O que podemos aprender com o BBB 2024, ou seria com o que vemos e vivemos em nosso dia a dia? E como modificar essa realidade?
O BBB mal começou e já temos tanto a falar...
Você pode não assistir ou mesmo gostar e achar que tudo é “forçado e dirigido” lá dentro... será? Seria possível ser quem não se é 24 horas por dia, performando um personagem que não nos cabe? Ou será que somos todas personagens, performando quem aprendemos a ser? Bom, se aprendemos, podemos desaprender e reaprender... e é isso que eu gostaria de dividir aqui com vocês.
São apenas alguns dias e já vimos tantas coisas questionáveis... Inicialmente falta de acessibilidade, falas capacitistas até palavras e expressões homofóbicas... mas eu queria focar nas falas misóginas, machistas, etaristas e gordofóbicas que acabaram resultando na eliminação de um participante ontem por pura CONIVENCIA E OMISSÃO! Sim, ele saiu por não se posicionar e isso é muito importante de refletirmos: quantos de nós ouvimos, presenciamos e acabamos por compactuar pela omissão com questões que reconhecemos, ou pelo menos temos uma impressão, uma intuição, que estão equivocadas, por que ferem nossos valores e crenças e podem ferir, magoar, discriminar e até vitimar pessoas? E por que será que isso acontece?
Muitas vezes as pessoas que falam e ouvem certas falas e comentários nem se dão conta do equívoco contido nelas, porque as coisas sim estão mudando – coisas que eram permitidas, aceitas, hoje já não são mais, porque a sociedade evolui e aprende com seus erros – reconhece que certas práticas e falas são violentas e que se era possível em dado momento histórico, hoje não é mais possível! Não é porque nascemos pessoas negras e que sofremos racismo, que reconhecemos o racismo que pode existir em nossas próprias falas e ações – nós vamos aprendendo sobre isso, se desejarmos, e vamos reconhecendo as demonstrações do racismo estrutural que está na base de nossa sociedade... isso se dá também com o machismo e outros comportamentos opressores.
Mas, em alguns momentos e para algumas pessoas, esse entendimento já está presente e elas percebem que há algo errado em algumas falas... Mas reconhecer não basta, né? Precisamos nos posicionar e dizer que não concordamos e porque, e muitas vezes, alertar as pessoas que estão sendo vítimas do que está acontecendo “pelas suas costas”. E como fazer isso, sentir-se fortalecido para combater práticas tão enraizadas em nossa sociedade? Nossas instituições e organizações tem um papel crucial na criação de ambiente inclusivos, livre de preconceitos, discriminações, assédio e violências.
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Trarei aqui algumas dicas do que esses espaços, que são microcosmos e réplicas da nossa sociedade, podem fazer e se tornarem agente de transformação cultural por meio da educação:
Invista na conscientização, sensibilização e letramento – Nós não nascemos sabendo, nós aprendemos... Leve temas relativos a comportamentos opressores, assédio, discriminação e violência para seus ambientes. As pessoas precisam saber nomear ‘suas dores” e entender quando estão performando ou sofrendo comportamentos agressivos e até violentos.
Prepare lideranças e outras pessoas e estruturas para combater preconceitos, discriminação e assédio – Pessoas responsáveis pela gestão da empresa, como também por área como Recursos Humanos, Jurídico e Compliance, bem como as pessoas membras da CIPA, precisam estar preparadas para atuarem no acolhimento das pessoas vitimadas, das denúncias, no combate a essas práticas e até mesmo da punição das mesmas.
Fomente ambientes de livre comunicação e implante canais de denúncia, processos de investigação e matriz de consequências – As pessoas precisam reconhecer que a não discriminação e o não assédio são valores para a organização. A cultura e o ambiente devem fomentar e reconhecer aquelas pessoas que trazem as suas perspectivas, sugestões, críticas e até denúncias. Canais anônimos e seguros devem estas disponíveis e bem comunicados a todas as pessoas. Mas não apenas canas devem existir – deve haver processos de apuração definidos, comunicados de forma transparente, bem como uma matriz de consequência estabelecida para que as pessoas entendam e reconheçam punições a partir da comprovação de práticas de preconceito, discriminação, assédio e violência.