O real salário é aquele que não se contabiliza.
As exigências dos trabalhadores têm mudado. Esta é a opinião de Luís Pires, Team People Manager partilhada na Human Resources Portugal e que pode ser lida na íntegra:

O real salário é aquele que não se contabiliza.

Tem sido grande a evolução da relação entre colaboradores e empregadores desde os tempos da Revolução Industrial. Foi a partir deste grande momento, com início no século XIX, que esta relação tem evoluído de forma constante, adaptando-se às condições e às exigências do mercado, nos vários contextos.

A famosa sátira sobre os tempos modernos, protagonizada por Charles Chaplin, já nos trazia uma visão sobre as condições de trabalho da época que seriam totalmente impensáveis hoje em dia.

De há uns anos para cá o salário financeiro foi perdendo espaço como o principal factor motivacional na atracção e retenção de talento e foi abrindo espaço para um novo conceito – o salário emocional. A definição clara dos objectivos, os planos de carreira, a flexibilidade de estruturas de trabalho que permita a escolha entre um regime de trabalho presencial, híbrido ou totalmente remoto, são alguns exemplos de conceitos que são cada vez mais tidos em conta pelos colaboradores.

Num mercado extremamente competitivo, como cenário de fundo do contexto empresarial actual em que a procura pelos melhores talentos começa numa fase tão embrionária como o primeiro ano de faculdade, houve a necessidade das empresas se destacarem. Os Recursos Humanos perceberam que era necessária uma reinvenção, muitas vezes da sua própria estrutura interna, quer a nível de comunicação inter ou intra departamentos, ou mesmo a nível de modelo de negócio.

Um exemplo desta reinvenção, como forma de atracção e retenção de talento, é o trabalho remoto. Apesar de ter surgido como imposição devido à grande pandemia que se vive desde 2020, à data de hoje é um modelo facultativo e as empresas que optarem por permitir esta flexibilidade aos seus colaboradores, irão estar claramente a um passo à frente da sua competição.

No sector tecnológico, em que menos sentido faz – em grande parte das suas profissões – existir uma obrigação de um trabalho presencial, deparamo-nos actualmente com um fenómeno ainda mais preocupante: as pessoas tornaram-se números e os números tornaram-se regra. Por existir uma grande oferta, face à pouca procura de oportunidades, gerou-se uma rotatividade extremamente alta. Existe uma forte rotatividade nas equipas, tanto entre colaboradores que já estavam nos quadros das empresas por longos anos, como as que entraram há pouco tempo, devido à evolução do mercado, com propostas financeiras atractivas de empresas concorrentes. O resultado foi um desinvestimento na relação empresa-colaborador e até um desinvestimento na carreira das suas pessoas.

No entanto, as pessoas procuram projectos desafiantes que as permitam evoluir, mesmo que isso signifique um passo atrás no seu salário financeiro. Procuram empresas que invistam no seu futuro, criando processos de avaliação de desempenho com uma estrutura sólida que sejam aceleradores da sua carreira e que tenham departamentos com capacidades formativas que se adaptem às suas necessidades. Por fim, e acima de tudo, procuram empresas mais humanas. Aquelas que tiverem como objectivo principal, o de reforçar os laços com as suas pessoas, serão certamente vitoriosas num mundo em que se está a tornar infinitamente digital, mas que o toque humano e pessoal ainda é muito importante.

Artigo que pode também ser lido em: Human Resources Portugal.


Juliana Costa

Marketing & Communication Designer

2 a

Fantástico Luís Pires! Excelente visão/reflexão. É muito bom aprender contigo! 😉

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