O taxista e o carrinho de bebê

O taxista e o carrinho de bebê


O escritor norueguês Karl Ove Knausgård ficou conhecido mundialmente pela sua série de livros “Minha Luta”. São seis volumes, lançados entre 2009 e 2011, nos quais fala sobre a própria vida em detalhes muitas vezes constrangedores. Porém, verdadeiros e, talvez por isso, incômodos para muitos. Uma de suas histórias me fez pensar na corretagem de imóveis e nas qualidades fundamentais que um profissional precisa ter, especialmente em dias em que os intermediários estão cada dia mais perdendo espaço.

 A história em questão acontece quando ele, a mulher e os três filhos entravam em um táxi. Karl Ove fez um gesto pedindo ao motorista que abrisse o porta-malas para guardar o carrinho dos bebês. A boca escura na traseira do carro se abriu ao mesmo tempo em que o escritor tentava fechar aquele estorvo com rodas. Bateu aqui, bateu ali e nada. Pressionou todos os botões e o objeto continuou inteiro. Chacoalhou, forçou a barra e a traquitana continuava ali firme.

Antes mesmo de Karl Ove chegar a se irritar, o motorista – definido pelo autor como alguém com traços de imigrante do Oriente Médio –, chegou ao seu lado e pegou o carrinho. Em um passe de mágica, dobrou aquilo como se fosse uma toalha de mesa e guardou no carro. 

É assim que tudo deve acontecer quando se presta um serviço. O corretor deve ser como aquele taxista, que tem conhecimentos que vão além de saber caminhos e como conduzir um automóvel. O taxista atendeu a uma necessidade extra da família. Sem a sua ajuda, a viagem seguiria com demora, desgaste e provavelmente com muito mau humor.

Ou seja, a prestação de serviço foi além do que é o trabalho de um motorista. No momento em que ele deixa a direção, ele assumiu o problema do passageiro. É assim que devemos fazer nós corretores, quando o cliente pede nossa ajuda. Se o profissional não sair do volante e dobrar o carrinho, chamar outro taxi poderia ser uma opção.

Espera-se de um corretor que conheça mais imóveis do que quem está em busca. E por conhecer mais, saiba onde estão os melhores preços, os vários tipos de acomodação e estilos. Mas, espera-se mais ainda, que ele consiga enxergar o seu cliente, que tenha empatia e entenda que há um forte componente emocional envolvido  naquela compra, venda ou locação. Isso evita, por exemplo, rodar a cidade em visitas inúteis, milhões de telefonemas que não resolvem nada e só acabam com a paciência de quem está em busca de um imóvel.  Quanto mais o profissional conseguir se transformar no outro, mais próximo ele estará do sucesso. Novos tempos, novas maneiras de trabalhar.



Muito bom Rudi , atender bem é uma arte !!!

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