O que você faz com sua bagagem?

Quer saber o porquê você tem que respeitar a sua história e sua trajetória? 

Eu estava alguns dias das minhas férias na casa dos meus pais e, numa conversa cotidiana, meu pai perguntou: 

— Já terminou de estudar? — se referindo ao término do meu MBA — e foi aí que minha mãe emendou: 

— Parar de estudar? que dia!? — e ele me olhou, confuso, sem entender nada. 

Para minimizar a confusão, expliquei pro meu pai, que não, que não paro de estudar nunca, que todo dia estudo algo, aprendo algo novo e que atualmente não temos mais aquela história de formei, estou pronto, ou de que o que aprendi na faculdade, ou na pós me serviriam para sempre, e era isso que minha mãe se referia. 

Nós sempre estamos aprendendo algo novo, todos os dias, seja por livros, cursos ou até mesmo, ou na maioria das vezes, na prática, naquela vivência do dia a dia. 

No currículo, se convencionou colocar somente as experiências que mais se destacaram, ou que achamos que vão chamar a atenção dos recrutadores. Aquela difícil tarefa de resumir toda a sua trajetória em no máximo duas folhas. E toda vez que você faz uma entrevista, mostra um recorte do que você se viveu e, em muitas vezes, é limitado às situações mais recentes. 

E onde eu conto que no colégio, eu fui tesoureiro da sala na feira de ciências que organizamos, ou que na faculdade eu sempre apresentava seminários para melhorar minha comunicação. Que adoro contar histórias bem detalhadas pros meus amigos, ou que eu sempre me voluntariava para ler os textos em voz alta na sala de aula do fundamental e talvez seja por isso que hoje me comunico bem? Que eu faço PPTs lindos e adoro gastar horas e mais horas fazendo-os, ou que eu subi andando um vulcão adormecido de 4.300 m de altitude e que eu fiz uma cirurgia intracraniana e as duas experiências, dentre muitas outras, me ensinaram muito sobre força e superação? 

A sua bagagem é como se fosse uma mochila escolar, que fica ali nas suas costas e vai enchendo, ao longo do tempo. Porém, ocasionalmente, nos esquecemos dela e, em alguns casos, até a tiramos. Com isso, todo aquele peso do conhecimento e experiência adquiridos se desfaz, seja por que nos esquecemos, ou porque não validamos o que vivemos, aprendemos e vivenciamos ao longo do tempo. 

Ao conquistar um novo cargo, ou vaga, você sente que não tá preparado para aquilo? Se sente um impostor e acha que não sabe nada? 

Na maioria das vezes, quando mudamos de empresa, ou área, nos sentimos despreparados e isso é normal. Nestes momentos, em que a famosa síndrome do impostor bater, recorra à sua jornada. 

Entenda que sim, sua bagagem importa, talvez o conhecimento que você detém não vai estar na ponta da língua, mas te garanto, todas as suas ações são influenciadas por um conjunto de coisas que você viveu e experimentou ao longo da sua vida. 

Sabe aquela frase super batida de que "você é o resultado dos livros que vê, dos cursos que faz, das pessoas com quem convive, dos podcasts que ouve, dos vídeos que vê", em suma, de tudo aquilo que você viveu? Então, ela faz todo o sentido. 

Não deixe se limitar por um cargo, uma função ou um título, você é mais do que isso. Sua jornada é importante, os caminhos bons, os ruins, todos eles foram essenciais para que você se tornasse quem é. 

Respeite sua trajetória e valorize suas bases sólidas. 

Você é muito mais do que era ontem e, amanhã, será muito mais do que é hoje. Não pare de aprender, mas não se esqueça, você já aprendeu muito, e sua bagagem vale muito, não se esqueça de recorrer à ela sempre que precisar ou se esquecer que ela tá ali. 

Às vezes nos dedicamos em projetos, trabalhos, cursos e até mesmo situações, que nos parecem que não serão reaproveitadas por nós, depois. Mas pode ter certeza, de uma forma ou de outra, tudo o que você vivenciou e vai vivenciar, pode e vai te servir. 

Vamos começar a valorizar nossa bagagem?