O que os 3 livros de O Monge e o Executivo nos ensina?

O que os 3 livros de O Monge e o Executivo nos ensina?

Apresento aqui alguns conceitos que me chamaram bastante atenção e a reflexão que tive na leitura de três livros, sendo eles: “O Monge e o Executivo”; “Como se Tornar um Líder Servidor” e “De Volta ao Mosteiro”, todos do autor James C. Hunter.

No primeiro e mais famoso, O Monge e o Executivo”, Hunter nos mostra que “liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalhar entusiasticamente visando atingir os objetivos comum a todos” e que “liderança não tem relação com poder ou cargos e, sim, com autoridade”. E a autoridade é adquirida com o tempo, diferente de poder que pode ser cedido ou comprado. Isso quer dizer que qualquer pessoa pode ser um líder, seja no trabalho ou em um grupo de colegas, em casa, na igreja e, principalmente, de si mesmo. Outro ponto defendido pelo autor é que intenção sem ação é igual a nada. Isso me faz refletir: tantas vezes que queremos fazer alguma coisa para mudar uma situação e não nos mexemos, esperando que as coisas simplesmente aconteçam puramente por vontade que elas mudem, porém, nada muda.

Ele fala também sobre os velhos paradigmas de uma organização. E digo que é totalmente válido, pois, muitas vezes queremos agradar quem está no poder esquecendo muitas vezes do cliente ou quem está abaixo. Isso ocorre porque estamos olhando para cima, ou seja, para o velho paradigma que é a pirâmide hierárquica e quem tem o poder está no topo. Entretanto, o ideal é invertermos essa pirâmide para continuarmos a olhar para cima, mas agora sendo o cliente ou integrantes da equipe no topo, servindo-os.

Em um trecho do livro faz-se uma menção ao livro “Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” do Stephen R. Covey, que também recomendo a leitura, sobre o saldo da conta emocional das pessoa, em outras palavras, se você é desrespeitoso com o outro, você faz uma retirada na conta emocional dele e, se você é gentil e o trata com respeito, você faz depósitos e quantos mais depósitos, mais forte será o seu relacionamento com o outro. É a respeito disso que nossas ações sempre falarão mais alto e serão muito mais importantes do que palavras para a construção de um relacionamento com as pessoas.

Destaco ainda as quatro fases de aprendizado, sendo elas: “Inconsciente e sem habilidade:” você não faz ideia do que é. “Consciente e sem habilidade:” você sabe o que é, mas não sabe fazer muito bem. “Consciente e habilidoso:” você sabe o que é e agora está um pouco mais fácil fazer. E, por último, “Inconsciente e habilidoso:” quando você não precisa pensar para fazer, tornou-se natural, um hábito. As fases do aprendizado são importantes para compreendermos em qual estágio estamos. Quando queremos desenvolver um novo hábito, elas são muito úteis para nos guiar a seguir firme até o último estágio, o natural.

No segundo livro, “Como se Tornar um Líder Servidor”, Hunter vai mais a fundo nos conceitos abordados no primeiro livro e fala a respeito da natureza humana e dos valores morais, éticos e princípios.

Segundo ele, os valores morais variam de cultura para cultura e o que pode ser considerado certo aqui, pode ser considerado errado em outro lugar e ainda podem variar dentro da própria cultura. A ética, por sua vez, pode ser definida como um acordo dos padrões aceitos pela sociedade.

Ao contrário dos valores morais e éticos, os princípios são inalteráveis, mais profundos e dizem respeito, à honestidade, à coragem, à dedicação e ao respeito pela vida humana. Isso nos mostra que devemos nos guiar pelos nossos princípios e no que acreditamos que é verdade, sem nos deixar levar por interferências externas. Quando você precisa tomar uma importante decisão, a primeira pergunta a se fazer é: vai contra os meus princípios? Se sim, a decisão é não, caso contrário, a decisão é sim.

Ele também apresenta as diferenças entre personalidade e caráter A primeira se desenvolve e se consolida aos seis anos de idade e é como se fosse uma máscara. E, de acordo com a origem da palavra, personalidade em latim significa “persona” e era usada para designar máscaras de atores no teatro grego. A personalidade nos diz se a pessoa é extrovertida ou introvertida, sociável ou tímida. Todavia, o caráter se desenvolve ao longo da vida, é mais profundo, é o seu interior. Caráter é a soma de todos os nossos hábitos, virtudes e vícios. É conhecer o bem, é fazer o bem e amar o bem. E isso significa que a personalidade da pessoa não afeta o desempenho da liderança, sendo ela apenas um rótulo. Você pode ser um líder extrovertido ou introvertido, sociável ou tímido. Se olharmos na história dos grandes líderes, podemos ver que há líderes de diferentes personalidades. Agora, um líder sem caráter não se mantém por muito tempo porque o caráter é a essência da própria liderança.

Em O Monge e o Executivo, o autor fala que liderança é servir e mostra como isso pode ser possível através de conceitos que são a base para uma transformação. Um trecho que considerei extremamente relevante é sobre gentileza e responsabilidade. Neste trecho, ele nos diz que todos temos excelentes habilidades interpessoais e o problema de lidar com as pessoas é porque muitos só desenvolvem o hábito de respeitar alguém que possa trazer alguma vantagem, ou seja, por puro interesse e quem consideramos que não é importante, simplesmente ignoramos. Este argumento é profundamente impactante e nos faz refletir a respeito sobre quem somos e o que queremos.

