O que rolou no Setor de Energia em Agosto 2018
Se você esteve ocupado em agosto e não deu conta de seguir a montoeira de notícias do setor elétrico, essa é sua chance de se atualizar com tudo que aconteceu no mês.
Privatizando
Nos últimos meses temos lido uma enxurrada de notícias sobre as privatizações da Eletrobrás. Depois de um início até que tímido onde a Equatorial Energia levou a Cepisa para casa como única interessada, esse mês foi a vez da Eletroacre (Acre), da Ceron (Rondônia) e da Boa Vista Energia (Roraima) e de novo, em propostas sem disputa. O leilão foi desenhado para que o vencedor fosse a empresa que oferecesse o maior deságio (redução da tarifa). No caso de Roraima, um consórcio entre Oliveira Energia e a ATEM arrematou sem nem se dar ao trabalho de prometer uma redução, levou a distribuidora oferecendo 0% de deságio mesmo. Já a Eletroacre e a Ceron foram arrematadas pela Energisa - que já devia ter um bom dinheirinho separado de quando participou da corrida pela Eletropaulo e pulou fora no meio do caminho - . As 3 distribuidoras privatizadas irão receber um cheque total imediato de R$ 668 milhões para auxiliar nas finanças e eficientização.
Havia bastante dúvida sobre o interesse em Roraima por causa de sua característica única. A malha de Roraima hoje é independente do SIN (se você não sabe o que é o SIN, veja aqui), e opera baseada em termelétricas e importação de energia da Venezuela pelo famoso Linhão de Guri. Só esse ano já foram registrados 36 blecautes. O que mais chama atenção é que o consórcio que ganhou o controle da empresa não é formado por um grupo com experiência em distribuição, o que pode dar xabu. A ANEEL já indicou que vai ficar de olho e acompanhar cada quesito da transição.
O leilão da Amazonas Energia deveria ter acontecido no mesmo dia, mas foi remarcado para 26 de setembro. O Senado tem tentado aprovar um projeto de lei que resolve algumas pendências financeiras destas empresas e isso impacta bastante na atratividade de investimento nas distribuidoras, sendo que a Amazonas é uma das mais afetadas. A CEAL provavelmente vai ser a última a deixar a casa e apagar a luz, mas sem data definida já que a justiça paralisou a privatização.
Para completar as coisas acontecendo em Roraima esse mês, a Coperlec, empresa que fornece energia direto da Venezuela avisou que tá na hora de pagar os R$ 20 milhões que estamos devendo, senão é lights out pra geral no estado e o governo de lá está obviamente preocupado. Pessoal acredita que mesmo sem a energia importada, é possível suportar o estado por 15 dias à base de combustíveis.
Sobe?
Aquela seção que todo mundo espera ler e não encontrar a sua própria região ou distribuidora, porque senão o bolso já começa a chorar. Cogitamos ter essa parte da newsletter como fixa, porque todo mês tem aumento de tarifa em algum lugar do país rolando, e pior, ultimamente não estão sendo nem um pouco pequenos. Esse mês foram mais 6 estados à receber o aumento.
O destaque foi o pessoal que é atendido pela Forcel (Paraná) que vai chorar com um aumento médio de 29.86%, sendo que para a alta tensão, o aumento foi de apenas 43.78%. Empresário senta e chora. A Elektro, a Cemar,a Cooperaliança, Celesc, Elfsm, IEnergia, Eflul, Celpa, EFLJC também apareceram nas notas técnicas da agência reguladora e tiveram seus aumentos.
Existem diversos motivos para que ocorram esses aumentos de tarifa em cada região ou distribuidora. Algumas por risco hidrológico, outras por estarem dependentes de Itaipú - e portanto da variação do dólar - e por aí vai, fato é que uma hora a conta tem que fechar e cair no colo dos consumidores.
