O que esperar de um serviço de Recolocação Profissional?

O que esperar de um serviço de Recolocação Profissional?

Recebi há alguns dias atrás uma ligação de um antigo colega me pedindo indicações de empresas para serviços de Recolocação Profissional. Esse colega, um profissional bastante experiente, estava há alguns meses tentando arrumar uma nova colocação no mercado e, diante das dificuldades que vinha encontrando, resolveu considerar a opção de um serviço de Recolocação para acelerar o processo.

Para quem não conhece esse tipo de serviço, ele consiste basicamente de consultorias com o propósito de prestar orientação profissional a fim de facilitar e até mesmo acelerar o processo de recolocação no mercado de trabalho. Em muitos casos, o próprio profissional (pessoa física) arca com os custos dessa prestação de serviços.

Não fiz nenhuma indicação, até porque, de fato, não sou profundo conhecedor desse mercado e das empresas que nele atuam. Mas acabamos estendendo um pouco mais a conversa, o que me permitiu entender melhor as razões pelas quais ele estava considerando tal hipótese; e concluímos que a decisão dele estava sendo tomada, ao meu ver, pelas razões erradas. A expectativa desse profissional era de que um serviço de Recolocação pudesse encontrar ou identificar mais rapidamente a tão sonhada vaga pela qual ele tanto procurava. E me ocorreu que os pontos sobre os quais o alertei podem ser comuns a muitos profissionais atualmente, ainda mais numa época de vacas magras, onde as oportunidades estão mais escassas e o mercado mais competitivo.

Antes de mais nada, é preciso ter em mente que nenhum serviço de Recolocação (por melhor ou mais conceituado que seja) vai criar uma vaga que não existe. Quem dita a criação das vagas é o MERCADO. E se o Mercado estiver em baixa, as vagas de fato levarão mais tempo para aparecer e as poucas que surgirem serão mais concorridas. Portanto, entender essa dinâmica é fundamental antes de decidir contratar ou não um serviço de Recolocação Profissional.

Outro ponto importante a ser considerado é que o Mercado, da mesma forma que apresenta oscilações (períodos de alta e baixa), também pode mudar, o que significa que as exigências em termos de conhecimento e habilidades que no passado eram úteis ou indispensáveis podem já não servir mais hoje. Logo, um exímio datilógrafo, desenhista de papel vegetal ou programador em Clipper, por mais competentes e experientes que sejam, dificilmente encontrarão vagas, pois o mercado já não demanda mais essas competências. E é aí que um bom processo de Recolocação pode ajudar, seja através de um coaching, ajudando a identificar pontos fortes e pontos de desenvolvimento; ou até mesmo através de uma análise do mercado, que mostre quais são as novas tendências e o que mais tem sido ou será demandado em termos de formação, conhecimento e competências. O processo pode inclusive ajudar na busca de alternativas (cursos, treinamentos, atividades, etc.) para preencher possíveis lacunas, fazendo com que o profissional esteja melhor preparado para concorrer às vagas de emprego que surgirem. Para candidatos menos experientes, um processo de coaching de caráter mais comportamental pode ser útil também, não no sentido de moldar o candidato a estereótipos (isso é bobagem!), mas para ajudá-lo a lidar com a ansiedade ou nervosismo durante etapas de processos seletivos ou entrevistas, algo típico de alguém que debutando no mercado de trabalho.

Portanto, se estiver considerando gastar uma grana em um processo de Recolocação, avalie bem se está fazendo pelos motivos certos e gerencie bem as suas expectativas para não se frustrar depois. E, como tudo na vida, busque empresas e/ou profissionais de boa reputação no mercado para aumentar as chances de receber um serviço de qualidade.

Mas, se nada do que foi dito acima se aplica, e o caso é realmente de busca por uma nova posição em um novo emprego, então a abordagem é outra e dificilmente um serviço de Recolocação vai ajudar. Nesse caso, valerá muito mais estabelecer contatos com boas empresas e bons profissionais de recrutamento (ou hunting), contatos com outros profissionais do mercado, acompanhar canais e veículos de comunicação correlatos e (por que não?) continuar o seu investimento pessoal em formação e capacitação, seja para se reciclar, aprimorar ainda mais suas competências ou mesmo para adquirir outras novas. Afinal, conhecimento nunca é demais e ainda pode ajudar a manter a cabeça ocupada enquanto a nova posição não vem.

Cícero Falcão

Senior Engineering Project Manager | Cícero Falcão EIRELI

9 a

Mais um "MERCADO" regulado pela lei de oferta x procura e que no Brasil, atualmente, estimo que cobrará mais de 8 meses para uma recolocação.

Luis Silva

Engenheiro Eletricista - Instrumentação/Automação

9 a

Gildeon, Excelente análise e coerente com seus atos. Tive a grande honra de trabalhar com você na Chemtech, após inscrever-me mais de três vezes no site sem sucesso. Após uma indicação por networking, na entrevista você respondeu minha pergunta: Eu estou sendo entrevistado por causa da indicação ou pelo curriculum, visto que meu perfil não se enquadra no atual da empresa? E você foi bem claro, não foi por causa da indicação somente. Estou enxergando as mudanças que o mercado e os clientes querem da Chemtech e neste momento você tem o perfil que precisamos. A lição que ficou para mim foi que, cabe a todo profissional ter uma visão a frente, estando empregado ou não, para aproveitar as oportunidades e estar sempre em sintonia com o mercado de trabalho.

Didimo Siqueira

Técnico Mecânico/Projetista (Tubulação,equipamentos e estruturas, Industrial, Naval e Nuclear )

9 a

Fala sério, onde encontrar isto?

Valério Sanches Jorge, PMP

Consultor em Gestão de Projetos e Custos; Professor - Engenharia, EPC, Produção - Foco em Resultado e Prazo

9 a

Conforme você bem disse, vagas não são criadas por empresas de recolocação profissional. O mercado dita as regras. O que vemos é que, empresas "picaretas" de recolocação utilizam a ansiedade das pessoas como forma de atraí-las, prometendo o que não poderão cumprir.

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