Por fim, em “De Volta ao Mosteiro”, o autor começa falando do fracasso e de como lidar com essa situação de compreender os conceitos e não aplicá-los efetivamente. Nesse sentido, ele revisa os conceitos dos dois livros anteriores, porém, com uma perspectiva diferente, sempre se perguntando em como tornar os conceitos realidade.

Apresentar as expectativas é um dos pontos que despertou bastante atenção. Diz o seguinte: “Não se pode aplicar multas por excessos de velocidade quando não existem placas de velocidade claramente instaladas”. O que isso quer dizer é: como cobrar de alguém uma meta que o outro não entendeu o que era para ser feito e você não expos suas expectativas? Seja em um ambiente corporativo ou familiar, quando se começa um relacionamento, há duas perguntas a serem feitas: a

1)     O que você espera de mim?

2)     O que acontece se eu não fizer isso?

Essas perguntas fazem com que as expectativas estejam alinhadas e os parâmetros estabelecidos. Só podemos advertir alguém se isso estiver bem resolvido entre ambos.

Esclarecer as expectativas e estabelecer os fundamentos nos permite avaliar o desempenho e, caso isso esteja insatisfatório, devemos dar um feedback, informar o que está errado para eliminar esta defasagem. Feito isso, fazemos o treinamento para que aquele alcance a expectativa inicial. Isso é extremamente relevante quando se quer construir um grupo de alto desempenho.

A sobrevivência do grupo é um ponto forte abordado neste livro. Essa abordagem se intensifica pelos quatro estágios do desenvolvimento do grupo. O primeiro, “fingimento”, é a fase onde o grupo finge estar tudo bem quando na verdade não está. Quando alguém omite uma opinião pelo fato de não querer criar atrito, por meio de conversas superficiais. O segundo estágio, “fricção ou tensão” é a fase onde ocorre os desentendimentos, quando as pessoas não fingem mais e passam a ser um pouco mais verdadeiras em suas opiniões, porém, é um estágio delicado, pois, para tentar contornar essa situação, muitos retornam ao estágio anterior, o fingimento. “A formação” é o terceiro estágio e é nessa fase que as pessoas evoluem a outro nível e as conversas começam a ficar mais profundas e o grupo tornar-se mais real. É nesse estágio que as pessoas realmente se empenham para ajudar uns aos outros. Por fim, o “funcionamento” é a fase mais saudável de todas, onde há atritos, mas também ajuda entre os integrantes do grupo. É o momento quando o todo faz mais sentido do que o individual.

Criar vínculos com as pessoas é a melhor forma para desenvolver um grupo de alto desempenho. Sem eles, a convivência torna-se rasa e qualquer desafio abala essa estrutura fraca. À medida que a união do grupo se aprofunda, os vínculos começam a ser enraizados e as perguntas tornam-se mais profundas, gerando confiança, comprometimento e excelência. E, para isso acontecer, é preciso ser humilde, admitir os seus erros e compreender os dos outros.

Segundo as palavras de Hunter, “Não se desenvolve a humildade nem qualquer outra habilidade de liderança apenas lendo livros ou vendo slides... As habilidades da liderança se desenvolvem, de fato, na prática”. Como se diz por aí, não se aprende a nadar lendo um livro ou assistindo um vídeo. Sei que é difícil, porém, necessário. E, o que fica evidente após a leitura desses livros, é que não é necessário esperar um cargo de liderança para praticá-la. Podemos ser líderes em qualquer lugar, em casa, no trabalho, na escola ou na igreja, pois, exercermos diversos papéis em nossas vidas e a liderança deve estar presente. A liderança é influência que tem a ver com o seu caráter e a sua vontade, junto da ação de fazer a coisa certa. Uma vez que você estiver em paz consigo mesmo, você saberá que tomou a decisão certa e isso é o que realmente importa.

Por fim, se você estiver em dúvida se está sendo um bom líder, basta fazer a seguinte pergunta: “As pessoas são melhores ao partir do que quando entram na sua equipe ou grupo de convivência?” Se a resposta é sim, você está fazendo um bom trabalho.

Em resumo, penso ser extremamente relevante e esclarecedora a forma que o autor abordou todos esses conceitos. Existem muitos outros, porém, a minha ideia não é reescrever os livros e, sim, compartilhar o aprendizado que tive durante a leitura. A leitura completa vai aprofundar todos esses conceitos apresentados. Uma boa leitura a todos!



Nathália Caldas

Comunicação | Gestão | Marketing | Influenciadores | Estratégias B2B e B2C | Criação de Conteúdo

1 a

Ficou excelente, Luiz! Sou grande fã dos três e a leitura deles mudou a minha forma de pensar sobre os temas. Recomendo demais.

Rafael Araujo

Proprietário da empresa na RFS Comércio e Representações

4 a

Parabéns Luíz, ótima leitura!! Obrigado por compartilhar !!

Alex Lino Pereira

Logística - PCP - Supply Chain - Planejamento - S&OP

4 a

Parabéns Luiz Top..

Ricardo Castro Reis

Gestor Comercial & Financeiro

4 a

Muito boa síntese da sua absorção.. Fico muito feliz em ver o quanto a inteligência emocional permanece atual desde o lançamento do Goleman. Impossível liderar sem. Parabéns, Luiz. Sucesso

Regina Pinheiro

Coordenadora Comercial / Gestão Administrativa de Vendas

4 a

Parabéns Luiz pelas indicações e comentários.... também me enriqueci com essas leituras e é Maravilhoso recordar todo esse conhecimento. Sucesso....

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