Os 5 principais desafios do Corporate Venture Capital
Os recordes de investimento em startups não param de ocorrer!
Antes de 2021, o investimento global em startups não havia atingido mais de US$ 100 bilhões em um único trimestre, mas neste último ano vimos resultados recordes, no qual obteve-se um total de US$643 bilhões no ano, o que equivale a um crescimento de 92% em relação a 2020.
Isso nos mostra uma grande mudança e rápido crescimento nos investimentos em startups no último ano, muito impulsionado por venture capitalists.
No Brasil, esse crescimento não foi diferente! Os investimentos em startups ultrapassaram R$50 bilhões em 2021 com destaque para setores que possuem participação relevante no PIB como: fintechs, retailtech, real estate, educação e mobilidade.
No entanto, essa movimentação não aguça apenas os olhos dos VCs, como também aguça as corporações que estão cada vez mais ativas neste ecossistema, investindo em startups.
Além do retorno financeiro, as grandes corporações buscam uma oportunidade de alavancar sua estratégia de inovação, antecipar a disrupção e ainda ganhar agilidade e conhecimento com empresas de tecnologia.
Isto porque as startups têm se provado mais eficientes e, de fato, solucionadoras de problemas no mercado, daqueles que mudam o ponteiro do cliente.
Com a pandemia, era esperado que o investimento em startups fossem mais contidos, principalmente pelas corporações que precisavam focar no seu core business. Porém o Corporate Venture Capital ganhou maior ascensão justamente em momento de crise, tendo o primeiro semestre de 2021 superando o recorde de 2020.
Segundo os dados do Distrito, o Brasil tem 162 rodadas de investimento oriundos de CVCs, totalizando US$ 1,3 bilhão investidos ao longo dos últimos 20 anos, especialmente, em startups early stage.
Legal, mas já que tem dinheiro disponível é fácil iniciar um CVC?
Na verdade, não é tão simples como parece. Separei 5 desafios que podem surgir em Corporate Venture Capital e como isso pode ser superado.
1. Ter um objetivo claro e tangível para se relacionar com startups através de investimento.
Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas, tornou célebre a frase que o Gato fala com Alice: "Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve". Essa frase pode ser útil para muitas situações, mas vamos utilizá-la, neste exemplo, para tratar a falta de objetivo e planejamento a respeito de onde se quer chegar com o CVC.
Antes de criar um CVC é importante definir os objetivos estratégicos que a companhia almeja e definir, o que podemos chamar de tese.
A tese não é algo escrito em pedra, imutável, mas pode ser caracterizada como um grande farol que norteará as escolhas e evitará os achismos.
Ela permeia um estudo sobre os mercados que poderão ser explorados, os modelos de negócio que podem ser mais relevantes para a estratégia da corporação, bem como o estágio de maturidade da startup.
Portanto, se queremos gerar valor para a corporação e para a startup não será qualquer caminho, mas sim aquele que trará maiores oportunidades e crescimento para ambas as partes.
Lembre-se: não existe objetivo longe da estratégia, se isso acontecer a geração de valor será zero! Logo, se não colocarmos objetivos claros e alinhados com a estratégia da corporação, a chance de se perder ao longo do processo é altíssima.
2. Estabelecer uma estrutura e governança alinhada com a estratégia da corporação.
Os investimentos corporativos em startups podem ser caracterizados em uma estrutura Interna ou Externa da corporação, ambos possuem prós e contras, no entanto, a escolha precisa ser feita de acordo com o que a corporação pode suportar estrategicamente e juridicamente.
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Um CVC Interno, em geral, conta com o investimento oriundo do seu próprio balanço, são mais propícias a investimentos estratégicos que suportam o core business, a operação conta com um time da companhia, que realiza todo o processo de análise e decisão dos investimentos. No entanto, podem ser mais lentos para tomar decisões e estão sujeitos a maior variação da direção estratégica.
Já no CVC Externo, normalmente, a empresa mãe conta com a participação de uma gestora especializada e autorizada pela CVM para gerir os investimentos. Dessa forma, podem ser mais ágeis na tomada de decisões e mais autônomas para explorar novas áreas de negócios ou inovações potencialmente disruptivas para o core business.
Além disso, como o fundo é constituído por uma série de regras e especificações, essa estrutura torna-se muitas vezes benéfica, devido às vantagens fiscais e de governança.
Com isso, não deixe de estudar os modelos e entender as formas que cada um impactará na estratégia de negócio e, principalmente, no jurídico e contábil da companhia.
3. Trazer a expertise do Venture Capital para a operação.
Os investimentos em startups não são fáceis de serem realizados, requer foco, expertise e paciência. O setor de Venture Capital no Brasil existe há anos e possui uma certa maturidade que as corporações que investem ainda estão estabelecendo, principalmente, no que tange a sua reputação e knowhow em nutrir startups.
Muitas vezes, as grandes empresas são avessas ao risco, tem dificuldade em inovar e carregam longos processos para tomar decisões, o que são requisitos básicos para um investimento bem sucedido e o porque muitas unidades de CVC iniciam.
Se a unidade não é capaz de tomar rápidas decisões, o time disposto não possui uma mínima experiência com venture capital ou não possuem um parceiro que possa auxiliar na implementação, correrão o risco de fazer negócios imaturos ou ainda de perder grandes oportunidades no mercado.
4. Faltar com agilidade no processo de tomada de decisão
O excesso de hierarquia, interdependência entre as áreas e numerosas alçadas de aprovação podem provocar uma falta de agilidade interna e externamente, que atrasam a negociação com bons negócios e atrapalham o desenvolvimento do CVC.
Parece óbvio, mas acredite, quando você está acostumado a fazer tudo da forma “tradicional”, essa mudança pode ser mais desafiadora e o que poderia ser feito em semanas ou em poucos meses levará um ano se a agilidade não for prioridade!
Ter uma estrutura ágil na tomada de decisão é valorizar a experimentação e ter como prioridade a solução dos casos.
5. Montar uma estratégia de investimento coerente e saudável para ambas as partes.
Muitos CVCs falham devido a uma abordagem inconsistente!
É de extrema importância estar atento ao objetivo e à estratégia pré-determinada ao longo do ciclo de investimento. Antes da incorporação do investimento, é preciso ter claro quais os benefícios poderão se obter tanto com os lucros quanto com a inovação.
Além disso, para se ter um CVC saudável, sufocar as startups com cláusulas ou com direcionamentos da corporação que limitam a startup pode afastar bons empreendedores e bons negócios.
Dessa forma, aja com motivações que beneficiem ambas as partes.
Emanoella Gonçalves.
Innovation Research I Open Innovation I Product Manager
2 aMuito bom Manu!!!
Building the largest (and best) entrepreneurship ecosystem in LATAM.
2 aLarissa Gatti Guedes Pereira
Innovation Value Management Officer | VMO | Eletrobrás
2 aPerfeito!