O QUE IMPORTA A ALÇA DA XÍCARA?
E cá estou eu, mais uma semana de trabalho, de reuniões e também aprendizado.
Conversei com tantas pessoas sobre tantos assuntos variados, que a sensação que sobra é invariavelmente a mesma, sensação de vida, de sangue pulsando nas veias, sabor de qualquer fruta doce, ate porque eu acho que a vida pode ser acida, doce, amarga e temporânea, como qualquer uma delas.
Acho que devo destacar um dos diálogos que mais me marcaram a semana, por dois motivos bem óbvios, um porque eternizo aquilo que era só palavras e outro porque escrever é terapêutico e libertador, ao menos para mim.
Era quase 18:00 de sexta-feira e São Paulo, obedecia a ordem frenética de ser a capital mais acelerada e cheia de transito do Brasil. E eu não estava dando a minima para esse fato, estava sentada numa livraria lendo três títulos diferentes e recém chegados, até que meu amigo com quem eu havia marcado um café, apareceu.
Ele chegou, cansado do transito e nitidamente com sono. Eu já havia tomado dois cafés, um energético e minha cabeça fervilhava com tudo de novo que eu havia lido, seria capaz de dançar MACARENA, em plena livraria de tanta euforia.
O clichê de sempre, nos abraçamos, afinal é assim que reconhecemos e fazemos amigos e fomos tomar o que seria meu terceiro café. Ele educado e de fala mansa, tomou com leite de amêndoas, somos servidos em xícaras sem alça, para espanto e inicio de um dialogo criativo e inspirador.
A necessidade impulsiona a imaginação? ou seu inverso?
Quem foi mesmo o cara ou a mina que imaginou e criou alças de xícaras?
Afinal por que todos os dias somos obrigados a criar ou recriar novos significados? por que hoje o valor de ter ou fazer algum significado na vida é tão exigido? Por que é mesmo que eu tenho que ser genial, linda, sexy e ainda conquistar dinheiro, fama e inventar alças para xicaras?
Nem preciso mencionar que quase sempre essas perguntas ficam e ficarão sem respostas exatas.
Humm (suspiro bovino)... eu daria tudo para responder com uma formula matemática, daquelas que eu aprendi com raiva, disciplina e muitas horas de aulas de reforço.
Mas a vida e o relógio me devoram quase sempre.
Já estava quase na hora de ir embora do café, porque sexta ainda significa "happy hour" especialmente depois das 19:00, aqui em São Paulo ou no Japão, todos precisam da tal hora feliz.
Então elaborar respostas para aspirações que não são minhas e sim da sociedade em que vivo me pareceu pouco animador. Eu queria era abrir um vinho, amortecer as ideias e deixar dormir minhas inquietações.
Pronto..... acho que parte da resposta é essa!!
A vida, o trabalho e até mesmo nosso corpo, tem por obrigação fazer algum sentido e ter algum misero significado.
Aprendi no final do papo com o tal amigo de fala baixa e calma que você é aquilo que você faz de você, com todo significado ou sem ele.
Você é a soma de "nãos" que suportou e as poucas chances de "sims" engolidos vorazmente com medo que terminasse.
E assim tenho tentando concluir que o rito segue o mito.
Você é exatamente aquilo que puder ser, com medo ou não de ser bizarro ou improprio.
E o que é mesmo que você significa?