O que aprendi fechando 1279 abas do navegador no celular

O que aprendi fechando 1279 abas do navegador no celular


Nos dias de hoje, é comum acumular informações digitais. Para mim, isso se manifestou na forma de 1279 abas abertas no navegador do celular. Este acúmulo não é apenas uma questão de desorganização; é um reflexo de um comportamento que, ao longo dos anos, se tornou um hábito. Neste texto, compartilho o que aprendi ao enfrentar essa montanha de informações e como isso me levou a uma jornada de autoconhecimento.

A rotina de acumular informações

Meu dia começa cedo, por volta das 5h00 da manhã. Acordo e mergulho em portais de notícias e curadorias digitais. Após uma triagem inicial, começo a leitura, mas logo sou interrompido por meu filho ou outras obrigações diárias. Durante o dia, em momentos de espera ou tédio, reabro as últimas abas para retomar a leitura. No entanto, a quantidade de matérias selecionadas para leitura frequentemente supera minha capacidade real de absorção, resultando em um acúmulo que já dura anos. Esse acúmulo traz consigo uma certa ansiedade e aflição. Apesar de tentar manter um estilo de vida minimalista em outros aspectos, as abas abertas se tornaram um ponto cego. Assim como os milhares de e-mails não lidos e as mensagens acumuladas no WhatsApp, as abas permaneciam ali, como um lembrete constante do que ainda precisava ser lido.

O desafio do desapego

Em diversas ocasiões, já enfrentei a necessidade de fechar essas abas. Lembro-me de momentos em que precisei fazer sacrifícios dolorosos para liberar espaço no celular — uma verdadeira "piscina gelada" digital. Com um olhar decidido, fechei centenas delas de uma só vez, acreditando que isso me tornaria mais organizado e produtivo. No entanto, foi somente em outubro deste ano que decidi encarar a fera de frente. Com uma nova disposição e superando desafios pessoais recentes, resolvi desbravar todas aquelas abas acumuladas. Para minha surpresa, o que parecia ser apenas uma tarefa tediosa se transformou em uma experiência reveladora.

O autoconhecimento através da leitura

Ao longo do processo de fechar 1279 abas, percebi que minha maior descoberta não foi apenas o conteúdo das matérias armazenadas, mas sim o padrão da minha própria seleção de leitura. Ao me debruçar sobre cada aba, compreendi como escolho o que leio e como isso reflete meus interesses e prioridades. Com quase um ano acumulado de informações, descobri que cerca de 55% das matérias eram sobre temas já expirados ou irrelevantes. Muitas eram notícias antigas que poderiam ser fechadas após uma rápida leitura da chamada. Além disso, percebi que cerca de 20% das abas eram repetitivas ou dispensáveis. Questões como tecnologias emergentes, pautas do STF, congresso, ESG, mudanças contábeis, além de um toque de filosofia e justiça social – tudo se repetia de maneira consistente. Essa repetição me fez entender melhor meus próprios interesses e a forma como consumo informação.

A lição final

Ao fechar 1279 abas do meu celular, o maior aprendizado foi sobre mim mesmo: o autoconhecimento. Agora sei que continuarei selecionando material para leitura e enfrentando interrupções no meu cotidiano. No entanto, com a consciência do meu "algoritmo" pessoal de seleção, sinto-me mais confortável para fechar os olhos e limpar as abas na próxima vez. Como consegui organizar minha vida digital? Essa é uma pergunta para outro momento — talvez eu possa compartilhar minhas estratégias para lidar com as mensagens não lidas do WhatsApp!

Mara Eliza Salvador

DIRETORA FONTANA CONSULTORIA E GESTÃO AMBIENTAL

1 m

Ótima dica Renan!

Luiz Leme

Gerente de sucesso do cliente na Telelaudo

1 m

Um livro que complementa a sua experiência é o do Carl Newport "Minimalismo digital". Ótimos insights.

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