Penduricalhos e saco sem fundo
Para quem acompanha bastante as notícias do setor, pode-se dizer que não é tão comum ver o nome do Moreira Franco, nosso ministro de Minas e Energia na mídia. Esse mês até que ele apareceu bastante, falou de tudo que é notícia que escrevemos aqui e mais um pouco. Mas algo interessante e que está demorando para acontecer por aqui, foi a sua proposta de estudo para verificar a possibilidade de ampliar os tipos de usuários no mercado livre, inclusive para consumidores residenciais. A solução já é conhecida, e tá mais do que na hora disso acontecer por aqui. Esperamos ansiosamente para poder escolher quem será nosso provedor de energia.
Não só o ministro, mas o agora ex comandante da ANEEL, Romeu Rufino que passou a cadeira para André Pepitone ainda esse mês aproveitou para abrir suas críticas com o modelo do país. Falou que temos que revisar as regras sobre encargos setoriais, subsídios do setor, risco hidrológico e reduzir tributos na distribuição. A discussão desse tema se intensifica porque como já vimos, as tarifas já aumentaram 4 vezes acima da inflação só neste ano.
Acho o termo que utilizam para o monte de coisas que pagamos na conta de luz muito bom: penduricalhos da conta de energia. Deixo a citação do próprio Rufino: "A tarifa não é um saco sem fundo onde se pode enfiar tudo...
Renováveis bombando
Dia 16 foi divulgado o Boletim de Monitoramento do Sistema Elétrico de junho. Os dados apontaram que 87,8% da produção de energia total verificada no país vieram de fontes de geração de energia elétrica renováveis. Como esperado, a hidráulica ficou lá no topo, com 63,7% do total, em segundo a biomassa com 9,1% e logo coladinha nela, tivemos a eólica com 8,1%. Os cataventos cresceram 20,7% no período de um ano e já se espera que ainda em 2019/2020, sejam a segunda maior fonte de geração de energia elétrica do país. Dá-lhe vento! A solar ainda é coisa pouca e representou só 1% do total, porém foram 577% de crescimento no período de um ano.
O crescimento da solar tem colocado muita gente no jogo. É o caso do Santander com nova linha de crédito para equipamentos de solar e do BNDES e do BNB, ambos para ampliar os financiamentos de projetos de microgeração. No caso do BNB, o banco vai passar a oferecer créditos também para pessoas físicas.
CUBi
Pra quem não sabe a CUBi foi contemplada no passado com o Edital de Inovação para a Indústria do SENAI, e toda a verba alavancada é utilizada para o desenvolvimento de tecnologia. Depois de uma boa jornada juntos, nós finalizamos uma versão de nosso novo software junto da Escola SENAI de informática e a equipe do SENAI fez um vídeo do fechamento, ficou bem legal. Você confere aqui: SENAI
Em conteúdo esse mês:
- Lançamos a segunda parte do artigo sobre eficiência em ar condicionado: AQUI.
- E fizemos um post que muitos haviam nos pedido sobre o mercado de monitoramento de energia, esse você confere AQUI.
Curtinhas:
Fotossíntese artificial. Quando tempo ainda falta para conseguirmos imitar a fotossíntese de maneira economicamente viável? SUPER
Bandeira. Segue bandeirão vermelho 2 e sem previsão de mudança por conta do clima: MaisPB e Portugal Digital
Consumo sobe. O consumo de energia finalmente sofreu alguma alteração e houve aumento em agosto. Estadao
Energia importada. Já que as térmicas custam caro, Ministério permite importação de energia da Argentina e do Uruguai em caso de preços mais baixos. G1
Petroleiras e energia eólica. Falamos disso mês passado e segue o bonde. Brasil247
Como o mês foi looongo, a newsletter também ficou grande. Alguns assuntos acabaram ficando de fora. Um que vale destacar é o do leilão de energia que foi marcado, desmarcado, remarcado e aconteceu. Os resultados você encontra aqui.
Como sempre, é um prazer continuar recebendo feedback de vocês que acompanham nosso material. Agradecemos muito as mensagens, críticas e elogios que temos recebido.
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Equipe CUBi
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6 aMuito bacana, Rafael!