O que vivi no nascimento do meu filho durante a pandemia da Covid-19
Cada vez mais acredito no fim do limite entre a vida pessoal e a profissional. Somos um único ser humano que traz suas experiências pessoais para o universo do trabalho e leva toda bagagem profissional para sua vida. Nunca pensei que colocaria em prática meu conhecimento na área de comunicação, relações públicas e gerenciamento de crise em um dos momentos mais especiais da minha vida: o nascimento do meu filho.
O Tiago nasceu durante a pandemia da Covid-19. Tive uma gestação norma sem nenhuma grande anormalidade no pré-natal. O nascimento dele estava previsto para o dia 19 de março de 2020. Então, programei para eu trabalhar até uma sexta-feira antes de completar 40 semanas de gestação - quando, geralmente, o bebê está pronto para nascer.
Três dias antes da minha despedida provisória do trabalho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou pandemia do novo coronavírus. Eu tinha uma agenda intensa com a profissional que está me substituindo durante a licença maternidade e, entre um repasse e outro, cancelamos e modificamos a estratégia de uma série de projetos importantes por conta do novo cenário do coronavírus que estávamos vivendo.
Tudo mudou ainda mais rapidamente. Na semana seguinte, enquanto esperava sinais da chegada do Tiago, o governo do Estado de São Paulo decretou o período de quarentena para diminuir proliferação do novo vírus. Comércio e serviços não essenciais foram fechados, as pessoas (que podiam) passaram a trabalhar de home office e foram orientadas a ficar em casa.
Esse foi apenas o começo! Na noite de quarta-feira, dia 18 de março de 2020, senti minha barriga endurecer e minha obstetra orientou que eu fosse para o hospital. Então, seguimos para lá. Existia risco de contaminação da Covid-19 por estarmos em um ambiente hospitalar, mesmo sendo uma maternidade. Foi neste momento que percebi que começaríamos a gerenciar uma crise.
- Decisões racionais e conscientes - Passei a madrugada com contrações no hospital, pois esperava ter parto normal, mas o quadro não evoluiu. Tive um trabalho de parto falso. Como estava de 40 semanas, eu poderia tentar induzir o parto normal ou fazer a cesária. A indução implicava em alguns riscos, como demorar cerca de dois dias para o parto acontecer, não ter a certeza de que o parto normal seria consumado e meu bebê não estava encaixado perfeitamente. Já a cesária tinha um cenário com menos variáveis. Após uma franca conversa com a médica e com o meu marido, decidi seguir com a cesária - mesmo com grande desejo de ter parto normal. Tínhamos um quadro com muitas incertezas e eu não queria arriscar. Tiago nasceu no dia 19 de março, às 14:37.
- Foco no mais importante - O ambiente de maternidade é alegre repleto de pessoas celebrando a chegada dos bebês. No entanto, as visitas aos recém-nascidos foram suspensas por conta da pandemia da Covid-19. Sendo assim, não recebemos familiares ou amigos. O impedimento dividir presencialmente a chegada do seu filho com as pessoas que você ama não é uma situação agradável. Mesmo assim, sabíamos que era uma medida necessária para proteger a todos do risco da contaminação.
- Gerenciamento de públicos - os exames pré-natais do Tiago apontaram a presença de uma extra-sístole, que é uma arritmia cardíaca benigna. Sabíamos que isso implicaria em um monitoramento do nosso bebê, assim que ele nascesse. Desta forma, após o parto, o Tiago seguiu para área semi-intensiva da UTI neonatal. Nossa expectativa era que ele ficasse cerca de dois dias lá, mas esse período foi estendido. Assim, tivemos que tranquilizar nossos corações e das nossas famílias também por estarem acompanhando a situação à distância.
- Evitar expectativas - como o Tiago ficou um tempo maior sendo monitorado, eu tive alta do hospital antes dele. Ir embora para casa sem seu bebê é uma sensação bem frustrante já que este é um momento idealizado pelas mães. Até escolhemos uma roupinha especial para a criança sair do hospital. Enfim, como pais de primeira viagem tivemos de lidar com essa decepção precoce e ainda com todos os cuidados para evitar o contágio do vírus por ficarmos o dia inteiro no hospital. Essa foi literalmente uma "operação de guerra" diária.
No final, os médicos concluíram como normais os resultados dos exames do Tiago e ele teve alta no dia 25 de março de 2020 - após cinco longos dias na UTI. Agora estamos em casa, em quarentena, e o Tiago já fez diversas reuniões em vídeo para conhecer nosso pessoal. Seguimos nos protegendo, presando por aqueles que amamos e aguardando a situação voltar ao normal em nossa sociedade, com menos incertezas e preocupações. Dias melhores virão e tenho certeza que o Tiago vai curtir muito este mundão maluco que ele acaba de conhecer.
Head de Comunicação Corporativa
4 aA vida dando a graça e fortalecendo ainda mais a família! Maternidade é superação e amor! Estamos contando os dias para conhecer o Tiago.
Administrativo | Marketing Digital | Autônoma na Doceria Maria Cecília Bolos
4 aParabéns pelo um mês do seu bebê! Minha filha também nasceu nesse momento de pandemia, dias depois do seu baby. Tudo vai ficar bem!🙏🏽
médico da ESF na prefeitura municipal de santa Terezinha
4 aParabéns que Deus os abençoe
Gerente Industrial/Fábrica/Operações e Gestão de Performance
4 aParabéns Kelly e obrigada por compartilhar. Vc tem um emocionante e heróica história para contar para seu filho.
Parabens.muita saude e muita paz