O Voo do Sabiá
Foto: Peter Mix

O Voo do Sabiá

Nosso país tem, historicamente, se caracterizado pelo fenômeno do crescimento econômico que não se sustenta ao longo do tempo, esvaindo-se em poucos anos, ou mesmo, de um ano para o outro. Este tipo de expansão do PIB é conhecido, carinhosamente, pelos economistas como “voo de galinha”.

No próximo biênio,temos uma oportunidade ímpar de mudar este quadro; contudo, mais uma vez, nos deparamos com os mesmos desafios e obstáculos que já nos assombraram inúmeras vezes em décadas longínquas e também mais recentemente.

As previsões de crescimento mundial são animadoras.  O FMI projeta que a economia global deve crescer 3,5% em 2017 e 3,6% em 2018, numa conjuntura de expansão suave dos países avançados, mas com as nações exportadoras de commodities ainda sofrendo dificuldades. No seu último relatório, o fundo revisou um pouco para cima sua projeção anterior de crescimento global, para este ano, que era de 3,4% em janeiro. A projeção para 2018 foi mantida.

Mas e nós? Como está o Brasil neste contexto de recuperação?

Nossas perspectivas são muito interessantes. O Fundo Monetário Internacional manteve em 0,2% nossa projeção de crescimento em 2017. Para 2018, o FMI elevou sua estimativa de alta para o PIB do país de 1,5% para 1,7%.

Temos um cenário positivo para os próximos 2 anos, talvez 3 anos, mas e depois?! Permaneceremos numa rota de crescimento sustentável?

Nosso viés histórico indica que não. Todas outras vezes que as condições externas eram favoráveis e o cenário interno nos abria esta possibilidade, nos deixamos levar pelo comodismo e euforia de crescimentos pontuais e sem as condições estruturais para que se tornasse, de fato, perene.

 Mas será que, desta vez, sairemos deste ciclo vicioso que nos leva a soluços de expansão?

Posso afirmar que nossa única chance de não repetir os mesmos erros do passado é enfrentar frontalmente as seguintes pautas:

  • Reforma da Previdência. O motivo é óbvio e ululante, mas é importante ressaltar que o déficit em 2016 foi de absurdos R$ 258 bilhões.
  • Reforma Trabalhista. Neste ponto, há sutilezas pouco discutidas até mesmo na imprensa especializada. Conforme um estudo do Credit Suisse, publicado em março deste ano,  a produtividade do trabalhador brasileiro está estagnada desde 1980. Neste sentido, a Reforma Trabalhista terá grande impacto se puder modernizar e flexibilizar as relações de trabalho que, atualmente, estão congeladas na década de 40.
  • Privatizações e Parcerias Público-Privadas. Mesmo que as contas públicas possam melhorar com a Reforma da Previdência, a capacidade de investimento do Governo Federal estará limitada e controlada pelo orçamento cada vez mais restritivo.

É importante lembrar que a aprovação da PEC 241/PEC 55 pavimentou um caminho de austeridade e controle dos gastos públicos, mas os pontos elencados anteriormente são condição inegociável para que possamos atingir o crescimento efetivamente sustentável.

Desta forma, deixaremos de dar pequenos saltos planados, com muito sofrimento e penas esvoaçantes, e buscaremos o natural e gracioso voo do Sabiá, ave símbolo do Brasil.

Muito bem colocado, Tiago Meneghetti Brum. Agora, como sociedade, precisamos acompanhar nossos representantes na Câmara e como vão se posicionar. Os votos que forem ideologicamente contrarios do ponto de vista econômico, são aceitos ainda que difíceis de entender. Devemos ter ficado de olho nos votos contrários motivados por interesses políticos de pessoas. Esses causarão um atraso de décadas ao Brasil.

Márcio Louzada Carpena

Advogado, Mestre em Direito, Professor Universitário, sócio da Carpena Advogados

7 a

Parabéns pelo texto. Acho que o desafio é imenso, mas precisamos lutar para que reformas e mudanças ocorram, pois só assim conseguiremos realmente ser uma nação desenvolvida e distante da pobreza em todos seus sentidos.

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