O case de sucesso da Stanley no Brasil: como aconteceu?
🌟 Nesta semana, vamos falar sobre a febre dos copos que dominou o Brasil e como isso se relaciona com design, branding e negócio.
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O começo de tudo: William Stanley Jr. 👨🦰
Antes de William, os copos térmicos não eram grande coisa: caros e frágeis, o material feito com base de vidro acarretaria em um grande custo caso quebrasse.
Em 1913, a primeira garrafa a vácuo Stanley é patenteada e colocada à venda. Seu criador, um físico renomado que dispensou os estudos na faculdade, descobriu que a junção entre duas peças de aço ao invés de vidro criaria vedação e segurança revolucionárias para o produto.
Após longos anos, os produtos Stanley se firmaram no mercado estadunidense com o diferencial da patente inovadora e a promessa da manutenção da temperatura (seja quente ou fria) em até 12 horas. O slogan "Built for Life" (Feito para a Vida) ilustra muito bem esse conceito, indicando um bem durável que acompanharia o consumidor em uma relação viável de custo-benefício.
A garrafa de quase R$500 💰
Sim, o growler clássico de 1.9 L está à venda por R$439 no site oficial. Como chegamos nisso?
Precisamos entender sobre design de produto, público-alvo e marketing. O primeiro aspecto é simples: o produto criado por William foi realmente revolucionário, tanto que atualmente vemos muitas marcas que seguem a mesma promessa "Built for Life", como a Colleman e as próprias réplicas da Stanley - que, inclusive, têm causado grande dor de cabeça para a marca.
No YouTube, vários vídeos comparando réplicas e originais concluem que as primeiras mantêm a temperatura por ao menos 6 horas, o que já é o suficiente para a maioria das pessoas. Em lojinhas, quiosques e becos espalhados pelo Brasil, produtos "originais" são vendidos a R$80, R$30 ou até mesmo R$25.
O problema concentra-se na velha estratégia do status: camisetas idênticas com o logo da Lacoste são produzidas no mesmo lugar e com o mesmo custo de produção, mas o fato de conter a marca aumenta o preço de venda consideravelmente. No caso da Stanley, teríamos a mesma situação?
Público-alvo e arquétipo de marca 😎🤘
A Stanley oferece produtos para segmentos diversos dentro do nicho da exploração, momentos coletivos e esporte: bar, café, mate (chimarrão brasileiro!), camping e hidratação (além de produtos para crianças, com quantidades menores de capacidade).
O arquétipo de marca principal encontrado é do Explorador, muito presente nas redes sociais, no site e nos segmentos disponibilizados. Diferentemente de marcas como Apple, por exemplo, que utiliza mockups e montagens de fotos dos produtos, a Stanley utiliza fotos reais de seus produtos, focalizando o design minimalista, as cores em tons pastéis e cenários reais de utilização com pessoas e grupos identitários.
Recomendados pelo LinkedIn
Os usuários da Stanley são adultos jovens, que apreciam uma boa bebida e momentos entre amigos e família. Podem ser radicais e prezam pela qualidade da temperatura, já que desejam uma experiência premium de longa data.
O foco na experiência pessoal e coletiva é evidenciado, como vemos nos dizeres "Sua cor, seu jeito" no site. Temos até mesmo opções para colecionadores, despertando uma sensação de fã e conhecedor da marca.
Por fim, a pegada de comprometimento com o meio-ambiente também contribui para a experiência do consumidor: utilizar uma marca que recebeu o Prêmio “Responsabilidade Social Corporativa” de Xangai e atua ativamente na frente ecológica desperta um senso de marca preocupada com a natureza e a exploração saudável.
A febre no Brasil 🟢💛
Em 2019, Andrea Martins assumiu a presidência da PMI Worldwide, uma empresa global líder mundial na fabricação, comercialização e soluções para alimentos e bebidas. Adendo: Andrea foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidência da Kraft Foods no Equador, empresa dominada por homens desde então. Para mim, é uma inspiração.
Ela foi responsável por trazer a fama da Stanley para o Brasil, um país tropical que só bebe cerveja gelada e detém a terceira posição de consumo da bebida no mundo. 700% foi o crescimento com o lançamento na América Latina.
Construir em três anos uma marca que não era nada no Brasil e hoje tem 70% de conhecimento por parte do consumidor me realiza demais. E isso tem muito a ver com a relação humana, porque você só constrói uma marca relevante para o consumidor quando faz a diferença na vida deles (Andrea, trecho recolhido da Revista Marie Clarie da Globo 2024).
Hoje, é difícil encontrar alguém que não conheça os copos Stanley. No Brasil, os produtos são frequentemente presenteados e vistos como objetos de desejo para churrascos e encontros entre amigos.
E a cultura brasileira não perdoa: memes surgiram após o boom da marca em 2019, dividindo grupos entre admiradores da marca e "invejosos" de plantão. Muitos vídeos do TikTok questionam o esteriótipo de "pessoa riquinha" evocado pelos usuários da marca, aderindo ou não à piada.
Conclusão
A Stanley representa uma marca focada em representar as necessidades do consumidor. Seu nascimento teve grande força com a patente revolucionária e continuou a perpetuar a tradição alinhada às tendências contemporâneas.
Saber acompanhar as novidades sem perder a essência é crucial para um negócio bem-sucedido. As legiões de fãs da marca atuam como porta-voz de seus diferenciais e benefícios, independente da imagem atual da empresa.