O que eu – mãe – espero para 2020

O que eu – mãe – espero para 2020

Nesta última semana, li várias postagens de retrospectiva sobre este ano que está terminando e as esperanças para 2020. Seguindo esta onda, profissionalmente falando, o ano de 2019 para mim termina de uma forma inusitada: pela primeira vez em alguns anos, termino “desempregada”. Coloco desempregada entre aspas, pois a decisão de sair do emprego foi minha, por vários motivos, mas claro que dá aquele frio na barriga do ‘e agora’?. A maioria das pessoas está me incentivando a empreender, comentam que o retorno pode ser melhor, que terei mais tempo para ficar com meu filho, em casa.

E é com este final de parágrafo que chego na ideia que tinha para este texto. Ficar mais com meu filho em casa, porque eu sou mãe, na maioria do tempo solo. E esta parte da minha vida me faz refletir, quase todo o dia, como o mundo corporativo, às vésperas de 2020, não está preparado, ainda, para a mulher mãe. Porque a nossa sociedade - digo isso por pura vivência, embora tenha trocas diárias com colegas mães que corroboram comigo – ainda está vivendo no tempo em que a mulher mãe ficava dentro de casa cuidando das crias, esperando o marido com o jantar à mesa.

...como o mundo corporativo, às vésperas de 2020, não está preparado, ainda, para a mulher mãe.

Sei que muitas pessoas refutam essa fala, sei que muitas pessoas acham exagero. Mas a nossa ideia de produtividade corporativa é da pessoa que vive para o trabalho, que tem hora para chegar, mas não tem hora para sair. Que não reclama de ter que trabalhar no final de semana, e acha feio quando uma pessoa diz que está cansada, ou que precisa de férias. Este perfil, obviamente, não está em consonância com a maternidade.

A mulher mãe tem uma prioridade maior sim, seu(s) filho(s), mas isso não quer dizer que não vai ser competente no trabalho. O que gostaria que todos refletissem é: até que ponto a gente deixa nosso trabalho definir quem somos. Até que ponto prejudicamos nossa saúde, por noites de preocupação com a entrega. Uma pessoa saudável, que trabalhe com alegria, vai produzir mais, e não vai precisar trabalhar 10-12 horas por dia. Eu mesma, já trabalhei em uma empresa, de marketing, em que TODOS olhavam feio para quem saía no horário, era considerado falta de comprometimento. Mas se eu já cumpri todas as minhas tarefas do dia? Arrume mais, quanto mais tarde sair melhor.

Mas, voltando ao assunto da maternidade, o que eu espero para a próxima década, é que nós mães, sejamos consideradas comprometidas e competentes, como qualquer outra pessoa. E que não nós olhem com condescendência na entrevista, quando nos perguntam se temos filhos, e que não nos façam a tão famigerada pergunta: QUEM CUIDA DA CRIANÇA SE ELA FICAR DOENTE? Ora, quem cuida sou eu, a mãe, e posso te garantir que sabendo que meu filho esta bem, vou trabalhar tranquilamente, melhor do que ficar preocupada com ele, sendo cuidado por terceiros.

Eu espero que na próxima década as empresas entendam que as mulheres não são as únicas responsáveis pelas crianças. Que pai também leva à escola, ao médico, ao dentista, também participa da apresentação na escola, também precisa participar quando o filho nasce. 

Eu espero que as empresas entendam que ter filho é saudável, que famílias precisam ser constituídas, que as mulheres precisam ser acolhidas neste momento, e que esse ritmo insano e trabalho não é saudável, para ninguém – para quem não tem filho também, viu.

Vejam, não estou dizendo que é errado trabalhar duro e com afinco. Porque imagino que muitas pessoas vão ler este texto e dizer "não gosta de trabalhar". Minha expectativa é de, apenas, que as empresas trabalhem sua cultura para desenvolverem colaboradores mais satisfeitos.

A relação empresarial deve ser de ganha-ganha para todos, eu ganho um salário justo, ao mesmo tempo que devolvo um trabalho de qualidade. Não existe fórmula mágica, o que existe é comprometimento e garanto que a mulher, a mulher mãe, a que passa perrengue, a que não tem ajuda, a que tem, a que tem pai presente, a que não tem, todas elas, são capazes de desenvolver um trabalho de qualidade, basta que a oportunidade não seja negada.

Competência não deveria ser mensurada pela quantidade de horas trabalhadas, mas sim, pela qualidade da entrega!

Feliz 2020!

Realmente Hellen é uma realidade e tudo o que falou é verdade. Esperanças para os próximos anos, e até década, para que a consciência corporativa mude e reflita que qualidade no trabalho está diretamente relacionada a felicidade no emprego no ambiente e clima organizacional e isso se faz em conjunto, responsabilidade da empresa sendo cumprida e o retorno é a dedicação e esmero do empregado. Sendo mãe ou não sem julgamentos.

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