O que acontece com o pavimento asfáltico de nossas avenidas e rodovias?

O que acontece com o pavimento asfáltico de nossas avenidas e rodovias?

Não é preciso ir tão longe para perceber que a pavimentação não é um campo sagrado de destaque do poder público municipal. Uma volta pelo seu bairro, ou uma visita a uma cidade próxima, já serve como amostra da falta de cuidado com nosso asfalto, calçadas, galerias pluviais, sarjetas, sinalização e outros.

Essa situação ridícula tem explicação, e ela é exatamente o que você deve estar imaginando: uma mistura de corrupção, monopólios, falta de comprometimento com a qualidade de obras públicas, a conivente e corrupta fiscalização das obras viárias.

Um bom processo de pavimentação começa com a preparação do substrato na execução da terraplenagem do terreno, que precisa ser compactado e preparado para suportar de forma adequada as camadas que virão por cima. Essa camada é chamada de subleito, e normalmente consiste do solo natural compactado com outros tipos de solo para que fique estável.

Acima vem uma segunda camada chamada sub-base, que é formada por cascalho e pedregulhos. Em seguida, usa-se uma terceira camada também feita de cascalho e pedregulhos porém compactados e só então é aplicada a capa de asfalto que dará suavidade no acabamento e também impermeabilizará o conjunto, impedindo que a água das chuvas cause erosão na pavimentação.

Se tudo isso for executado da forma correta, você terá uma pavimentação com qualidade e durabilidade. Caso contrário, ela ficará como você vê na maioria das ruas e estradas do Brasil.

Quem já viajou pela Europa, Alemanha, França, EUA, pode perceber essa diferença de qualidade de pavimentos. Realmente é possível ter um pavimento regular, liso, com superfície plana, sem ondulações e imperfeições.

A ausência de um projeto adequado de engenharia rodoviária e pavimentação proporciona esse desmazelo. Por razões politicas o custo de uma obra acaba por ser a primeira condicionante para sua viabilidade e não a sua durabilidade e qualidade.

Nos últimos anos os gestores públicos inventaram as operações de manutenção batizadas de “Tapa-Buraco”, das quais se orgulham como se estivessem levando a sério a qualidade da pavimentação das ruas e rodovias. E o problema começa pelo nome “tapa-buraco”, que denota algo provisório e improvisado, geralmente não muito bem-feito. Com um nome desses, o resultado da manutenção não poderia ser muito melhor que um remendo que não irá durar muito tempo. O tempo da sua gestão de governo.

Toda obra pública executada por uma empresa privada é fiscalizada pelo poder público, que tem a obrigação de garantir que a execução está de acordo com o projeto aprovado.

A outra fiscalização falha é a de excesso de peso dos caminhões que trafegam pelas rodovias. Em Mato Grosso do Sul, somente três balanças fiscalizam 16.000 km de rodovias — e nenhuma delas está em rodovias estaduais. Em Minas Gerais as balanças foram desativadas no final de 2014 e até hoje não foram reativadas. No Rio Grande do Sul as rodovias estaduais não têm balanças. Em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, a balança que controlava o peso dos caminhões na BR-101 (a principal rodovia da região) foi desativada nos anos 1990 e até hoje não foi reativada. No Ceará, 30% dos caminhões que circulam no estado têm excesso de carga.

Na cidade de São Paulo, muitas vezes vemos um caminhão entalado debaixo de uma ponte nas marginais, danificando as estruturas dos viadutos. As Marginais (Pinheiros e Tietê), tem sua superfície tão ondulada que uma velocidade superior a 70 km/hora já poe em risco qualquer motorista. Atualmente a velocidade nestes locais chega a 90 km/hora.

Assim, com toda essa precariedade, a vida do cidadão é o que menos importa para os governantes. O dinheiro gasto não é seu mesmo.

Até quando isso vai continuar sendo feito dessa forma?

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Roberto Vilas Bôas

  • O Fim do Flerte

    O Fim do Flerte

    Este comportamento comum entre seres humanos que consistia numa leve e discreta insinuação de interesse mútuo…

    1 comentário
  • Mobilidade e o caos urbano

    Mobilidade e o caos urbano

    O crescimento da economia e dinâmica das cidades, a qualquer preço, tem limite? Assegurar a empregabilidade da…

    1 comentário
  • Aprovações Legais nas grandes empresas

    Aprovações Legais nas grandes empresas

    Esse tema é de relevância e importância para as grandes corporações e nos submete à avaliações e reconhecimento da…

    1 comentário
  • "Comportamento do Empreendedor em relação aos Estudos de Impactos Ambientais de seus empreendimentos."

    "Comportamento do Empreendedor em relação aos Estudos de Impactos Ambientais de seus empreendimentos."

    A sociedade moderna clama nas ruas, na mídia escrita, falada, por uma postura mais decente, ética e elegante dos…

  • Nova Lei de Zoneamento

    Nova Lei de Zoneamento

    Prefeito aprova a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo Legislação normatiza o uso público e privado do solo da…

  • Licenciar para não se arrepender!

    Licenciar para não se arrepender!

    A maioria das empresas que trabalham com empreendimentos de grande porte se preocupam com esse tema. A razão é única…

  • A CRISE É POLITICA!

    A CRISE É POLITICA!

    Era previsível que o pais não iria suportar dois grupos antagônicos em linha de pensamento brigando pelo poder. Nas…

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos