O VELÓRIO DO PUBLI POST

-Ai, gente, tô chocado, nunca achei que ele fosse morrer desse jeito - disse cabisbaixo o Mark Eteiro.

-É, Mark, pois é! Você viu que tão dizendo que foi assassinato!? - falou a Dona Hajência. 

-Assassinato? Como assim? - reagiu Mark.

-Parece que todo dia ele tomava umas pílulas de descrença, foi acabando com ele, tipo diabetes. Nem sei como vai ser nossa vida agora, sem o Publi. Ele dava jeito pra tudo, quebrava um galhão. Sempre tinha solução para os nossos problemas. 

-Esse cara sabia resolver as coisas, né!?

-Pobre Publi…

-Pobre Publi? Olha, nem tanto hein!? Tenho que te confessar que este aí de pobre não tinha nada. Não estava dando para acompanhar o Publi no rolê não, ele só queria fazer coisas caras demais.

-Só andava com artista e celebridade né Mark, outro patamar.

-Ele era muito querido, mesmo. Basta olhar: tem mais artista e celebridade aqui do que no enterro do Pelé. 

-Falando nisso, você viu que os irmãos dele estão todos aí? O Merchan estava desde ontem chorando, mas o Cachê parece até que está aliviado. Parece que o Cachê tinha ciúme da namorada do Publi, lembra dela? Uma que se achava toda criativa e descolada, uma tal de Prop Aghanda. 

-Ah sim, a Prop! A gente já saiu com ela pra balada juntos, lembra? Ela era muito convincente e muito legal, eu adorava ela. Às vezes, ela contava umas piadas sem graça ou não dava muito pra entender o que ela queria dizer, mas ela sabia me entreter. Gente finíssima!

-Cara, convincente era o Publi…posso falar? Oh cara, bom de convencer as pessoas a mudarem de ideia.

-Você achava mesmo?

-Oxi, super! Ele já fez a Anitta e a Juliette passarem a gostar de celular da Samsung, e elas nem gostavam antes. 

-Mas foi pagando né? Pagando, até eu.

-É, foi pagando.

-Mas voltando para a Prop, ouvi dizer que o Publi era meio espaçoso, não deixava mais ela ser quem ela queria. Tipo namorado tóxico, sabe?

-Olha, eu conhecia o Publi de perto, ele tinha "dessas" mesmo. Tudo ele achava que o dinheiro comprava. Era só pagar e a pessoa fazia o que ele queria. Mas não é assim né, é preciso se conectar de verdade, não dá para pagar alguém para ser seu amigo.

-Também acho, esse dias eu conheci uma influencer meio professora, uma tal de Khomunidade. Ela tem vários canais de conteúdo e estava dando uma aula sobre isso: de como se conectar com verdade, dar voz a audiência, etc, não só olhar para número de seguidores. 

-Nossa, eu acho que conheço, ela já é antiga, não?

-Sei lá, acho que lançou canal só agora.

-Ei, aquele ali não é o Nizan?

-Magina, o Nizan nunca viria aqui, aquele é o Ary Fontoura.

-Ah tá. Nossa ia cometer uma gafe! Eu sou rei de fazer isso. Ah olha, aquela ali é inconfundivel, é  a Mharcka. Essa adorava o Publi.

-Ela precisava do Publi né!? O Publi bancava tudo! Todo o círculo social dela, era o Publi que bancava. Ninguém engajava com ela se não fosse o Publi.

-Claro que não! Tá doida, Hajência? A Mharcka é uma mulher forte, sempre teve vida própria, super independente, nunca dependeu do Publi para nada. Ela tinha só uma quedinha, mas ela ouvia muito o povo fofoqueiro e perdia a cabeça de vez em quando.

-Será que estes artistas todos acham que não vão ter trabalho e agora depois da morte do Publi? 

-Acho que não, né! Eles vivem de arte, tem muito espaço pra fazer muita coisa.

-E os influenciadores?

-Ué, acho que eles se viram também. São tão inteligentes e interessantes, nem sei o que viam no Publi.

-Pior que a notícia tá chegando aos poucos, não consegui ligar para todo mundo.

-Você falou com a galera toda? 

-A Methah tá viajando. O Goo eu falei hoje de manhã. O Tik ainda não sabe. O Tuider estava com o pai doente, não sei se vem. Mas acho que o resto vêm pro velório.

-Eles são super amigos da Prop, devem vir dar uma força. 

-Peraí que meu telefone tá tocando. Um minuto. 

-E aí?

-Era o Insaite, o investigador do caso. 

-E aí o que ele falou? Me conta.

-Acharam o assassino! 

-Ele falou nome? Quem é me conta? Anda!

-É um tal de Konsumidhor.

-Você conhece?

-Eu não. E você?

-Também não.