Oferecendo aos nossos filhos aquilo que não tivemos

Oferecendo aos nossos filhos aquilo que não tivemos

A resiliência humana é uma das nossas características mais fascinantes e, por mais que muitas pessoas falem sobre isso ultimamente, pouco se fala sobre a resiliência combinada com a maternidade ou paternidade.

Por que falar disso, então? Porque eu vejo cada vez mais pessoas lamentando que não tiveram a criação que gostariam de oferecer para os seus filhos, como se isso, por si só, fosse uma profecia cravada em uma pedra. Bem, não é.

Se você não recebeu uma criação respeitosa, afetiva e empática, você não está fadado, de forma alguma, a repetir tudo isso com o seu filho. E tomar consciência disso é, talvez, um dos acontecimentos mais libertadores que um pai ou mãe pode vivenciar. 

É a base fundamental do entendimento de que criar um filho é, também, um processo de cura para nós mesmos.

É entender que, mesmo que não tenhamos recebido uma criação baseada no respeito mútuo, mesmo que isso não esteja dentro do nosso “código”, é perfeitamente possível escrever uma história nova — e diferente — com os nossos filhos.

Se você não recebeu uma criação respeitosa, afetiva e empática, você não está fadado, de forma alguma, a repetir tudo isso com o seu filho.

Um grande amigo meu, o psicólogo — e também pai de três — Alexandre Coimbra Amaral , durante uma dessas nossas conversas sobre a vida, disse para mim que nós podemos criar competências a partir de ausências. 

Pense sobre isso por um momento: as ausências das nossas vidas não são nossas prisões, mas justamente os espaços abertos para construirmos coisas lindas e admiráveis. Com os nossos filhos.

E mesmo que você esteja pensando “ah, para você é fácil dizer, sua infância deve ter sido um comercial de margarina”, lamento dizer que foi um pouco diferente disso.

Quem leu meu livro, o Abrace Seu Filho, sabe como foi com um pouco mais de detalhes, mas para que esse texto não fique imenso, digamos que a minha referência de paternidade, por exemplo, foi daquela figura bem tradicional, que não fazia grandes demonstrações de carinho e afeto, afinal, eu era um menino. 

Não recebia o tanto de toque e diálogo que eu ofereço para os meus filhos, e é exatamente nesse ponto que eu quero chegar.

E talvez você esteja pensando agora “só falta você me dizer agora que isso é super fácil de fazer”.

Infelizmente, olhando para a vida prática do dia-a-dia, precisamos entender que esse movimento não será automático. 

Pelo contrário, será muito difícil e trabalhoso. 

Afinal, é tentador demais repetir os mesmos padrões de criação que recebemos, então fazer diferente demanda autocontrole – coisa que perdemos, de vez em quando, principalmente nos dias mais difíceis.

Então, tente sempre se lembrar que, além de humano, você também está se curando e construindo novas habilidades junto do seu filho. E que isso já é algo lindo por si só.

Eu não vou dizer que é fácil, porque eu vivo isso intensamente e sei que não é, mas sei que é possível e que vale a pena. 

Com carinho,

Thiago Queiroz

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