O que as crianças aprendem enquanto brincam?
Correr, pular, pedalar, cavar... Jogos e brincadeiras são sempre divertidos e costumam ser a parte mais valorizada do dia para uma criança. O brincar não pode ser considerado algo secundário, especialmente quando falamos de Educação Infantil. Este momento é a oportunidade do aluno se expressar, lidar com conflitos de opiniões, conviver em sociedade, sentir-se livre e ao mesmo tempo aprender algumas regras.
Mas, além de desenvolver questões psicológicas e sociais, o que especificamente a criança pode aprender com cada oportunidade de brincadeira? Vamos refletir agora sobre cada chance de aprendizagem presente no dia a dia escolar.
Brincadeiras externas
As brincadeiras realizadas em áreas externas refinam a coordenação motora grossa das crianças, sejam elas realizadas em parquinhos, gramados ou em locais mais simples, como um quintal ou um espaço amplo que possibilite a movimentação. Além de proporcionar contato com diferentes ambientes, é importante introduzir objetos distintos que possibilitem a variação das atividades físicas, como: bambolês, bolas, macarrão de piscina, cordas, cones, dentre outros. Estes elementos simples podem ser usados para criar desafios de diferentes níveis aos pequenos, estimulando-os a sempre avançar e conquistar novas metas!
Culinária
Cozinhar é uma experiência que vai além da apreciação de diferentes gostos e sabores. É um grande estímulo sensorial! A criança tem a oportunidade de tocar diferentes texturas, se aventurar a misturá-las e descobrir o que irão se tornar. Quando em contato direto com a farinha, a margarina, o ovo, o leite, dentre outros componentes de uma receita, a criança sente cada elemento e torna-se mais tolerante a estímulos sensoriais diferentes. Além disso, é um processo divertido que traz muita satisfação no momento de provar o prato feito por eles! Habilidades matemáticas também podem ser introduzidas durante esta experiência: 3 unidades, 1 colher de sopa, ¾ de xícara, forno a 200 graus, etc.
Fantasias / Dramatização
A partir dos três anos de idade, as crianças passam a desenvolver a “brincadeira simbólica”. Isso quer dizer que já consegue brincar em conjunto com outros colegas utilizando alguns elementos com um significado ou símbolo. Exemplos: utilizam o telefone não apenas para apertar o botão, mas para imaginar que ligam para a mamãe; colocam fantasias não apenas por acharem bonitas e coloridas, mas para brincar de super heróis ou princesas; utilizam panelinhas para preparar uma refeição para seus colegas de sala. A brincadeira não é apenas passa-tempo ou algo individual, mas ganha um significado e torna-se coletivo. Quando falamos de dramatizar situações do dia a dia, o que acontece constantemente em salas de aula de Educação Infantil, a criança exercita sua criatividade, aprende a esperar por sua vez, divide brinquedos e também se depara com situações de conflitos, aprendendo a resolvê-los de forma autônoma. Algo que parece simples mas ajuda muito no processo de amadurecimento é o fato da criança não ter todos os tipos de brinquedos à disposição. Com a falta de um berço para colocar sua boneca para dormir, a criança utilizará uma caixa de sapatos e sua criatividade a permitirá enxergar aquilo conforme seu desejo. No momento de observar as estrelas do céu, um simples rolo de papel toalha a ajudará a explorar o universo!
Quebra-Cabeças
Os quebra-cabeças, ainda que simples e de poucas peças, são excelentes aliados dos professores. Além de auxiliar as crianças a exercitar a concentração e calma, pode ser usado como uma estratégia de introdução à lógica e à matemática. A habilidade de enxergar o "todo" e unir os pequenos fragmentos é treinada e aprendida por meio da experiência. Após algumas semanas montando quebra-cabeças, a criança demonstra mais facilidade. O mais importante é não dar um desafio maior do que a criança poderá solucionar, para que a frustração não a faça desistir!
Blocos de Montar
De blocos de madeira a lego de plástico, grandes ou pequenos, cada um com diferentes tipos de encaixe, os blocos vão muito além de ser apenas uma simples brincadeira. A coordenação motora fina é uma habilidade muito trabalhada neste momento, pois é necessário que a criança treine a capacidade de realizar encaixes da forma correta. E isso não acontece uma única vez: é necessário que várias peças sejam encaixadas consecutivamente para que aquela construção faça algum sentido para a criança. A paciência e a organização também são exercitadas: para conseguir montar um objeto, a criança precisa de planejamento e necessita escolher os tamanhos corretos de cada peça para sua construção ser concluída. E digo ainda mais! Caso ela não deseje construir nada, ainda há muito o que aprender! Uma simples brincadeira com as peças soltas reforçam a noção matemática de classificação e sequência, fazendo a separação de cada elemento por cor, tamanho ou formato.
Hora de Guardar!
Para os pequenos, a hora de guardar pode ser traumatizante ou divertida. Cabe ao professor ou aos pais saber conduzi-la. Não se trata de apenas não brincar mais e ter pressa para finalizar aquele momento! A hora de guardar os brinquedos deve ser feita com calma e precisa ser apenas uma transição para uma próxima atividade. A criança necessita entender a finalidade daquele momento final, pois se compreender esta orientação simplesmente como um comando vago e sem justificativa, demonstrará resistência. Mas se o aluno percebe que há um objetivo, pois após esta brincadeira teremos várias propostas que a seguem, saberá o motivo do final desta. Além disso, a hora de guardar também gera momentos de aprendizado: classificação de brinquedos em seus lugares de origem, paciência, independência e organização.
Se tiver a oportunidade de refletir ainda mais nestes momentos distribuídos na rotina diária com seus alunos ou filhos, certamente você identificará ainda mais benefícios que a brincadeira proporciona às crianças. O mais importante é não considerá-lo um “tapa-buraco” na rotina, mas entender a função e importância destas ricas oportunidades de aprendizado!
Escritora e Blogueira @ O Terceiro Ato
6 aBruno Perez
Gestora e Produtora Cultural
6 aIsabella de Andrade Rodrigues