Obesidade, uma doença multifatorial!!

Obesidade, uma doença multifatorial!!

Seguindo o tratamento de pacientes obesos mórbidos desde 2003 no Programa de Crônicos da Medicina Preventiva da NotreDame Intermédica, observei vários comportamentos entre os mesmos, seguindo os protocolos médicos para um objetivo terapêutico comum a todos, ou seja, a busca constante na perda de peso, ou melhor, a eliminação do excesso de peso!!!. Durante todos esse anos, ouvi muitos questionamentos diante da falência "terapêutica" ou até quando eliminavam peso!!!. Várias questões verbalizadas nas consultas , "e agora, o que fazer?, será que voltarei a engordar?", "porque não consegui atingir um resultado satisfatório?", "o que minha família vai achar disso?", "não tenho solução, somente a cirurgia bariátrica fará eu atingir o resultado!!". Diante disso, uma reflexão se encaixa em relação aos nossos papeis enquanto profissionais da saúde, na expectativa do paciente que busca essa ajuda, e não incomum, a transferência do cuidado/responsabilidade para a equipe!.

Como sabemos, a obesidade é uma doença crônica e multifatorial, o seu tratamento está vinculado à atenção nas quatro dimensões do ser (físico, emocional, social e familiar). Nós profissionais da saúde, necessitamos buscar esse olhar, sobre o impacto dessa doença na vida do indivíduo, e não apenas na perda de peso ou no controle das comorbidades associadas !!. Diante desse desafio, tratar obesidade não é apenas eliminar peso, exige atenção no campo emocional, familiar e social. Não incomum, muitos pacientes traziam uma questão de sofrimeto relacionado a cobrança gerada pelo meio em que viviam , principalmente após a cirurgia bariátrica, em que antes da cirurgia se cobrava da condição de obeso, e após o procedimento, a cobrança passou a ser por que ainda não emagreceu o suficiente ? ou por que voltou a engordar estando operado ?.....

A necessidade do trabalho multidisciplinar e principalmente interdisciplinar, exige uma ação conjunta da equipe, do paciente e da família, cujo impacto no resultado depende dessa engrenagem , buscando inicialmente a aceitação, o desejo de mudar , a ação para mudar e o reforço positivo a cada obstáculo conquistado. Tratar obesidade não é apenas com medicamentos ou bisturi, existe uma história , uma biografia a ser trabalhada, uma atenção na busca do autocuidado. Muitas vezes nas minhas consultas, coloquei para os pacientes que o seu tratamento não é para perder peso, e sim, corrigir e controlar as causas do ganho, no entendimento de que devemos escolher , ou cuidados da doença ou a doença cuidará de nós de forma muito negativa.....

Toda mudança comportamental exige apoio, conhecimento, autoconhecimento, desejo e força/luta constante para atingir o sucesso..... Esse modelo se enquadra em qualquer doença crônica ......

A medicina preventiva primária e secundária organiza esse olhar , permite acompanhar a jornada do paciente crônico e principalmente a prevenir na fase primária para que não se tornem pacientes. Seguindo processos técnicos, com evidências científicas, mas sobretudo no olhar global do ser, buscando as dimensões que habita.

Esta no DNA de nossa área de Medicina Preventiva da NotreDame Intermédica, a atenção primária e secundária do paciente, como centro do cuidado, alinhado no olhar multidimensional do paciente e família, sobretudo com ações de educação, informar para prevenir, acolhimento, compartilhar a responsabilidade do cuidado, e respeitar o momento de cada paciente, buscando assistência individualizada para o mesmo fim.

Najara Silva DortA

Gerente de enfermagem na Grupo NotreDame Intermédica

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