O que eu aprendi nas minhas primeiras andanças em comunidades tech?
Semana passada resolvi fazer um rápido experimento através do meu perfil no Instagram. Pedi que as pessoas compartilhassem comigo a primeira palavra que vinha à mente ao pensarem em mim. Mais da metade das pessoas que me conhecem escreveram a mesma palavra: comunidade.
Há dois anos me envolvi intensamente em comunidades de tecnologia. Fiz parte de 4 delas, oficialmente, mas já estive em eventos de várias outras. Sou realmente fascinada por trocar conhecimento e experiências com outras pessoas, por conversas significativas, pelo olho no olho, pelo sentimento de pertencimento.
Até chegar ao ponto de ter meu nome relacionado a essa palavra passei por um processo muito rico. Aprendi na cara e na coragem que seria preciso deixar muitos conceitos no passado e estar aberta a ouvir mais do que falar. Depois de muito ouvir, sinto que é a hora de começar a compartilhar um pouco dos meu aprendizados.
E para começar, trago as 5 maiores lições dessa caminhada:
1. Você não precisa estar sozinha
Em 2018, eu trabalhava em uma empresa de varejo tradicional. Estava há três anos fazendo parte da equipe, mas de alguma forma, eu sentia que viver somente aquela realidade não me fazia mais tão feliz. Desejava ver mais pessoas além dos colegas que também eram amigos, trocar mais experiências e desbravar novas oportunidades.
A primeira coisa que eu fiz foi conversar com amigos de grupos diferentes sobre o que eu estava sentindo. Pode parecer simples, mas na época doeu admitir que o ambiente em que eu vivi tantas coisas legais, já não supria mais as minhas novas necessidades. Eu queria estar mais por dentro das tendências, das novas tecnologias do mercado, do futuro.
Contar com a ajuda de pessoas próximas foi fundamental. Em poucos dias o convite do WomakersCode Summit chegou na minha caixa de e-mails com uma recomendação positiva. Era a minha primeira lição de que eu não precisava fazer tudo sozinha. A segunda, viria com a minha primeira participação em um evento de tecnologia.
2. Encontre pontos em comum
Minha família me deixou na porta do local do Summit, em Porto Alegre, e eu tive uma longa caminhada até chegar ao evento. Eu pensava em desistir a cada passo, pois estava sozinha e me sentia vulnerável em um ambiente fora da minha zona de conforto. Até que eu vi uma moça usando uma mochila feita pela empresa que eu trabalhava. Aquele ponto em comum foi o meu foco para eu não voltar para casa — e o que portas para eu conhecer um novo mundo.
A moça, chamada Isadora, foi meu primeiro contato. Assim como eu, ela não conhecia nenhuma das 90 mulheres presentes. Queria migrar de carreira, mas não sabia nem usar o LinkedIn. Sofria com insegurança e ansiedade, ainda mais depois de ter sido tantas vezes descredibilizada por homens no âmbito profissional. E, por fim, também estava ali para receber apoio e enxergar possibilidades.
A verdade é que a maioria desses pontos era comum às 90 mulheres presentes. Muitas chegaram sozinhas. Muitas desistiram de outras coisas (faculdades, cursos, trabalhos, entrevistas, relacionamentos) e não conseguiam iniciar uma nova jornada.
Viver tudo isso acendeu uma chama forte de querer ajudar a transformar a vida dessas mulheres.
3. Vulnerabilidade abre oportunidades
O WomakersCode é uma comunidade de empoderamento para mulheres na área da tecnologia que oferece encontros para troca de experiências e conhecimento, mentoria de carreira e até aulas de inglês. Tudo isso protagonizado e exclusivo para mulheres cis & trans. Não é preciso ser programadora ou ter atividades relacionadas à tecnologia.
O capítulo de Floripa nasceu com uma grande vontade de oferecer o melhor em eventos tech para as mulheres. Eu acreditava que a minha experiência com feiras, convenções, coletivas de imprensa e festas era suficiente para alcançar esse objetivo. Mas adivinhem? Eu não conhecia ninguém do meio tech em Florianópolis.
Toda a minha empolgação me deixou míope quanto aos processos básicos para se começar algo. Eu simplesmente esqueci de pesquisar quais comunidades tech existiam na cidade (posso colocar aquela risada nervosa aqui?).
Mandei mensagem para algumas comunidades e ganhei o apoio precioso da Júlia Machado, co-fundadora do Anitas, grupo forte na cidade que visa incluir cada vez mais mulheres na área de tecnologia. Acabei indo a outro evento sozinha e conheci a Tauane Rockembach, também do Anitas, e o Higor, que conversou com os fundadores de uma empresa de tecnologia para patrocinar o primeiro encontro do WomakersCode Floripa. Além dessas pessoas incríveis, conheci e aprendi muito com a Fernanda Rabello, líder e referência no GDG (Google Developers Group).
Com mensagens simples e sinceras sobre quem eu era, o que queria com o WomakersCode e o que eu precisava, consegui aumentar a minha rede de apoio e, finalmente, fazer o meu primeiro evento tech.
4. Fracasso pra quem?
O WomakersCode Summit Floripa levou cerca de 7 meses para acontecer e teve 25% de adesão.
As participantes aprenderam sobre os primeiros passos para desenvolver um aplicativo no Android, receberam dicas para transição de carreira e descobriram como fazer apresentações em ppt de forma impactante.
Diante de todo o meu empenho e da minha caminhada para fazer esse evento acontecer, pode parecer que a adesão tenha deixado a desejar. Porém, mantive contato com a maioria das participantes e muitas passaram a se engajar mais nas comunidades da cidade. Outras ganharam força para mudar de carreira e aumentaram o seu networking. E eu, finalmente, tinha concretizado a organização do meu primeiro encontro tech.
5. Eu que faço meu próprio destino
Alguns podem dizer que é coincidência ou destino, mas já diria a minha cunhada aos 5 anos de idade: "eu que faço o meu próprio destino". Na minha opinião, essa frase se encaixava perfeitamente com trajetória que eu havia construído.
Frequentar eventos sozinha, encontrar algo em comum com alguém e puxar um papo, estar aberta às novidades e não ter vergonha de errar. Tudo isso é sair da zona de conforto e fazer o próprio destino. Eu sei, às vezes dá medo, mas você não está sozinha.
Conte comigo para dar os seus primeiros passos.
Co- Fundadora e Diretora Executiva na Anitas
4 aA tua persistência, originalidade e inteligência, além de mais um monte de adjetivos fantásticos, elevaram o nível das nossas comunidades por aqui 🥰
Project & Community Manager | Growth Intelligence e Inovação Social | Gen Z, I.A., Tecnologia e Gestão de Projetos
4 aObrigada por compartilhar <3
Especialista em Gestão e Growth
4 aIncrível 👏🏻 É nítido que teus olhos brilham ao falar (escrever) sobre isso, com grande propriedade.
Consultora de Sucesso do Cliente na Nextar | Pós-Graduada em Liderança e Gestão de Pessoas
4 aMuito legal!!!
Especialista em Marketing com MBA em Ciência de Dados
4 aÓtimas dicas! Lindo acompanhar a sua trajetória <3 Obrigada por toda a inspiração!