenho operacional, novas fontes de receita via modelos de negócios e novas experiências dos clientes e é exatamente onde o 5G traz muitas expectativas dada as suas novas características estabelecidas no padrão 3GPP. No Brasil, os leilões de frequências devem acontecer em 2020 e apenas em 2021 devemos ter as primeiras redes que certamente trarão em princípio apenas um aumento em dez vezes a taxa atual de transmissão com a implantação dos novos rádios. As expectativas e desafios são imensas e as promessas já agitam o mercado em proporções inéditas. O futuro promete e vamos acompanhar de perto essa transformação.
* Artigo publicando no TLC-BR
Luiz Carlos Faray de Aquino is SME for Telco, Media and Entertainment in the Value Creation area of IBM, with more than 20 years of experience in information and communication technology, member of Technology Leadership Council Brazil, graduated in Electrical Engineering UFPB in Campina Grande, master in Telecommunications from UNICAMP and PhD in Information Technology administration from FGV/EAESP. The Mini Paper Series is a biweekly publication of the TLC-BR and to electronically subscribe and receive future editions, send an email to tlcbr@br.ibm.com
Muito bom!! Alem de revolucionar a maneira como nos comunicamos, vai ser uma excelente oportunidade de investimento em equipamentos e serviços.