O renascimento dos líderes
Se há algumas semanas com o artigo “Sem cultura e sem visão: as empresas de hoje…” o foco esteve na liderança da empresas e no que poderia ser mudado, hoje a perspectiva é inversa e o tónico é diferente. Hoje vou abordar a liderança, mas da sua perspectiva, de quem avançou com uma ideia e criou uma empresa do zero.
Os lideres continuam a sofrer de uma reputação, no mínimo, má. Mas será por culpa própria?...
Antes de mais, é necessário lembrar que a maioria das pessoas que hoje vemos à frente de uma empresa é o produto de 4 eventos históricos significativos. Em menos de 200 anos, várias gerações foram moldadas pela revolução industrial, por duas grandes guerras mundiais e pela grande depressão. As aprendizagens que foram realizadas nesses momentos tornaram-se vitais para a sobrevivência na época e foram, portanto, assimiladas e perpetuadas como um conjunto de ensinamentos.
Aprenderam que as pessoas são recursos que podemos gerir em nosso proveito para obter a máxima eficiência. Que o controlo, através de recompensas e punições, é a melhor forma de garantir a colaboração dos outros. Que numa hierarquia, em caso de crise, os da base são os primeiros a ser lançados ao perigo. Aprenderam também que quem está acima em qualquer hierarquia tem maiores probabilidade de sobreviver e que quanto maior for a minha riqueza e poder, maior será a minha capacidade para sobreviver em momentos de dificuldade.
É interessante e ao mesmo tempo desconcertante perceber que muitos destes ensinamentos perduram até aos dias de hoje. Talvez não por opção voluntária mas porque foram reforçados ao longo de gerações até ao dia de hoje. Porquê? Porque asseguraram a nossa sobrevivência em tempos incrivelmente difíceis. É portanto compreensível que alguns líderes de hoje tenham comportamentos que, face aos desafios atuais e com o acesso crescente à informação e conhecimento, sejam hoje vistos como antiquados e reprováveis.
Mas quem segue também tem responsabilidade. Talvez seja a hora de deixar de julgar as pessoas pelo que fazem e compreender o motivo que as leva a agir de uma determinada forma.
Talvez seja a hora de nos lembrarmos que essas mesmas gerações superaram-se através de características extraordinárias como a colaboração, a inovação e o altruísmo.
Talvez seja a hora de nos relembrarmos que as gerações de líderes que puseram fogo ao mundo, foram as mesmas que o reergueram das cinzas e o tornaram num lugar melhor para viver.
Está na hora de assistir ao renascimento dos líderes. Temos essa responsabilidade, independentemente do nível hierárquico em que nos situamos.
Fácil é seguir os outros. O desafio está em liderar com sucesso o grupo num caminho sinuoso, desconhecido e cheio de obstáculos. Talvez esteja na hora de cada um de nós ajudar quem está à nossa frente sempre.
Porque os lideres, podem não ser aqueles que queremos, mas serão sempre aqueles que merecemos. Que tal como nós são, simples e unicamente, pessoas.
Sim, pessoas
#UmaExperiênciaÚnica