O que aprendi por enquanto

O que aprendi por enquanto

É muito clichê fazer uma lista de “qualquer-coisa” quando se faz aniversário. Mas este ano que passou foi um ano diferente. Então, considerando meus anos de vida, resolvi fazer uma lista de 33 coisas que aprendi, descobri e confirmei sobre mim. Sinto que preciso documenta-las para poder, no ano que vem, olhá-las e entender quem fui e o que mudou em mim. Vamos lá:

1) Descobri que a Cláudia é, definitivamente, o amor da minha vida. E que, com ela, entendi o real sentido do companheirismo, da entrega, do prazer, da força, da felicidade, do “ombro amigo” e do “colo”, do “tudo está bem se você está aqui”. Eu juro que não consigo pensar em viver uma vida sem ela.

2) Descobri que tenho muito mais dos meus pais do que eu imaginava, e que eles são exatamente como eu: imperfeitos. Mas que meu amor por eles é incondicional e realmente diferente do que eu esperava que viesse a ser um dia.

3) Por falar nos meus pais, descobri também que eles ainda têm muito a me ensinar, mas que agora eu também tenho muito a ensinar a eles. Sem prepotência.

4) Descobri que me conheço mais do que imaginava e que tenho que respeitar quem eu sou, na situação que for.

5) Descobri que trabalho é uma coisa e emprego é outra. E que buscar a felicidade em um emprego pode ser muito frustrante.

6) Aliás, descobri que não se busca felicidade, pois a felicidade é uma circunstância que vivenciamos no dia a dia. Que não existe “a felicidade”, e sim momentos de felicidade que, quando vêm à tona, não devem ser ignorados ou menosprezados.

7) Percebi que amo meus amigos e que fiz vários desses ao longo da vida, mas que infelizmente faço muito pouco para mantê-los perto de mim. Culpa minha. Vou melhorar, pessoal!

8) Descobri que minha atividade física favorita é aquela que me deixa deitado exausto no chão, por ser uma das maneiras em que consigo me sentir vivo de fato.

9) Descobri que muitos sonhos da adolescência continuaram – e continuarão – no campo do intangível por puro medo ou por pura preguiça. Ou pelos dois.

10) Descobri prazer em fazer caridade. E a forma, o momento e a companhia que me fizeram perceber isso ficarão para sempre marcados em mim. Por falar em caridade, defini, finalmente, que minha religião se chama “amor”.

11) Descobri que sou muito mais forte emocionalmente e psicologicamente do que imaginava, pois aguentei de pé e com integridade todos os socos que a vida me deu. Aliás, aprendi que a vida dá muitos socos, mas que também acalenta, ampara e mostra onde está a enfermaria. E que, depois que você sai da enfermaria, a vida vem e lhe dá mais socos.

12) Percebi que pessoas chatas muitas vezes são legais quando damos atenção e espaço para elas serem elas mesmas, ao invés de as definirmos apenas por não serem iguais a nós – seja lá o que “igual” for.

13) Confirmei que “Questão de Tempo” (“About Time”) é mesmo meu filme favorito. Juro que este filme me fez ver a vida com outros olhos. Recomendo. Se não assistiu, assista. Se já assistiu, assista de novo. E compartilhe.

14) Aprendi que todos valorizam mais o “estratégico” frente ao “operacional”. Isso é de uma superficialidade preocupante, pois de nada adianta pensar se não tem ninguém bom de fato para fazer bem feito.

15) Descobri que não dá para ser sempre sincero. Claro, continuo respeitando a verdade. Mas entendi que um sorriso falso as vezes é necessário. Não para você, mas para o outro.

16) Descobri um prazer inimaginável no ato de cozinhar. E tenho certeza que este prazer existe porque passei a enxergar no ato uma forma de entregar amor e cuidar.

17) Descobri que sofro de “over thinking”, “burnout” e que sou viciado em cafeína.

18) Descobri que grande parte das minhas preferências são diferentes do esperado: prefiro vinho a cerveja, prefiro assistir vôlei a futebol, e gosto muito mais de blues do que de David Gueta, por exemplo. And I am pretty fine with all of that.

19) Percebi que não quero mais morar em São Paulo e que isso deve acontecer dentro dos próximos anos, mesmo que represente uma mudança de ritmo de vida. Aliás, torço para que essa mudança aconteça.

