O que é sucesso pra você?

Dia desses, conversando com um ex-colega dos tempos de uma grande multinacional, ouvi uma frase mais ou menos assim:

“Nossa! Você toma umas decisões de carreira que eu não entendo! Parece sempre meio na contra-mão do sucesso.”

Eu reagi com algumas boas risadas e respondi com a tranquilidade conquistada depois de bater muuuito a cabeça: “você está errado, meu caro!”. 😊

Decidi que não valia a pena investir energia pra explicar meu mindset ao ex-colega, afinal ele vem construindo uma brilhante carreira de sucesso, exatamente dentro do padrão que aprendemos ser o único realmente considerado bem-sucedido. E ele me parece bem feliz nessa construção.

Enfim! Depois dessa conversa, fiquei pensando em como é cruel o padrão de sucesso profissional que nos é insistentemente ensinado.

Eu sou mulher, né mores?! De padrões massacrantes eu entendo. Convivo desde sempre com aquela pressão em estar bonita, arrumada, magra, cuidar da pele, do cabelo, depilação, pés, mãos, roupas, sapatos, bolsas. Me “comportar bem”, “dar ao respeito”, não rir demais, aguentar as “piadas” sem reagir, casar, desejar ter filhos, ser uma mãe exemplar, inclusive mãe do marido se preciso. Afinal mulheres são “doces guerreiras”.

Enfim! Desculpa pelas tantas aspas indicando ironia… é que machismo me tira do prumo. Voltemos ao padrão do sucesso profissional. Massacrante. Com tanta insistência nos ensinam que o único caminho existente para se ter sucesso e satisfação profissionais é dentro de grandes e estreladas empresas, as marcas famosas, necessariamente em cargos de gestão cada vez mais altos, o status.

E aí é que a magia triste acontece. Tantos e tantos não conseguem entrar nas grandes e estreladas empresas, ou não conseguem alcançar altos cargos dentro delas, por inúmeros motivos. Outros tantos conseguem, mas – lá no fundo – não desejam seguir esse caminho. Mas tentam, insistem, batem cabeça.

Nos dois casos, o resultado é frustração, ansiedade, sensação de não pertencimento. Adoecemos, muitas vezes.

E ao invés de irmos em busca de um perfil de empresa ou modelo de trabalho que nos preencherá muito melhor e nos permitirá dar o nosso máximo potencial, paralisamos. Ficamos no redemoinho da frustração, tentando dar o máximo, mas oferecendo muito menos do que somos capazes, muito menos do que quando estamos verdadeiramente felizes.

Eu consegui sair do redemoinho há exatos 6 anos. Consegui organizar ideias, sentimentos e sonhos, entender o que me movia de fato, quais eram minhas prioridades e o que me fazia feliz profissionalmente. E, principalmente, consegui entender que a opinião e as expectativas dos outros sobre minha carreira e minhas escolhas profissionais é problema dos outros e não meu. 😉

Na época, decidi interromper uma carreira promissora em cargos de liderança em uma grande multinacional. Fui bombardeada por questionamentos. Segui firme na ideia de construir a carreira em empresas que fizessem mais sentido pra mim.

Dali em diante, tomei decisões profissionais que fogem de alguns padrões, mas que permitiram meu crescimento, evolução, paz, autonomia, boas relações; o desenvolvimento de outras pessoas, realização de sonhos e projetos pessoais; surgimento de novos sonhos. Construí carreira em empresas em que pude ser e oferecer meu máximo, dentro e fora delas.

Vi o mesmo movimento acontecer com alguns amigos que romperam padrões em busca de realização profissional. E isso me inspirou muito durante a jornada.

E, veja, não estou aqui sendo romântica e falando sobre “largar tudo em busca de um sonho”. Durante todo o texto, falei sobre trabalho interno e externo: auto-conhecimento e busca pelo sucesso que faz você feliz, e não aos outros.

É libertador, isso eu posso garantir! 😊