O que o presente nos conta sobre o futuro das finanças.
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Neste artigo você encontrará:
Falar sobre o "futuro das coisas" é sempre delicado. Sem o devido cuidado, é muito fácil parecer charlatanismo. Mas não olhar para o futuro apresenta um risco ainda maior.
Não dá para saber como serão as coisas daqui para frente, dá para ter uma ideia, uma noção do que está por vir. Porque não se trata de fazer previsões, mas de prestar bastante atenção ao presente e ver para onde ele está nos levando.
Essa é a função do trabalho de "inteligência cultural".
Inteligência cultural significa olhar para a cultura ao redor do mundo para identificar quais e mudanças estão se instalando no dia-a-dia do consumidor. É na cultura que encontramos as pistas de como as marcas devem se posicionar para melhor sua relação com seus clientes.
"As empresas que desempenham um papel na definição do futuro serão aquelas que garantirão seu lugar nele."
Team Backslash
Há anos que nós fazemos o monitoramento de mudanças culturais em todo o globo (nós = Grupo TBWA). E se tem uma coisa que notamos nos últimos tempos foi o aumento do ritmo e da proporção das mudanças culturais.
Estamos vendo mudanças com potencial e escala suficientes para reescrever a dinâmica de determinados mercados -- em especial para o mercado de finanças. Em partes, é por isso que estamos chamando 2021 de "o ano zero" das finanças.
Para ajudar a entender todas essas mudanças, e a forma como elas afetam as dinâmicas de certos mercados, a Backslash (que é a iniciativa de inteligencia cultural do Grupo TBWA) começou uma linha editorial chamada ‘Future Of’. E nós, da iD\TBWA, estamos traduzindo e trazendo para o Brasil.
Cada um desses estudos se propõe a agrupar as principais mudanças que afetam cada mercado. São estudos que analisam "triggers" e "edges", e depois apontam quais oportunidades estão surgindo da combinação desses dois elementos.
*Disclaimer
No estudo 'Future Of Finance', que é o primeiro relatório dessa série de estudos, conseguimos identificar quatro grandes oportunidades disruptivas para marcas financeiras. A intenção aqui é fazer um sumário delas e lhe dar uma perspectiva do que está vindo por aí.
Boa leitura e bons negócios.
Quatro grandes oportunidades disruptivas para marcas financeiras
O que são essas oportunidades disruptivas?
São oportunidades que as marcas tem para embarcar em movimentos culturais que ainda estão em fase inicial, mas com potencial para escalarem muito rapidamente.
E porque chamamos de disruptivas?
Porque essas mudanças e tendências vão contra o status quo de seus mercados. Tratam-se de movimentos de ruptura dos consumidores com as convenções anteriores para adotar novos modos de consumir e se expressar.
Essas quatro oportunidades disruptivas surgem do conjunto de certos edges com determinados triggers. Para facilitar a identificação delas, demos nomes específicos para cada uma:
Vamos a elas.
Vida fora da caixa
O aumento dos custos e um afastamento da tradição estão derrubando os antigos marcos financeiros. Ao mesmo tempo, o número crescente de despesas — esperadas e inesperadas — está obrigando as pessoas a terem mais cuidado com seu dinheiro. Somando esses dois movimentos, temos pessoas (especialmente a geração Z) fazendo uma repriorização de seus gastos. Por exemplo, nos Estados Unidos, jovens da geração Z começam a repensar se assumir uma dívida com uma universidade é a coisa mais sensata a se fazer.
Em resumo, novos parâmetros para a vida e o consumo estão sendo desenhados. Cabe às marcas entenderem como se reposicionar para se adequarem a esses parâmetros novos.
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Identificamos três principais pontos de entrada
1. Finanças femininas
“Diga adeus à gestão do dinheiro por e para homens.”
Na próxima década, veremos uma enorme transferência de riqueza à medida que mais mulheres se tornam as principais provedoras do lar e os baby boomers faleceram, deixando ativos para suas esposas (que vivem de seis a oito anos a mais, em média).12 Segundo a McKinsey,13 a mudança deve colocar as mulheres estadunidenses no comando de cerca de US$ 30 trilhões em ativos até 2030, um aumento de cerca de US$ 20 trilhões em relação a 2016
2. Economias de sobrevivência
“As redes de segurança estão tendo seu momento de fama”
Uma mentalidade de sobrevivência está se estabelecendo em todo o mundo.
