O tempo mudou

O tempo mudou

Tomara Deus que eu esteja errado, mas parece que o delírio de alguns sonhos vem maquiando a realidade humana e tudo o que havia de belo decolou desta sociedade e nem sei onde aterrissou. Tal narrativa pode até remeter a qualquer teoria da conspiração, ou enredo de ficção científica, mas de fato é um tanto quanto confuso compreender essa realidade nua e crua de tempos contemporâneos.

Nem sei se encurtaram o dia (embora seja nítida a impressão), se os anos ainda são computáveis, mas sei perfeitamente que meu relógio todo dia atrasa - mesmo que não apresente qualquer falha mecânica. À noite não durmo e nem sequer fecho os olhos diante das atribuições corriqueiras, apenas pisco e novamente está na hora de levantar da cama. Acho que nem a cronologia consegue acompanhar o atual modelo de necessidades que nos são exigidas: Seja rápido, culto, bom de cama, leia livros, expresse em vários idiomas, mantenha dieta saudável, estabeleça meta de vida a médio e longo prazo, estude enquanto eles dormem… Veja o copo meio cheio… Pratique exercícios...

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Sem perceber, estamos sequestrando as etapas da vida e avançando os sinais que ditam a ordem natural das coisas, entregando ao mundo síndromes que não existiam ou eram raríssimas num passado recente, alimentando nossa ansiedade nesse farto rodízio de estresse. Somos cada vez mais “super-homens”, buscando solucionar problemas, inovar o campo tecnológico e reinventar a roda mesmo que tudo esteja em perfeito sincronismo. Enquanto isso, o sedentarismo domina nosso lado desamparado e faz festa.

Lembro que até pouco tempo termos como crise de ansiedade, estresse e até mesmo depressão eram quadros que se atribuía a um seleto grupo (geralmente ricos ou qualquer dramático), contudo, essa mesma rotina que se instaurou em nossa normalidade, nos fez provar e até mesmo aceitar conviver com tais enfermidades. Não se trata de frescura, cuidar de si é tão fundamental quanto urgente.

As vezes o modo mais rápido de alcançar a esperada plenitude seja justamente acionar o pedal de freio e assumir que nem sempre se chega ao longe com velocidades extremas. Mente sã é o melhor benefício que se tem notícia.

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Diego Augusto


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