OEC, A Nova Odebrecht
E finalmente, muito tempo após o ápice da crise de imagem e financeira do grupo Odebrecht, é anunciada uma nova marca.
Não tenho dúvida que esta decisão vem com atraso de pelo menos 2 anos. Mas também entendo que as cabeças dos decisores da empresa estavam mais ocupadas em seus dramas legais e nas renegociações de dívidas multibilionárias, fora tocar as obras e empresas que ainda não foram vendidas.
Uma decisão desta monta está longe de ser trivial. Afinal, a marca Odebrecht remete a uma potência empresarial, uma empresa vencedora e com indiscutível competência técnica - mas também traz consigo uma mácula que levará tempo para ser dissipada da memória coletiva da sociedade.
Entre acionistas e conselheiros, certamente se questionava se a mera mudança de nome e logomarca ajudaria alguma coisa. Hoje o grupo tem dificuldade para participar de licitações, não tem crédito no mercado e dificilmente atrai profissionais de ponta.
É muita coisa importante que se perdeu e precisa ser reconquistada. Primeiro com mudanças concretas no modus-operandi da empresa - ela já divulgou como robusteceu seu Compliance. Agora, com a mudança de marca, quer treinar nossos cérebros para que esqueçamos, aos poucos, daquele nome e logomarca que tantos problemas causou.
O primeiro desafio, de fato, será a nova OEC recuperar sua capacidade operacional plena. E isso depende de arranjos financeiros, pois capital de giro é fundamental nos seus setores de operação. E capital de giro ela não encontra em bancos, no momento.
Voltando a ganhar obras, tendo lucro (imaculado) e afastando os dirigentes envolvidos nos tristes episódios recentes, tenho fé que o grupo retomará a sua trajetória de sucesso. Obviamente num patamar bem menor, mas voltar a operar e empregar é o que mais importa.
Não podemos esquecer o quanto de capital intelectual há investido na história da Odebrecht e não me parece inteligente jogar isso fora.
Não será fácil, mas precisava ser dado um primeiro passo. A retomada pode demorar, mas vai dar certo.
Fernando Blanco em seus tempos de mercado financeiro emprestou vultosas quantias para o grupo e como professor facilitou eventos internos em algumas de suas companhias. Conhece o grupo e sua competência. E apesar de não ser complacente com nenhum dos seus maus-feitos, prefere vê-la dando a volta por cima, após pagar o que deve, e trilhar um novo caminho. Mais edificante desta vez.