O que as lideranças femininas têm a nos ensinar?

Sempre digo que um bom líder é aquele capaz de inspirar sua equipe. Não basta ter uma cultura organizacional sólida, é preciso ter um gestor versátil e dinâmico à frente da empresa. Que saiba despertar o comprometimento de seus colaboradores, desenvolver suas habilidades e estimular o crescimento profissional e pessoal.

Durante todos estes anos atuando com desenvolvimento de lideranças, executivos e consultoria estratégica, tive o privilégio de conhecer muitas pessoas inspiradoras. E, neste Dia Internacional da Mulher, fiquei pensando especialmente no que as líderes que acompanhei tinham em comum. Antes de trazer reflexões importantes sobre algumas dessas lideranças femininas que acompanhei e continuo acompanhando, gostaria de apresentar alguns dados para entendermos o cenário delas nos cargos de liderança e o incentivo à diversidade nas organizações.

Uma pesquisa publicada na Harvard Business Review mostrou que as mulheres são melhores líderes durante a crise. Os diferenciais delas? Maior habilidade interpessoal quando o assunto é colaboração, trabalho em equipe e motivação. Mesmo assim, a falta de representatividade de mulheres em cargos de liderança ainda é uma realidade. O estudo Mulheres no conselho, realizado em 2021 pela global da Deloitte, que traz dados de 51 países (incluindo o Brasil), apontou que apenas 19,7% dos assentos em conselhos corporativos são ocupados por elas. Comparado ao último levantamento, realizado em 2018, houve um aumento de quase 3%. Mas, se continuar neste ritmo, a paridade só deverá ser alcançada em 2045. Não podemos esperar tanto. O relatório também observou que empresas com CEOs mulheres possuem conselhos mais equilibrados: são 33,5% versus 19,4% quando liderados por homens. Porém, globalmente, as mulheres ocupam apenas 5% das posições de CEO.

Um outro levantamento, realizado recentemente pela consultoria de recrutamento Robert Half e o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), trouxe dados interessantes sobre a percepção dos liderados em relação a gestores e gestoras. Para eles, não há diferença entre líderes homens ou mulheres. Ambos receberam as mesmas notas nos quesitos autenticidade, benevolência, competência, integridade e humildade: características tidas como necessárias para uma liderança eficiente.

Claro, sabemos de todas dificuldades ainda existentes no mercado de trabalho para as mulheres. Mas essas pesquisas mostram que os estereótipos de gênero estão mudando. Devagar ainda, mas estão. E cabe a cada gestor contribuir para a desconstrução desses paradigmas que dificultam a ascensão feminina nas empresas e organizações. Refletindo sobre isso, tive então o insight de retomar o contato com algumas dessas lideranças inspiradoras que conheci e estão no seu auge profissional. Nada melhor do elas mesmas falarem sobre suas experiências. Minha única pergunta foi: o que vocês sabem hoje que gostariam de ter aprendido no início da carreira? Os depoimentos foram profundos e instigantes e podem ser inspiradores para você também.

Juliana Pereira, executiva da Magalu, disse que as mulheres devem ser sua própria força. “Confie no seu infinito poder de transformar e energize-se do amor-próprio”.

Joseane Leone, executiva e consultora, acredita que é importante formar um network, ou seja, formar uma rede de contatos com mulheres de diferentes segmentos e regiões e promover encontros ocasionais (on-line ou presenciais) para debate e troca de ideias. “Você perceberá que situações desafiadoras para gestoras são mais comuns do que imagina e a troca de experiências te fortalecerá. Encontre um mentor ou mentora fora do círculo de sua empresa, a diversidade e isenção de interesses lhe trarão mais confiança para confidenciar suas dúvidas, aflições e impasses”. Ela ainda ressalta que é importante ter vários projetos e fontes de renda. “Sei que isto é difícil para quem já é profissional, mãe, mulher e filha, mas diversifique. Não coloque toda sua energia e capacidade em uma única empresa ou projeto. Você pode ter um projeto principal, mas participe de no mínimo mais duas iniciativas. Além de te fortalecer, pois as experiências trazem novas visões, não te afetará demasiadamente quando falhar, já que outras iniciativas estarão avançando. Poderá ter sucesso parcial ou total e também fracasso parcial ou total, nos dois casos será parâmetro de aprendizado”.

Andreia Caviguioli Voltolini, diretora executiva do Grupo Elian, reforçou que é importante manter o foco. “É preciso saber onde quer chegar. E vá fazendo o seu trabalho e seu caminho de desenvolvimento sem olhar para os lados! Pois nunca quem dá o seu melhor, se arrepende. Se seu objetivo e propósito são nobres, os resultados virão independentemente dos obstáculos”.

Simone Barreto, empresária, consultora, mentora e coach, conta que se soubesse aos 30 anos o quão competente e o quanto faz a diferença na vida das pessoas, teria aproveitado melhor sua vida e escutado mais os elogios.

“Hoje, eu sei, com certeza absoluta, que eu nasci para dar certo. Não foram as perdas que me fizeram forte, foram os ganhos. Por muito tempo eu me pautei nas perdas, no sofrimento; hoje me pauto nos ganhos, nas alegrias, nas conquistas. E consigo colocar isso à frente da dor e é maravilhoso viver com alegria! Esse é meu aprendizado aos 47 anos”. Ela ainda complementa: “a mulher que mais me ensinou durante a minha vida viveu 32 dias, mas por causa dela eu descobri que sou imparável”!

Essas recomendações que elas dariam a si mesmas cabem perfeitamente a todas que estão na trajetória de ascensão profissional e buscam referências de mulheres bem-sucedidas para seguir. Eu sigo acompanhando todas e elas me inspiram com muita frequência. Construímos uma relação mútua de orgulho e admiração por termos contribuído umas com as outras em nossos processos.

Hoje, no Dia Internacional da Mulher, celebro as mulheres ousadas, corajosas e destemidas que cruzaram o meu caminho, que usam sua sabedoria e força para abrir novas possibilidades e ainda servem de inspiração para outras mulheres ultrapassarem barreiras e alcançarem seus objetivos também. Celebro também a todas que estão nesse percurso de autoconhecimento e crescimento profissional na construção de suas jornadas, com suas dores e delícias.

Agora que você leu sobre algumas mulheres que me inspiram, conta pra mim nos comentários: quais lideranças femininas você admira e tem como referência?