O triste descaso com a Amazônia

           Os tempos são de crise. A recessão econômica é a mais latente e violenta de todas e que, obviamente, mais preocupa. Todavia, os problemas não cessam com a economia, pois existe o retrocesso moral, político, democrático e, que ganhou relevância nos últimos dias, ambiental.

           A afiliação política e ideológica, nesse momento, é irrelevante. As queimadas na Floresta Amazônica são um crime contra a humanidade. Porém, o maior crime, é o descaso do Governo Federal frente a essa grave crise.

           Mesmo que inexistisse preocupação mundial sobre a conservação da maior mata do planeta, a Legislação Brasileira pune o incêndio criminoso de florestas (artigo 41, da Lei Federal 9.605/1998). Logo, incontrovertidamente, é caso de Polícia.

           Acontece que todos estão pasmos com o descaso das autoridades frente a uma das maiores catástrofes ambientais testemunhadas por uma geração. Isso chama mais atenção depois de Brumadinho e Mariana, verdadeiros micos das autoridades, que aparentemente não deixaram nenhuma lição.

           O Governo Federal esqueceu que não está mais em campanha. De nada adianta culpar a “esquerda”, dizer que são as “ONG’s “mimimis”” as verdadeiras responsáveis pelo incêndio. O único cenário é que um incêndio é visto como algo comum, é o descrito por Ray Bradburry, em “Fahrenheit 451”.

           A intenção não é dizer que se vive em meio a uma distopia literária (embora às vezes se parece), mas que a atitude de “campanha” do atual Governo, que procura culpados, ao invés de soluções, é a verdadeira catástrofe. Alguns representantes do governo, fala que tem assuntos mais importantes para tratar, o atual Ministro da Justiça adota o silêncio sobre o tema, e o Presidente da República atira para todos os lados – ONG’s, lideranças europeias – menos na direção dos potenciais culpados.

           A crise ambiental é reflexo da crise da democracia. O cenário atual é o Conselho Nacional do Ministério Público punindo um Promotor de Justiça por criticar o Presidente da República. Com qual coragem um Promotor de Justiça desafiará a União e o Gabinete da Presidência? A inércia e a indiferença é quase que crime por participação de menor importância.

           Seja o pulmão do mundo, a maior mata do planeta, é da casa de todos nós que está se falando. O apoio internacional à conservação da Floresta Amazônica é bem-vindo, e se pede desculpas em nome do nosso truculento e ineficiente governo. A conservação da vida deve ser a principal prioridade de qualquer líder, pois, todas às vezes que vidas foram desprezadas, o ser humano cometeu atrocidades.


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