A instabilidade econômica, as mudanças climáticas e uma crise de saúde global estão alimentando a multimilionária indústria de preparação para desastres – gerando uma demanda recorde por kits de emergência estilosos e cursos de bushcraft.
Com o mundo se preparando para o pior, empresas e pessoas aplicarão essa mesma abordagem preparatória às suas finanças.
3. Planejamento de morte
“A morte é certa, dinheiro para cobrir os custos da morte, não.”
O movimento da morte positiva está trazendo uma nova vida à antiquada indústria do fim da vida.
Estamos repensando os enterros tradicionais em favor de opções mais sustentáveis, investindo no apoio das doulas da morte e falando abertamente sobre a mortalidade.
O Wall Street Journal 20 observa que “um dos termos da moda no mercado japonês é o shuukatsu ou ‘fim da vida’, referindo-se à explosão de produtos e serviços voltados para pessoas que estão se preparando para seus anos finais”. Mas, à medida que a sociedade quebra as barreiras em torno da morte, ainda falta uma peça fundamental do quebra-cabeça: as finanças.
Quebrando o Tabu do Dinheiro
Há décadas que o dinheiro está no topo da lista do que não se deve discutir — ao lado de religião, sexo e política. Mas mais e mais o bem-estar tem sido colocado em primeiro lugar, e esse movimento está fazendo as pessoas quebrarem o silêncio que claramente não estava fazendo bem. Na verdade, está nos deixando doentes.
Em resumo, a sociedade se cansou de sofrer em silêncio. É por isso que a transparência e a franqueza definirão uma nova era de finanças. No futuro, soluções de entretenimento financeiro, terapia financeira e bem-estar nos ajudarão a construir uma relação mais saudável com o dinheiro.
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1. Entretenimento financeiro
“Especialistas em finanças, queremos ouvir mais vocês!”
Ter plataformas que expandem o acesso ao know-how financeiro é uma ótima notícia. Tik-tokers e youtubers ensinando finanças em linguagem simples fez com que mais pessoas ficassem ligadas à gestão do dinheiro. Mas nem todo conselho online vale a pena ser seguido. Com a consultoria financeira entrando nas novas plataformas, as marcas financeiras podem nos ajudar a distinguir o que é confiável do que é questionável.
2. Pausa para a terapia
“Do aconselhamento financeiro à terapia financeira”
Agora que o dinheiro está se tornando digital, os bancos têm um dilema: o que fazer com as agências de rua? Eles investiram uma grande quantidade de recursos em seus locais físicos apenas para ver uma queda constante no fluxo físico de clientes.
De acordo com a Gallup, os millennials são menos propensos do que os clientes bancários mais velhos a ir a uma agência ou utilizar um serviço humano de atendimento ao cliente para obter ajuda com suas necessidades bancárias.
Uma possível solução seria converter as agências bancárias para prestar serviços que precisam ser presencialmente, como por exemplo "terapia financeira", aconselhamento e outros tipos de suporte para consumidores mais velhos.
3. Vida bem vivida
“O crescimento do foco no bem-estar financeiro está criando uma competição acirrada.”
Com cada vez mais players passando a ver o estresse financeiro como um problema de saúde em vez de financeiro, veremos o surgimento de programas de bem-estar financeiro lado a lado com os pilares estabelecidos do bem-estar, como nutrição, sono e exercícios. E isso significa que os players financeiros não competirão mais apenas uns com os outros, mas também com empresas de saúde, marcas de estilo de vida, aplicativos de meditação e muitos outros.
Riqueza, redefinida
Ideias ultrapassadas de "fique rico rapidamente" não parecem harmonizar com um mundo onde os recursos naturais estão cada vez mais escassos, e em que a desigualdade está aumentando. Estamos vendo um movimento global de aproximação do dinheiro com valores pessoais. À medida que o dinheiro e os valores se tornam cada vez mais interligados, veremos uma ascensão das finanças islâmicas, do ROI ético e das doações integradas.
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1. Finanças islâmicas
“Consumidores religiosos e eticamente conscientes estão migrando para as finanças islâmicas”
De acordo com o Pew Research Center, o número de muçulmanos em todo o mundo está crescendo duas vezes mais rápido que o resto da população. Até 2060, pode haver três bilhões de muçulmanos na Terra – um aumento de 70% em relação a 2015. Nesse processo, veremos uma demanda sem precedentes por serviços e produtos financeiros alinhados aos valores islâmicos.
