O que uma jornalista pode aprender em um curso de imersão em pensamento estratégico?
Venho questionando minha atuação profissional como “jornalista” há algum tempo. Quem é da área entende mais facilmente que não é tudo tão “preto no branco” assim. Por isso, hoje eu me considero uma comunicóloga. Nesse sentido, encontrar o que realmente gosto de fazer e o que quero fazer dentro desse universo de possibilidades tem sido desafiador.
Redação não é bem minha praia. TV é muito bom, mas o formato “padrão jornalístico” não foi também onde me encontrei. Talvez produção de programas? Gosto. Documentários? Também. O que sei é que minhas paixões circulam mais por gestão, produção de conteúdo, redes sociais, áudio visual, design e podcasts. Inovação faz meus olhos brilharem. Contar histórias fugindo de formatos tradicionais, talvez seja por aí. A era digital causa medo e receio em algumas pessoas, em mim causa empolgação.
Eu amo ser jornalista. Não quero mudar de área. Mas sinto que preciso abraçar cada vez mais a ideia de que o jornalismo mudou e isso é legal pra caramba para alguém com o perfil como o meu!
Pensando nisso e trocando ideais, lendo, lendo e lendo histórias e teorias de fontes que me inspiram na comunicação me deparei com a possibilidade de fazer um curso voltado para estratégia. Parei. Olhei em volta e refleti.
Nesse processo eu entendi que trabalho sim com estratégia, analisando bem, talvez 70% do meu tempo seja voltado para isso. Então, “o que será que tem para mim nesse mundo de planejamento? ”. Paguei para ver e me inscrevi no curso “Imersão em pensamento estratégico” da Sandbox, em São Paulo/SP.
Lá fui eu.
Três dias de imersão em uma área que “na teoria” não era a minha. 95% da turma trabalha como Planner em agências publicitárias. Ok. Decidi fazer um curso caro, em outra cidade, e que podia ser uma perda de tempo. Mas foi exatamente o contrário disso. Sai do curso renovada, empolgada e com a cabeça meio “bugada” com tantas informações. E o “pior” de tudo: todos os ensinamentos aprendidos nesses três dias se encaixaram perfeitamente na minha rotina.
Uma boa estratégia, saber o que é de fato uma boa estratégia e como desenhá-la, é o que todo o mercado de comunicação precisa – e com urgência. Roubando literalmente as palavras ditas no curso “estratégia não é um fim, é um meio”.
O mercado exige que sejamos cada vez mais multifuncionais e isso pode ser bom se entendermos o nosso papel. Atuar em uma assessoria de comunicação e pensar estrategicamente é essencial para alcançar resultados positivos e, essencialmente, ter foco para cumprir suas demandas e não prometer (ou deixar que as pessoas criem expectativas) feitos maiores do que você pode realmente realizar.
Estratégia é um processo mental que só existe no mundo das ideias. É fazer escolhas sobre a forma de vencer o jogo. A escolha central que coordena todas as outras.
Nesses três dias de aula, aprendi a importância de eleger a principal necessidade para apostar os seus recursos nela. Esse é o ponto. Colocando em palavras do meu cotidiano: fazer um post patrocinado não é estratégia. Fazer um e-mail marketing não é estratégia. Um release solto, muito menos. “Se eu posso tudo, o que eu faço? ”.
Durante as milhares de reflexões feitas no curso, uma que pode parecer boba me pegou: quando vamos ao médico com uma tosse que não passa nunca, ele vai receitar algo para curá-la rapidamente, certo. Porém, vai mandá-lo procurar um especialista para investigar a causa e então dar um diagnóstico preciso. Uma tosse pode ser um indício de câncer? Pode. Sempre é? Não.
Ou seja: devemos procurar a verdadeira causa, questionar os motivos, e não ficar apenas curando os sintomas.
Estratégia é estabelecer critérios. Não dá para ser melhor em tudo. Não dá para atrair todos os públicos. Não dá para ter o melhor serviço, o preço mais barato, a melhor loja. Quanto mais consciente for sua escolha, mais chance da sua estratégia ser sólida. Definitivamente, a parte mais difícil é entender bem o problema da sua empresa. (PS: problema não deve ser visto como algo ruim sempre).
Sim, eu ainda escrevo e atualizo sites, notícias, clipping (e adoro fazer tudo isso!). Mas também trabalho com redes sociais, redação, criação, campanhas, vendas, captação, retenção, atendimento ao cliente, brainstorm e briefing. Ou seja: saber o que é estratégia, como entender problemas, soluções, caminhos, insights, análises e como apresentar tudo isso é, na minha opinião, essencial para o mercado de comunicação atual.
Aprender a usar uma linguagem estratégica também me “abriu os olhos”. Contar histórias nos ensina a pensar melhor. E relatando a minha busca pelo meu “lugar ideal” dentro da comunicação, consigo entender os muitos porquês desse conteúdo ser tão importante para minha vida. “Se precisa de efeito, precisa de história”. O que buscamos em nossa comunicação diária com os mais diversos públicos? Efeito.
Para falar profundamente sobre cada conteúdo estudado na Sandbox e como ele se encaixa na minha rotina de comunicóloga ou como isso se encaixa nos novos moldes do mercado, eu precisaria de muitas e muitas páginas. Então, vou finalizar com o mesmo conselho utilizado para concluir o curso: estratégia é sobre tempo. Não perca tempo apenas resolvendo problemas. Se dedique em aprender a ser estrategista e certeiro. O mundo precisa de cada vez mais profissionais assim. E eu estou disposta a me dedicar a isso.
Consultora de projetos
5 aMuito bom o texto. Arrasou
Brand & Comms Planning | Consumer Insights
5 aIncrível, Camila! Muito bom conhecer uma perspectiva tão enriquecedora sobre os momentos de aprendizado vividos na Sand. O mundo precisa realmente de cada vez mais profissionais assim!
UX/UI Designer | UX Writer | Product Designer
5 aMaravilhosa, muito orgulho <3
Jornalista, Assessora de Comunicação, Editora.
5 aAmei, Camila!!! Faz todo o sentido. Muito obrigada pelo texto! Queria muito trabalhar com você de novo! Um beijo :D
IT Manager | Full Stack Designer | Governança LMS | Moodle | Wordpress
5 aTexto maravilhoso!