Onde estão os homens de bem no futebol mundial?
Cresci ouvindo que a Europa sempre reverenciou nosso futebol. Mentira! Hoje percebo que meu pai e alguns cronistas estavam errados. Eles contam sobre o cuidado na final da Copa do Mundo de 1958, na Suécia: cobertores de palha e rodos para drenar a água do campo, de fato um pedido da nossa comissão técnica. O campo não ficou perfeito, mas foi suficiente para vencermos por 5 a 2 e conquistarmos nossa primeira Copa do Mundo, na casa dos suecos. Ali, o mundo começou a reverenciar duas lendas: Pelé e Garrincha.
Na tarde da última sexta-feira, 3 de janeiro, assisti ao desentendimento entre Vini Jr. e o goleiro do Valencia, Stole Dimitrievski. A punição ao Vini foi justa — houve uma agressão leve. Porém, Dimitrievski, que iniciou o incidente e exagerou na simulação, deveria ter sido punido com mais rigor. Essa disparidade é revoltante.
O crime compensa.
Fico me perguntando: até quando isso vai continuar? Por trás de comportamentos como esse, vejo algo mais profundo — uma repulsa ao nosso talento e ao sucesso dos nossos jogadores.
Se você acha que estou errado, faça o teste: assista à cena e imagine Messi no lugar de Vini Jr. O tratamento seria o mesmo? Não diga que Messi não teria revidado; ele já mostrou que também reage.
Parece cada vez mais claro que há uma falta de tolerância dos europeus com nossos craques, especialmente quando a vitória vem de um atleta negro.
Na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, torcedores belgas imitavam as quedas de Neymar, ecoando críticas da imprensa espanhola que o chamavam de "piscineiro" por supostamente simular faltas. Mas os números não mentem: Neymar foi o jogador mais caçado da competição, sofrendo 26 faltas em 5 jogos — uma média de 5,2 por partida.
Sei que Neymar é controverso, criticado até por brasileiros por seu comportamento fora de campo. Mas somos influenciados pela opinião da imprensa internacional e ignoramos que ele é constantemente perseguido em campo.
Em setembro de 2020, Neymar acusou Álvaro González, do Olympique de Marseille, de insultos racistas. Reagiu e foi expulso. O caso foi debatido, mas nada aconteceu.
O crime compensa.
Em 2022, Richarlison sofreu insultos racistas em um amistoso contra a Tunísia. Jogaram uma banana em sua direção. Nada foi feito.
Em 2023, Raphinha, do Barcelona, foi alvo de ataques racistas nas redes sociais. Apesar das condenações públicas, as medidas concretas foram inexistentes.
O crime compensa.
Nada se compara ao que Vini Jr. enfrenta na Espanha. Durante jogos da La Liga, ele é alvo constante de insultos racistas. Em maio de 2023, no jogo contra o Valencia, apontou torcedores que imitavam gestos racistas. A partida foi interrompida. O mundo reagiu, com declarações da FIFA, ONU e campanhas contra o racismo. Mesmo assim, os ataques continuam.
Ontem, enquanto era retirado de campo por colegas, ouviu novamente: “macaco”.
O crime repetido compensa ainda mais.
Edmund Burke disse: “O mal prospera quando os homens de bem nada fazem.” Onde estão os homens de bem no futebol mundial?
Há poucos dias, Vini Jr. foi premiado como o melhor jogador do mundo pelo FIFA The Best de 2024. Incrível para alguém de apenas 24 anos, que começou no Flamengo aos 10 e construiu uma carreira brilhante. Mas até ele tem seus limites.
A La Liga e a FIFA estão perdidas, tentando equilibrar posições que não podem mais ser aceitas. Ontem, em Valencia, mais um ato de racismo. E a questão permanece: quantos jogos Vini Jr. será punido? Enquanto isso, eu gostaria de ver o campo do Valencia interditado.
Vini já mostrou que sua luta é contra os racistas, mas ele joga focado no que ama: o futebol. Torço para que ele não desista. Fora da La Liga, sua vida seria mais tranquila, mas sonho com um mundo em que ele possa jogar onde quiser, livre de ofensas.
Continue lutando, Vini. Você é gigante.
Docente | Publicitário | Especialista em Planejamento de Mídia | Mestre em Comunicação e Culturas Midiáticas.
2 semInfelizmente, na minha humilde opinião, o futebol, assim como outros esportes reflete a sociedade. No caso especifico do futebol, nos países que ele é o esporte mais popular, ele reflete a sociedade em crise e reverbera mais ainda esses tipos de má condutas.
Sec. Executivo da Lei de Incentivo RN + Esporte e Lazer - / SEL/RN - Prof. Educação Física CREF - Esp. Adm/Marketing Esportivo UGF/RJ - Empreendedor Social Esportivo @HandebolClube_RN - Organizo Corridas de Rua pelo RN.
2 semRodrigo Paiva
Sec. Executivo da Lei de Incentivo RN + Esporte e Lazer - / SEL/RN - Prof. Educação Física CREF - Esp. Adm/Marketing Esportivo UGF/RJ - Empreendedor Social Esportivo @HandebolClube_RN - Organizo Corridas de Rua pelo RN.
2 semMarcos Motta