O QUE O BRASIL DEVE APRENDER COM A CHINA SOBRE CRESCIMENTO DO PIB

O QUE O BRASIL DEVE APRENDER COM A CHINA SOBRE CRESCIMENTO DO PIB

Nos últimos 45 anos a China apresentou taxa de crescimento de sua economia números invejáveis. O país expandiu o PIB a uma taxa média anual de 5,45%, com saldo acumulado no período de 900% descontando a inflação, saindo de US$150 bilhões de dólares em 1978 para US$ 17 trilhões de dólares em 2022 (BANCO MUNDIAL).

Muitos estudos e pesquisas foram publicados na intenção de explicar este acontecimento no país asiático, afinal, o país passou de sétima economia do mundo em 1980 para a segunda posição no ano de 2010, ultrapassando o Japão (FMI/WEO).

Segundo estudo do Centro de Pesquisa Econômica do Japão, a economia chinesa será a maior do mundo em 2033, não que seja uma verdade absoluta, mas alguns aspectos corroboram para este cenário. Embora seu ciclo de crescimento esteja passando por uma fase de arrefecimento, em que desde 2010 cresceu em média 7% ao ano, e não mais 10% como ocorreu no início da década de 80 até 2007, antes da crise financeira nos EUA e quebra do Lehman Brothers.

A partir de 1978 Deng Xiaoping assumiu o poder após a morte de Mao Tsé Tung, que liderou a República Popular da China desde 1949 pelo partido comunista. Sobre o comando de Deng, o país passou por profundas reformas, principalmente em relação ao modelo de desenvolvimento econômico. A reestruturação econômica do país se deu pela abertura comercial, aproximação com Japão e EUA para atrair capital estrangeiro financiando um longo período de investimento público que produziu o milagre econômico chinês.

Com a maior quantidade de mão-de-obra do mundo e abertura comercial, as maiores empresas globais passaram a montar suas fábricas nas ZEEs (Zonas Econômicas Especiais) chinesas. Combinado com a mão-de-obra barata e processo de industrialização no país, houve forte migração de chineses da área rural, com trabalho sob regime de subsistência, para áreas urbanas, as novas ZEEs inundadas por empresas multinacionais. No acordo de Deng essas empresas podiam montar suas fábricas, usar a mão-de-obra barata para produzir seus produtos e vender para o mundo, no entanto, haviam restrições para essas empresas venderem seus produtos para o mercado Chinês.

Neste caminho os chineses usaram o processo de engenharia reversa, pegar aquilo que já existe, aprender a tecnologia do negócio e depois melhorá-la através da inovação, para mais tarde criar suas próprias empresas nacionais e exportar seus produtos manufaturados para o mundo todo. Além da abertura comercial o governo investiu pesado via empresas estatais no processo de industrialização, produção de energia e aço para construir não só as zonas industriais, mas também novas cidades, passando o país que tinha como base da sua atividade econômica voltada na agricultura para industrialização da atividade e muitas empresas de prestação de serviços em mão-de-obra.

Com este novo formato de desenvolvimento econômico adotado por Deng Xioping, o país passou a ser referência mundial em crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e processo de industrialização nacional, crescendo na média de 10% ao ano por três décadas. Hoje, além de ser a segunda maior economia do mundo, a China está presente em todos os mercados globais comprando insumos, em grande parte, e vendendo produtos manufaturados com preços bem competitivos.

Com essa nova estrutura da economia chinesa o país tirou milhões da pobreza e miséria, criou milhões de empregos, aumentou a paridade do poder de compra do país, capacidade de um trabalhador chinês de comprar produtos em dólares. Salário médio anual na China hoje é de US$ 15.000,00, que coloca o país no mundo como emergentes de renda média. Para efeito de comparação no Brasil a renda é US$ 6.700,00 (Pnad).

Olhando para o Brasil, também tivemos um projeto de desenvolvimento econômico parecido com o da China, na década de 50, quando se discutia o processo de industrialização via substituição de importação dos produtos manufaturados, em que a pauta exportadora de produtos agrícolas era o agente financiador para atrair dólares ao país e termos como, num primeiro momento, importar as máquinas equipamentos para conduzir a industrialização do nosso país. Tivemos no final dos anos 60 e início dos anos 70, o período do milagre econômico com crescimento do PIB na média de 10% ao ano, no entanto, com a crise de endividamento externo do país e hiperinflação dos anos 80, ficou fácil para a corrente principal do liberalismo econômico via Consenso de Washington em 1989, fazer o Brasil expandir sua abertura comercial e destruir as indústrias nacionais e nosso processo de desenvolvimento via industrialização nacional.

Dieslyn Santos, economista na Invoice Consulting.


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