Obesidade: quando a diferença está entre padrões estéticos, preconceito e saúde
A obesidade é uma doença crônica quem vem afetando cada vez mais pessoas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entende-se por obesidade o acúmulo excessivo de gordura no corpo, e ela já representa um problema de saúde pública em todo o mundo. A diferença entre sobrepeso e obesidade é medida pelo Índice de Massa Corpórea – IMC. De 25 a 30 o indivíduo é considerado com sobrepeso, de 30 a 40, obeso e acima de 40 os números indicam obesidade severa, grau III. E é por isso que escolhi, no artigo de hoje, falar sobre os desafios do tratamento da obesidade e o seu impacto do sistema de saúde.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2020, mais da metade dos brasileiros adultos apresenta excesso de peso (60,3%, o que representa 96 milhões de pessoas), com as mulheres em maior quantidade (62,6%) do que os homens (57,5%). Quando falamos de obesidade, a condição atinge 25,9% da população. E vale o alerta da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica que revelou que pessoas monitoradas com obesidade grau III passaram de 407.589, em 2019, para 863.083, em 2022, ou seja, mais que o dobro em três anos.
No entanto, diferente de outras condições isoladas, a obesidade aumenta significativamente o risco para outras doenças como as do coração, diabetes, hipertensão arterial, doenças do fígado e diversos tipos de câncer, reduzindo a qualidade e a expectativa de vida. Isso sem contar a saúde mental, que é consideravelmente prejudicada, com questões de autoimagem e autoestima.
Muito mais do que perder peso
Outro ponto fundamental a ser considerado para o tratamento da obesidade é sua origem. São diversos os fatores que levam à condição, muito além do consumo excessivo de calorias. Entre eles podemos citar questões genéticas, sociais, desequilíbrios hormonais e endócrinos, status socioeconômico e até questões culturais. Justamente por conta de tudo isso, o tratamento da obesidade exige esforços multidisciplinares de promoção da saúde física e mental visando a prevenção e a qualidade de vida, acompanhados de programas educacionais e sociais.
Mas alcançar esse nível de cuidado não é simples. O polêmico filme A Baleia, que rendeu neste ano o Oscar de melhor ator a Brendan Fraser, mostra as muitas dificuldades de uma pessoa obesa. No longa, Charlie é um professor que dá aulas online e pesa 270kg. Com uma série de questões emocionais, Charlie desenvolve compulsão alimentar após a morte de seu companheiro. E junto com a obesidade passa por um processo de apagamento social. Charlie vive isolado, não liga a câmera ao dar aulas e come, todas as noites, uma pizza gigante. O preconceito e até a repulsa das pessoas em relação ao personagem levantam questões bastante sensíveis sobre a abordagem da sociedade em relação a pessoas obesas, em especial a obesidade grau III.
E os dados comprovam a gordofobia de maneira bastante contundente. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Metabologia e Endocrinologia, de 2022, mostrou que 85,3% das pessoas consideradas obesas no Brasil já passaram por situações de gordofobia. Nos ambientes médicos, ao buscar alternativas para perda de peso, 61,5% dos pacientes tratados no serviço público alegaram uma sensação de desconforto e falta de acolhimento, enquanto nos ambientes privados este dado chegou a 44%.
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Na contramão da reclusão e do afastamento social, porém evidenciando as questões de obesidade, compulsão e saúde mental, o youtuber Nicholas Perry, conhecido na internet como Nikocado Avocado, faz sucesso com seus vídeos chocantes em que come quantidades imensas de comida, sempre movido por emoções igualmente intensas. Os mais de 3 milhões de inscritos em seu canal, que acompanham os vídeos, acompanham também sua trajetória de transtornos mentais, brigas com outros youtubers e uma busca silenciosa e quase desesperada por atenção e ajuda.
Os impactos na saúde
Ambos os casos, seja no filme ou no Youtube, mostram os desafios envolvidos em tratar a obesidade. Muito além de perder peso, a pessoa com obesidade enfrenta estigmatização, culpabilização, discriminação e muito preconceito.
Programas de prevenção e promoção da saúde física e mental são o caminho para o tratamento. E não se trata de falar sobre magreza. Uma perda e manutenção de peso entre 5% e 10% do peso inicial já é suficiente para melhorias significativas nos parâmetros cardiovasculares e metabólicos, como risco cardiovascular, diminuição da pressão arterial, do colesterol e da glicemia, por exemplo.
Uma pesquisa coordenada pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde mostrou que o valor gasto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2019 para o cuidado do excesso de peso e da obesidade foi de R$ 1,5 bilhão. O número representa 22% do gasto anual direto com doenças crônicas não transmissíveis no Brasil.
Ou seja, tratar a obesidade, além de resultar em benefícios para os próprios indivíduos, também beneficia a sociedade como um todo, com ganhos na saúde e na economia. Quer promover programas de bem-estar, prevenção e qualidade de vida na sua empresa que tratam, inclusive, sobre questões do controle de peso? A Alvarez & Marsal pode ajudar neste sentido. Envie uma mensagem.
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