O que Pablo Marçal pode ensinar pro branding da sua empresa.

O que Pablo Marçal pode ensinar pro branding da sua empresa.

Resposta curta: nada. 

Mas continue aqui para outras epifanias. 

Esses dias, olhando de bobeira o feed do Instagram, topei com um vídeo que apresentava meia dúzia de sandices que o dublê de coach, pastor e super homem Pablo Marçal dizia. A conclusão do autor da postagem, que é dono de uma empresa de marketing digital, é que "pode-se dizer que o Marçal seja tudo, menos burro".  E passava a explicar o modelo que, segundo ele, são cortes diários que geram buzz e mantém o engajamento do cara nas alturas. E que Pablo seria um verdadeiro mestre na técnica.

Mas será mesmo que toda marca pode usar a estratégia Marçal para alcançar muita gente? E se puder, será que deve? Na minha opinião, nem o próprio Pablo deveria. Mas vamos a alguns fatos. 

Pablo Marçal é um desses fenômenos que, confesso, me pegaram de surpresa. Até o dia em que o sujeito apareceu querendo se candidatar a Presidência da República, eu não fazia ideia de quem fosse. E nessa época ele já andava de Ferrari e jato particular pra todo lado.

De lá pra cá, ele tem aparecido cada vez mais nas timelines. Quase sempre em cortes bizarros, onde ele se gaba de quase tudo que um ser humano possa realizar. Escala montanhas na unha, segura o fôlego por milênios, ganha corridas de velocistas, conserta helicópteros em pleno vôo, sempre em feitos que deixariam Hércules corado, mas que jamais são registrados por nada mais forte do que seu próprio gogó. 

E tem quem pague muito dinheiro para ver suas palestras. 

Para alguns, Marçal está usando o método Roger Stone de onipresença na mídia. O lendário marqueteiro político, procurado desde a era Nixon, sustenta que é melhor ser infame do que esquecido. 

Isso pode até ser verdade, mas existem limites. Nosso Super Coach parece ter perdido a mão. Talvez eu seja um gestor de marcas antiquado, mas quando sua imagem vira piada, o esforço que se precisa para reconquistar uma credibilidade perdida é muitas vezes maior do que merecê-la da primeira vez.

Isso, claro, quando falamos do universo de marcas, de produtos, serviços e pessoas, digamos… usuais. Pablo Marçal pode ser localizado em outro ponto do marketing, do qual eu entendo muito pouco, que é o de seitas. Quando vejo trechos de suas palestras, é inevitável a comparação com cultos neopentecostais e shows sertanejos. Ele fala de si próprio e seus feitos quase do início ao fim. Faz questão de se posicionar como um ser humano acima e além de todo o resto. Trata mal seus seguidores. E ainda cobra por isso.

Se a Coca-Cola, por alguma ventura do destino, resolvesse lançar um refrigerante, e em rede nacional afirmasse que a bebida cura o câncer, tenho certeza que geraria buzz. E venderia muito. Mas por pouco tempo. 

No capítulo seguinte da história, a marca seria processada por propaganda enganosa, seria enquadrada por órgãos de defesa do consumidor, iria arcar com indenizações daqueles que se sentiram enganados, e gastaria o triplo para provar ao restante que seus produtos ainda seriam confiáveis.

O mistério da situação é descobrir porque isso não ocorre com Pablo Marçal. 

Costumo dizer que sua marca é seu maior patrimônio (inclusive sua marca pessoal). Ao escolher estratégias para divulgar, para gerar interesse e aumentar awareness, é bom saber que existem linhas que não devem jamais serem cruzadas.

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