O que você pretende, Professor Otávio Augusto?

O que você pretende, Professor Otávio Augusto?

Após uma semana intensa de trabalho em duas escolas, Otávio Augusto acorda bem cedo em um sábado de manhã para participar de uma formação para professores.

Otávio Augusto gosta muito de se manter atualizado e de conhecer novas práticas de ensino. Mesmo deixando de aproveitar a manhã de sábado com a família, ele sabe que o conhecimento adquirido não é só para ele, mas principalmente para seus alunos.

Ele chega animado na sala onde irá acontecer a formação, se apresenta para os colegas e troca informações de contato. Otávio Augusto continua muito empolgado. A formação se inicia. O formador apresenta os três livros que utilizou como referência para a formação. Otávio Augusto abre sua mochila e com um largo sorriso no rosto mostra que possui os três livros. Ele sente que está no caminho certo, apesar de ainda não ter lido nenhum dos três livros. Sua estante está repleta de livros e muitos ainda não foram lidos.

Tudo ocorre como esperado por Otávio Augusto, o conteúdo é interessante, as atividades práticas empolgantes, as conversar com os colegas produtivas. Otávio Augusto volta para casa com mais um certificado em mãos, mas que já foi postado em todas as suas redes sociais e com muitas ideias na cabeça, ansioso para colocá-las em prática.

No domingo a noite, Otávio Augusto separa todas as anotações que fez durante a formação, os livros que leu e os que não leu também e mais algumas fontes encontradas na internet. Senta-se em sua confortável cadeira e começa a preparar as aulas da semana. Otávio Augusto está pronto para implementar um novo projeto com seus alunos baseado no que aprendeu no dia anterior e em todos os outros cursos que participou e em todos os livros que já leu.

Ele escolhe o tema, descreve os objetivos, escolhe a dinâmica para separar os alunos em grupos e lembra da quantidade de alunos que possui em um única sala de aula. Não, são muitos alunos. Ele pensa na quantidade de aulas que terá para a realização do projeto. Não, são pouquíssimas aulas. Ele tenta fazer alguns ajustes para não deixar o projeto de lado. De repente, ele percebe que já se passaram duas horas e ainda tem muito o que organizar para a semana. Triste, desanimado, ele deixa de lado tudo o que aprendeu no dia anterior e volta para a velha aula tradicional que aplica a cerca de 10 anos.

A semana passa, o conteúdo esperado foi dado e os prazos cumpridos. É sexta feira. Para relaxar, Otávio Augusto sai da escola caminhando e vai até a cafeteria mais próxima para tomar um bom expresso carioca. Ao sair da cafeteria, decide que vai andando até sua casa. No caminho, passa por uma livraria e decide entrar. Vai direto para a prateleira de livros pedagógicos. Otávio Augusto sai da livraria com cinco lançamentos com as abordagens mais atuais e modernas para a educação.

Por volta das 23:00 horas, Otávio Augusto fecha um dos livros que comprou no final da tarde. Ele está muito empolgado com a leitura, mas precisa dormir, pois no dia seguinte, um sábado, ele vai acordar bem cedo para participar de mais uma formação para professores.


Parece que estive ao lado do Otávio Augusto, Cristiane Acácio Rosa ! E o acompanhei nesta jornada de altos e baixos. Estou convencido que a docência é uma missão árdua, repleta de incertezas por conta de um modelo pedagógico tão arraigado que vivenciamos todos os dias. A frustração do Professor se reflete em sala de aula, como se os alunos, muitos deles sem saber, se tornam cúmplices de uma rotina que dá pouca margem a um aprendizado integral e participativo. Por outro lado, seu texto termina com esperança e demonstra que a missão não se encerra em uma aula tradicional seguida de caminhadas e reflexões solitárias: ser professor é criar caminhos. Novos caminhos. Parabéns pelo perseverança!

Camila Machado

MBA em Gestão Educacional | Universidade de São Paulo

5 a

Muito bom!

Uau Cris!! Exatamente isso!!! Parabéns pelo artigo!!

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