O tempo da estratégia ou a estratégia do tempo?

Sempre tive uma fascinação pelo tempo e como nos relacionamos com ele, seja consciente ou inconscientemente. Mas o que é o tempo para nós humanos? Como ele ocorre? Qual sua origem? Por que ele é importante para nós? Responder essas perguntas não é fácil e tão pouco vamos adentrar a elas, mas o importante nessa discussão será nossa relação com o tempo.

Normalmente medimos o tempo por meio de alguma atividade que fazemos, como por exemplo, gastei duas horas para chegar ao trabalho, este bolo demora quarenta e cinco minutos para assar, já estou atrasado(a) e assim vamos medindo o tempo. Mas perceba que de todos esses exemplos, quando tomamos consciência deles, já se passou, ou seja, já é passado, o que nos leva a pensar que o tempo para nós só existe no presente e quando pensamos em algum acontecimento que realizamos e participamos já é passado.

Por outro lado, quando pensamos em estratégias organizacionais, percebemos que sua concepção tem origem em nossa mente, pois a estratégia pode ser considerada um modelo mental, pois envolve a forma como indivíduos, líderes ou organizações pensam sobre suas metas, recursos e o ambiente em que operam. Um modelo mental é um conjunto de crenças, percepções, valores e suposições que moldam a maneira como uma pessoa ou organização interpreta o mundo ao seu redor e toma decisões.

Ao desenvolver uma estratégia, as pessoas e as organizações usam seus modelos mentais para:

Interpretar informações: Os modelos mentais influenciam como as informações são percebidas e avaliadas. Isso pode afetar a forma como se identificam oportunidades e ameaças no ambiente.

Estabelecer metas: Os modelos mentais ajudam a definir metas de longo prazo com base nas crenças e valores subjacentes. Essas metas formam a base da estratégia.

Tomar decisões: Os modelos mentais orientam as decisões estratégicas, determinando quais opções são consideradas e como são priorizadas.

Planejar ações: Os modelos mentais influenciam a escolha de ações específicas a serem realizadas para alcançar os objetivos estratégicos.

Como se vê, a concepção da estratégia é fortemente influenciada pelos modelos mentais das pessoas envolvidas. Esses modelos mentais podem variar de pessoa para pessoa e de organização para organização, o que leva a diferentes abordagens e estratégias em diferentes situações. A compreensão dos modelos mentais subjacentes é importante para o desenvolvimento e a execução eficaz de estratégias.

Portanto, ao desenvolvermos nosso modelo mental de estratégia, estamos trabalhando no futuro, mas cuja implementação é no presente que corresponde a um tempo que já passou quando tomamos consciência de cada estratégia implementada e cujos resultados mensurados é de algo que já ocorreu. Isso é muito interessante, pois concebemos a estratégia no tempo futuro, implementamos no tempo presente (nossa consciência do tempo) e avaliamos seus resultados no tempo passado, ou seja, no tempo já ocorrido.

Entretanto, no nosso dia a dia, não sei se temos essa consciência do tempo ou quem sabe, não seja tão relevante, mas o fato é que sempre estamos nos movendo no tempo de 24 horas e nos planejando nessas horas para darmos conta do que devemos fazer. Perceba como isso tem a ver com a implementação da estratégia, que basicamente ocorre num período mínimo de 8 horas ou mais, a depender do contexto de cada organização, pois quando estabelecemos um prazo, está implícito a duração do tempo, dado que tempo e espaço são inseparáveis como postulou Einstein em sua teoria da relatividade geral. E nessa implementação, nos angustiamos com o tempo, porque fica sempre a sensação que estamos atrasados no cumprimento das metas.

Quando observamos o ambiente interno das organizações como já discutido em artigos anteriores, figura abaixo.

Percebe-se que os objetivos para serem alcançados, necessitam de pessoas para realizarem um conjunto de atividades que demandam processos e recursos, onde o tempo está implícito, dado que cada elemento é dependente do tempo e interdependente do outro. Por isso, creio que ter essa consciência do tempo é fundamental para nos guiarmos em tudo o que fazemos.