ODOR MATERNO
Está chegando o Dia das Mães e vou republicar alguns artigos que escrevi no Tema "Ser Mãe" para homenagear essa data prá lá de simbólica!
"Odor Materno" foi um texto que me fez recordar uma lembrança magnífica que é o cheiro da minha mãe. Duvido você ler e não se recordar do cheiro da sua!
ODOR MATERNO
Mãe tem cheiro.
Mãe tem cheiro de mãe.
E o cheirinho do nosso bebezinho então?
Ah esse cheiro de bebê! Do nosso bebê. Nunca esqueceremos o cheiro do cangote das nossas crianças.
O cheiro dos nossos filhos impregna em nossas narinas. É um cheiro que nos acalma, nos enternece, nos anima, nos dá uma sensação de sei lá, não sei como explicar, ah você sabe...é quase um...tesão.
Sabemos distinguir o cheiro dos nossos filhos a larga distância. Tem estudos sobre isso inclusive.
Sabemos o valor e o poder que o cheiro do nosso bebê exerce sobre nós.
Mas e o cheiro das nossas mães? O que dizer do cheiro da mãe da gente?
A minha tinha. E ainda tem porque nem mesmo a morte pode levar a lembrança do cheiro de nossas mães (e nem dos nossos pais, diga-se de passagem).
Para mim é um cheiro maravilhoso e misterioso. Ele carrega um peso. Talvez o peso da nossa origem e da nossa existência. Eu disse peso, não pesar!
O cheiro poderoso das nossas mães é repleto de nós mesmas. Uma certa mistura de infância com ingenuidade e uma pontinha de dor do crescimento.
O cheiro da minha mãe, por exemplo, nunca se alterou. Sempre foi o mesmo.
Nos momentos tristes e mais sombrios eu o procuro no ar e eu o sinto. E nos momentos de alegria também.
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Quando desejo (ou preciso) eu procuro por minha mãe e a encontro na lembrança do seu cheiro bom.
E é um cheiro íntimo que me apazigua e me acalma.
Quando desejo procurar por mim ou quando preciso (as vezes a qualquer custo) lembrar sobre quem sou eu, aciono essa campainha da minha memória olfativa.
Minha filha gosta de vestir minhas roupas de frio. Ela se sente protegida e quentinha. No inverno Iza anda pela casa vestida com minhas blusas. É engraçado ver seus bracinhos escondidos sob as enormes mangas penduradas. As vezes ela me pede para dormir com minhas blusas de pijama.
Eu me sinto feliz com isso. Minhas roupas a abraçam envolvendo-a em meu cheiro de mãe.
Sei que ela nunca se esquecerá de mim não só pelo laço que temos, mas também não sumirei de suas lembranças porque emplaquei lá em seu cérebro um cheiro tão próprio que poderá servir a ela como proteção.
O cheiro da nossa mãe tem esse encantamento. Ele nos protege e nos envolve vigorosamente mesmo sendo tão sutil.
Pergunte para qualquer pessoa se ela sabe distinguir o cheiro da mãe dela e você terá a resposta. Feche seus olhos e pense no cheiro da sua mãe. Diga-me se vem ou não lhe vem à mente um cheiro agradável, o qual você conhece como a palma da sua mão.
Cheiro de mãe tem cheiro de coisa pura.
Antes de dar à luz eu não tinha parado para pensar como é importante termos a consciência de que nossa presença materna na vida dos nossos filhos está marcada pelo cheiro que emana de nós.
O cheiro deles nos rende, isso é verdade. Mas o nosso cheiro nos distingue fazendo sermos únicas.
E eu digo: como isso é bom! Em muitos aspectos a maternidade nos confere uma certa superioridade humana e uma delas é a excepcionalidade do nosso cheiro.
Um dia escutei uma apresentadora de TV falando sobre isso. Ela relatou que estava em viagem e que entrou numa perfumaria; a vendedora lhe apresentou várias fragrâncias até que, não mais que de repente, ela identificou numa delas o cheiro exato da sua mãe que já tinha falecido. Então, ela comprou vários frascos. Me impressionei quando ela disse: “quando a moça passou o perfume sobre minha pele foi como se minha mãe estivesse chegado.”
Do cheiro da nossa mãe nós nunca esqueceremos.
Escrevendo agora sobre isso eu, inclusive, posso sentir perfeitamente o cheiro da minha mãe. Quando ela se foi, entre tantas perdas decorrentes da sua partida, eu temia perder essa lembrança, temia sumir de mim o cheiro da minha querida mãezinha. Mas isso nunca aconteceu. Morrerei sentindo o cheiro dela.
Pare para pensar sobre isso e tome consciência que seu papel na vida dos seus filhos é muito maior que sua presença física. Mas, antes, é uma união indissolúvel ligada também pelo cheiro, o cheiro de ser mãe.