"OS BRASILEIROS TÊM DIFICULDADE DE SE ENTENDEREM" (João Gilberto - 1931-2019)
25 de Janeiro é o dia da Bossa Nova. Apesar de a data fazer referência ao aniversário do maestro Tom Jobim (1927-1994), um dos criadores do movimento musical cultuado mundialmente, neste dia em que se comemora o dia da Bossa Nova, quero exortar um outro grande ícone dela: João Gilberto.
O jornalista Mario Sérgio Conti publicou um artigo no Folha de São Paulo sobre a sua amizade com o pai da Bossa Nova, quando de seu falecimento em julho de 2019.
Sérgio conta como João Gilberto narrava sua única conversa com Denis Brean, o compositor de “Bahia com H”. Diz que João perguntou: “ Venci a timidez e lhe disse que seu samba cantava Salvador com perfeição: “seus sobrados, igrejas, santos, ladeiras e montes tal qual um postal.” E questionou Brean, que era de Campinas, quantas vezes ele esteve em Salvador. Eis que Brean responde: “ Nunca fui. Sei que é bacana porque os sambas dizem isso.
João ficou encantado com o que ouviu uma vez que isso estava alinhado como o que ele defendia: “música é som, e o som vem dos brasileiros em movimento.”
O aforismo construído por João explicava porque a Câmara Federal “era horrenda”. Dizia João Gilberto, “os brasileiros têm dificuldade em se entenderem. Se os deputados não escutam a si mesmos, como vamos compreender o que decidem?”
Isso se aplica também ao seu trabalho e ao seu grande legado. Segundo Sérgio Conti, o pai da Bossa Nova almejava adequar a música brasileira ao som de um povo fraternal. No Brasil moderno e livre, as pessoas escutariam umas às outras; acabariam de entendendo.
Como essa reflexão, eu ouso afirmar que a arte e, de modo muito especial, a música comunica de uma maneira especial. Através da arte de se comunicar nós construímos um legado e nos eternizamos na mente e nos corações das pessoas, assim como o fez o saudoso e genial JOÃO GILBERTO.