2. ROI ético
“Boas vindas à era dos gastos do bem.”
Dizem que dinheiro é poder. E com o poder, vem uma grande responsabilidade. A pandemia levou as pessoas a levarem mais a sério suas responsabilidades com nosso planeta e umas com as outras – levando a um grande aumento nos investimentos éticos.
3. Doações integradas
“Uma nova geração está comprometida com o financiamento de um futuro melhor.”
Uma nova geração está comprometida com o financiamento de um futuro melhor. Um inimigo comum, a COVID-19, está nos fazendo perceber que estamos todos juntos nessa. Com a crise exacerbando as desigualdades existentes e expondo outras totalmente novas, um grupo crescente de pessoas busca retribuir para a sociedade. Títulos de artigos como “Os jovens ricos que querem destruir o capitalismo” e “Os millennials que querem se livrar de seus privilégios de classe” falam sobre este novo mundo no qual as pessoas estão assumindo a responsabilidade pela redistribuição da riqueza.
Voltando à realidade
De moedas digitais a ativos virtuais, as finanças estão se tornando cada vez mais intangíveis Mas, à medida que o dinheiro se torna virtual, nossa relação com ele está se tornando cada vez menos enraizada na realidade. Com os desenvolvimentos digitais criando novas complexidades, recorremos às marcas para manter nossos pés no chão.
Esses constantes desenvolvimentos digitais estão complicando o mundo das finanças. Marcas com foco no futuro podem solucionar os problemas de amanhã com verificações da realidade, cofres virtuais e consultores figitais.
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1. Verificações da realidade
“À medida que as finanças se tornam virtuais, mantê-las reais será fundamental.”
No fim das contas, as inovações financeiras sem atrito estão contribuindo para hábitos financeiros ruins. Um estudo no International Journal of Economic Sciences descobriu que o uso de cartões de crédito e débito sem contato que não exigem assinatura ou PIN levam a um aumento de 8% nos gastos com cartão de crédito e 10% com débito. Da mesma forma, as carteiras eletrônicas estão eliminando o importantíssimo momento de hesitação que sentimos quando damos adeus ao nosso dinheiro físico.
2. Cofres virtuais
“Quem se tornará o guardião de confiança de nossos ativos virtuais?”
À medida que os consumidores acumulam mais ativos virtuais e lucram cada vez mais com a economia virtual, eles precisarão de empresas de serviços financeiros para ajudar a reduzir o risco de participar dessas plataformas. Pense em cofres virtuais que mantêm protegidos nossos mais valiosos bens e moedas digitais, seguros de ativos virtuais ou o uso de itens virtuais como caução.
3. Consultores figitais
“A colisão das finanças digitais e físicas exige serviços completos.”
Hoje em dia, não é incomum que uma pessoa tenha um aplicativo de banco principal, um de orçamento, um de pagamento peer-to-peer, um de investimentos e um de negociação de bitcoins. O número de contas, formas de pagamento e moedas só aumenta, tornando a gestão financeira cada vez mais complexa. E à medida que lidar com finanças se torna cada vez mais complicado, buscaremos empresas que nos ajudem a simplificar e consolidar nossa atividade financeira.
O que você pode fazer depois dessa leitura.
Existe uma insurgência por parte dos consumidores que está derrubando velhas crenças e tabus relacionados ao dinheiro. Certamente esse movimento impactou também o seu consumidor. Quanto mais rápido você identifica que impacto foi esse, quais as consequências e de que forma essa mudança se expressa no dia-a-dia do seu consumidor, melhor será sua capacidade de se posicionar para estar perto dele.
Nossa sugestão é olhar quais triggers e edges estão afetando seu consumidor, quais demandas disruptivas geram mais valor a ele, e traçar um plano de inovação para se integrar a essa jornada de mudança.
Você pode ler o relatório na íntegra para ter acesso a todos os detalhes e insights. Estamos disponibilizando ele somente para quem pedir.
Se tiver interesse, entra aqui nesse outro post e deixa seu comentário lá que a gente te manda no inbox:
E se depois de ler o relatório você quiser aprofundar os insights, me dá um alô também no inbox que podemos falar sobre inovação e disrupção. Conta comigo para isso.
Box 1824, achamos que talvez vocês possam complementar esse conteúdo com a visão de vocês. =) Ficaremos felizes com comentários e feedbacks.