20) Percebi que muitos bens, dos que tenho e dos que ainda quero ter, na verdade são supérfluos. O que, consequentemente, me fez crer que “ser” é melhor do que “ter”.

21) Descobri Airling, The Blues Preachers, Far From Alaska, Fat Freddy’s Drop, Paolo Nutini, Xavier Rudd, Grace, Vintage Trouble, Antonio Lulic, Dropkick Murphys e Kagu. E redescobri The John Butler Trio e Miles Davis.

22) Confirmei que existem muitos idiotas por aí e que muitos deles são bem-sucedidos profissionalmente. E que não cabe a mim julgá-los, e sim entende-los e aprender a conviver com eles. Mas que devo, sempre, manter-me íntegro.

23) Entendi que existem dois tipos de problema: o tipo “meu” e o tipo “seu”.

24) Descobri que, como publicitário, sou um bom marqueteiro. E que, como marqueteiro, estou cansado. Isso me fez pensar em empreender, mas vi que o ato de empreender é vendido com mais romantismo do que devia. Logo, continuo cansado. Bem cansado.

25) Percebi que sou muito negligente comigo mesmo. Em especial, com a minha saúde. Mesmo que eu pratique atividades físicas rotineiramente, vivo marcando e desmarcando exames e consultas. Tenho consciência de que essa negligência vai, de alguma forma, me pegar em uma esquina do meu futuro. E aí a circunferência do bíceps importará menos do que a circunferência da artéria.

26) Descobri que sou um preconceituoso velado a respeito de vários assuntos. Mas que, mesmo sendo preconceituoso, estou disposto a debater o assunto que for e, quem sabe, rever minha opinião. Aliás, tenho um prazer imenso em debater qualquer assunto, de quadrinhos à sistemas.

27) Confirmei que o melhor investimento que posso fazer é viajar.

28) Entendi na prática que, para tudo na vida, tenho duas opções: “ser feliz” ou “ter razão”. E, que mesmo escolhendo “ser feliz” em todos os momentos, às vezes isso não acontece. E eu também fico sem ter razão.

29) Descobri “Passarinhos”, do Emicida, e chorei com ela pelo simples fato de reconhecer a sociedade na qual vivo e da qual faço parte em quase todos os versos.

30) Descobri que todos têm um lado bom e um lado ruim. E que, em algumas pessoas, o lado bom é o de fora...

31) Percebi que não tenho ídolos. As pessoas que eu admiro, eu admiro. Mas idolatrar, não. Ninguém.

32) Descobri que a liberdade é o bem mais valioso de qualquer ser vivo. A possibilidade de ir e vir e, neste meio tempo, fazer o que quiser, é de uma riqueza imensurável. E que, muitas vezes nos prendemos em pessoas – físicas e jurídicas – que não merecem que abdiquemos disso.

33) Percebi que reconheço cada vez menos o cara que me encara no espelho, e que isso é hoje uma das coisas que mais me assusta na vida. A mera possibilidade de estar me perdendo no caminho cujo destino eu não sei qual é me desespera. Mas sei que a solução disso está em minha cabeça, em meu coração e em minhas mãos. E neles, eu confio. Há 33 anos.

Ricardo Pompeu Ferreras

Cientista de dados/Arquiteto de dados

8 a

Grande Rodrigo, PARABÉNS, pelo texto e pela bela meditação que fez. Obrigado por compartilhar PS Mande um abraço para a Claudia

Realmente o tempo passa e a gente vai se conhecendo, ou se descobrindo, ou, melhor ainda, se redescobrindo. Com certeza a pessoa que sempre procuramos no espelho pela manhã é aquela criança faceira que um dia fomos, mas que com o tempo nos disseram que deveríamos guardar no armário. Apenas a minha visão de felicidade destoa, em muito pouco da tua. Com certeza não vejo a felicidade como algo que se pode buscar. Vejo a felicidade em termos de ser e estar. Ser feliz significa estar feliz, e isso está dentro de cada um mesmo nos piores momentos da vida. Enquanto as pessoas procurarem motivos ou bens para serem felizes, ao invés de olharem para dentro de si e deixarem a felicidade brotar, por mais que invistam nessa busca, ela será em vão. Parabéns pela lista.

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