O que a licença maternidade me ensinou?

48% das mulheres são demitidas após licença-maternidade, de acordo com revista.

No auge da minha segunda licença maternidade me deparei com o texto desse link e trago aqui minha reflexão sobre essa realidade.

Encarar uma segunda licença é como mudar de empresa para a função que você exercia na empresa anterior, porém para uma posição mais sênior e ganhando mais (amor e carinho são os benefícios mais notáveis da vida de mãe).

Quem já mudou de empresa nesses moldes sabe o que é entender exatamente do negócio, mas diante do novo emprego encarar mais cobrança, mais responsabilidade e um público que ainda não te conhece direito (no meu caso atual, meu bebê mais novo, praticamente um novo chefe).

Existe uma vantagem importante da rotina de trabalho em comparação com a rotina de casa, chama-se: agenda.

Em casa, você não consegue prever com precisão quando seu bebê vai chorar, quando vai ficar com febre, quando quer dormir. Mas e quando uma sucessão de eventos ocorrem ao mesmo tempo?

Estou eu amamentando minha bebê de 3 meses, com seus preciosos 7,5 kilos e quase adormecendo no peito, quando a companhia toca, o cachorro começa a latir de forma estridente. É a moça do hospital que veio retirar o leite materno que dôo toda semana. Preciso retirar do congelador e embalar para poder entregar para ela, isso segurando quase 2 sacos de arroz nos braços. Porém o cachorro não pára de latir e a bebê que estava quase dormindo começa a chorar (com razão, certo?). Nessa mesma hora, o mais velho que brincava tranquilamente na sala pede para ir ao banheiro, ele só tem 3 aninhos ainda não consegue fazer tudo sozinho, com o agravante que diz estar muito apertado.

Difícil? Se você é mãe e está lendo esse texto, tenho certeza que você, em jargão coorporativo, foi lendo e elaborando um mapa mental, organizando na sua cabeça exatamente o que faria primeiro e como resolveria essa questão, porque vc desenvolveu na licença algo que as organizações chamam de senso de urgência.

E o tal “fazer mais com menos”? Esse é muito bom! Economizar dinheiro é muito notório, mas quero falar sobre não ter nada na geladeira, mas você precisar cozinhar, pois seu filho mais velho não pode ir pra escola sem almoçar. De repente sai uma sopa deliciosa com o pouco que você encontrou na geladeira, seu filho come que lambe o prato e você ainda ganha um carinhoso abraço de agradecimento.

Hoje em dia nos cobram criatividade no mundo coorporativo. Isso é algo exercitado quase sempre durante uma licença com duas crianças em casa. Pode imaginar o quanto de histórias boas e brincadeiras precisamos criar para distrair uma criança de 3 anos que está sempre vendo sua mãe com um bebezinho no colo e precisa receber igualmente o mesmo carinho e atenção? Ahhh os homens são muito bons nisso também. Mas vejam bem...não é a história pela história. Você precisa superar as expectativas do seu filho porque dentro da história precisa conter a compensação por não ser ele quem está naquele colo que ele tanto ama. Superação!

Enfim, poderia aqui dar vários exemplos de liderança, espírito de equipe, organização, empoderamento e tudo mais que desenvolvemos de habilidades com a experiência da maternidade.

Se você é um gerente com uma funcionária de licença, pensa que ela vai voltar com todas essas habilidades desenvolvidas ou aperfeiçoadas e com uma motivação a mais: ela vai precisar otimizar o tempo no trabalho para que faça bem o seu dever e ainda consiga sair no horário, pois a rotina em casa estará esperando ela para mais um dia. Quando a mulher precisa sair mais cedo porque vai levar seu filho no médico ou precisa buscar ele na escola, não se engane! Ela não está deixando serviço pra trás. Lembra da história da moça do leite acima, deu tudo muito certo e todos saíram sem ferimentos daquela cena. Porque somos mães, mulheres com habilidades incríveis que emprestamos para as empresas essa visão multitarefa que a maternidade nos proporcionou.

Diana Pereira, Coordenadora de CRM e Mãe do Raul de 3 anos e Selena de 3 meses.

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