O TALENTO E O TREINAMENTO

O TALENTO E O TREINAMENTO

Certa vez, ouvi um profissional de recursos humanos sustentando com grande ênfase que liderança seria uma habilidade que pode ser ensinada, bastando que o indivíduo fosse treinado adequadamente. Por outro lado, ouvi alguns dizerem que “o líder já nasce feito! ” Refletindo sobre os dois pontos de vista que se contrapõem acabei inclinado a acreditar na liderança nata. Como explicar, por exemplo, casos como o de uma criança de quatro anos de idade que dedilha o piano com mestria, sem jamais ter sido treinada? Não seria razoável inseri-la no universo da música, ao invés de apresentar-lhe a carreira que paga melhor? Aliás, nesse mundo volátil em que vivemos, a carreira mais promissora hoje pode ser uma barca furada amanhã! Cria-se uma nova tecnologia ou um gigante em determinado setor muda de mãos e tudo vai pelo ralo...

Acho que conectar o talento natural das pessoas com as demandas existentes numa sociedade é grande desafio para todos, sob pena de continuarmos ouvindo profissionais se queixando de trabalhar somente pelo dinheiro, além, é claro, de constatar a inevitável perda de produtividade. Fazer aquilo de que não se gosta é muito frustrante e a pessoa não rende o que poderia porque não tem aptidão para realizar aquela tarefa. Sofre muitas vezes influenciada pelo efeito manada, que leva o profissional a acreditar que a “vida é dura para quem é mole” ou pela cobrança implacável por resultados que tendem a ser sofríveis.

A despeito da já citada volatilidade, os grandes blocos de estudo continuam vigentes. Amantes das palavras vão sentir-se inclinados para as Ciências Humanas, ao passo em que os apreciadores dos números voltarão a atenção para a área de Exatas e, assim, por diante.

Muitos profissionais, mesmo que se empenhem ao extremo (trabalho extraordinário, aprimoramento curricular, etc.) não conseguem entregar os melhores resultados, ainda que produzam um trabalho de qualidade aceitável, razão pela qual seguem mantendo seus empregos.

Quando é possível aliar a aptidão à demanda as coisas são bem diferentes, a começar pelo sorriso no rosto de quem produz e de quem emprega, porque um deles recebe o melhor resultado, e o outro se realiza fazendo o que gosta, para o que, aliás, foi talhado. A maioria dos felizardos que faz o que gosta declara, para espanto dos demais, que nem se esforça lá essas coisas para entregar resultados tão bons! Vejam o Ronaldo Fenômeno!

Quando o talento e o treinamento se encontram na mesma pessoa aí, sim, ocorre a “tempestade perfeita”, de cuja bonança colhemos frutos da envergadura de nossos insuperáveis contemporâneos Ayrton Senna, Pelé e Oscar Schmidt.

Nessa mesma linha de raciocínio proponho o seguinte exercício: imagine dois jovens talentosos, um deles com aptidão para a arquitetura, outro para o futebol. Resolve-se treiná-los nos melhores centros de excelência acadêmica do mundo nas duas áreas, mas com os papéis trocados.... Seriam, sem dúvida, profissionais medíocres e o mundo seria privado da genialidade de Oscar Niemeyer e Neymar...


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