O QUE FAZEMOS COM PEDRAS NO CAMINHO?
Por: Danielle Buna

O QUE FAZEMOS COM PEDRAS NO CAMINHO?

Todo andarilho tem em si uma imagem do seu destino, mas até chegar lá ele percorre por várias caminhos que podem lhe levar a outros destinos ou quem sabe, fazer uma pausa, avaliar seus passos, rever suas condições e emoções.

Pelo caminho também encontramos outros andarilhos com seus outros destinos, ninguém sabe onde cada um chegará, pois tudo depende da atenção, interação e dedicação.

Um caminho não é feito apenas de caminho é feito principalmente das conexões com tudo que encontramos no caminho, se conectar é se comunicar, estar junto, interagir, deixar fluir com o próprio caminho, com as paisagens, com os cheiros, os sons, as pessoas, consigo.  

Durante uma caminhada que fiz há poucos dias me conectei com as pedras que estavam no caminho, elas eram de todos os tamanhos e tonalidades, me obrigavam a manter-me atenta a elas para encontrar o melhores espaços para meus passos. Em algumas, mesmo atenta, eu tropecei, em outras escorreguei, não foi uma caminhada fácil, comecei a sentir o quão desafiador é se manter “contínua e permanente”, comecei a sentir a respiração ofegante, dores nos pés, nas pernas, sede, vontade de parar e me questionar: afinal para que iria caminhar por três horas? Apenas para ver uma cachoeira e depois voltar? 

Esses pensamentos nos desviam do caminho se não tivermos dentro de nós o significado de nossas buscas quando nos propomos a sair de nós mesmos e chegar.

Foi então que comecei a brincar com as pedras, (talvez uma forma de me distrair, já que não conseguia desistir) pegava algumas o lançava no rio, jogava para o alto e deixava cair... Nessa interação eu segui o caminho “contínuo e permanente” o tempo passou rápido e quando me dei conta estava na entrada do caminho da Cachoeira com algumas pedras nas mãos. 

Talvez as “pedras que surgem no caminho” sejam instrumentos que Deus usa para nos preparar para as chegadas, pois sem elas não aprenderíamos a manter a atenção nos passos, na forma do caminhar e não teríamos a possibilidade de nos conectar com a experiência em “carregar as pedras” até que se tornem construções dentro de nós. 

Se conectar a vida é isso, estar atenta sem desprezar qualquer situação que nos colocamos para viver. É preciso chegar, viver e existir nos momentos compreendendo e aceitando o nosso próprio tempo “contínuo e permanente”

As seis pedras que carreguei nessa caminhada vieram comigo e se tornaram únicas e vivas na minha trilha da vida.

Danielle Buna

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