O Tempo na Filosofia Africana.
A Ancestralidade é o livre Arbítrio Instituindo que todo os Pais serão filhos e todos Filhos serão Pais; assim, você é o seu próprio Ancestral no Círculo da vida nesse Eterno Agora; esse agora que se fragmentou ao se perder na Razão iluminista no pensamento oriundo do Inconsciente Coletivo. Esse mesmo inconsciente Coletivo que dita, aprisiona e escraviza nossos desejos e nossos quereres em sua lógica adestradora distópica.
Dessa maneira, definimos as coisas olhando a partir desse espelho que foi erigido no processo desse princípio de razoabilidade que categoriza e classifica a fim de proporcionar a falsa sensação de controle, escondendo assim, as coisas como elas realmente são.
Dessa forma, intelectualizamos o nosso olhar, o nosso pensar, o nosso falar e escutar, nos transformando, de forma inconsciente, num boneco de ventríloquo; e tal como um Eco, repetimos as teorias, hipóteses e opiniões oriundas dessa fonte disciplinadora oficial em que se transformou a lógica da ciência, da religião e da política ideológica escravocrata.
Os paradigmas e dogmas nascidos dessa fonte que nos prende em sua lógica, nos tornando cativos dessa prisão sem grades, presos aos elos de estereótipos e estigmas com os quais classificamos o outro, vendo-o através da filosofia de Narciso que se reflete na imagem da Cinderela que suscita em nós, a síndrome de Estocolmo.
Dessa maneira, somos adestrados durante gerações, presos a essa corrente que nos envolve, perpetuando e ampliando esse cativeiro, que mantem na Senzala atemporal, tanto o pai quanto o filho, assim como o avô e o neto e assim por diante, até que percebamos que o futuro não vem do passado.
Essa é a concepção de Tempo circular trazida pela filosofia africana, que peremptoriamente se contrapõe a filosofia instituída por Aristóteles e seus seguidores. Pois, na filosofia do Ébano, o Tempo existe dentro do princípio da sincronicidade e da sintropia. Ou seja, esse Tempo não é linear. Sendo assim, ele dispensa o relógio que atende a lógica oligárquica regente desse monorracial Estado dos Tempos Modernos.
Dessa maneira, é primordial e necessário como primeiro passo, perceber essa cruenta conjuntura, para que possamos finalmente, iniciar o processo de nos desapegar dos paradigmas e dogmas provenientes das efemérides desse calendário gregoriano que nos acorrenta; para enfim; sermos capazes de criar estratégias consequentes a fim de empreender a ousada fuga que nos proporcionará a liberdade verdadeira, abrindo as portas dessa prisão sem grades na qual nos encontramos voluntariamente cativos.
Esse Tempo primordial não se localiza no passado e nem num possível futuro; esse Tempo é o Agora; pois ele não espera, assim como a autêntica Justiça, ele, esse Tempo, é Ação e nunca Reação. O fato de nos localizarmos, maiêutica e diatopicamente, fará com que as barreiras, erguidas por nós mesmo, se desfaça como um castelo de areia, desencadeando dessa maneira, um processo de efeito dominó num efeito borboleta, onde não haverá quaisquer pontos de volta ou forma de se deter tal processo, uma vez que ele se inicie. Dessa forma, a sabedoria Ancestral substituirá o conhecimento atual; e então, voltaremos a ser como nossos pais, que serão nossos filhos, nesse Tempo sem tempo.