Os Caminhos das Commodities e os Entraves Logísticos Capixabas

Os Caminhos das Commodities e os Entraves Logísticos Capixabas

Durante uma discussão em sala de aula, o professor citou: o transporte aquaviário é o melhor modal em custo beneficio para o escoamento da produção de commodities no Brasil! E começou a declamar os pontos positivos do modal a fim de provar que o mesmo é o ideal para o País. Primeiro, temos muitos rios ainda navegáveis espalhados pelas regiões, lagos enormes e uma área costeira considerável; Trata-se de um transporte com baixa manutenção; Possui alta capacidade de carga; Normalmente possui carga de retorno, o que distribui os custos de deslocamento; É um transporte seguro em vista do rodoviário, por exemplo, etc, etc...

Isso me fez refletir. Imaginemos a realidade capixaba por alguns instantes no quesito rios. Essa realidade não nos é possível. Lagos enormes... também não. Região costeira? Sim possuímos um litoral grande, que toma todo o limite Leste do Estado. E como anda a situação dos portos do ES? Bom, há muito tempo... péssima. A maioria é particular, os portos públicos possuem retroáreas minúsculas, área de manobra muito estreita, baixo calado, muita burocracia e por aí vai.

Então como melhorar a logística local dos produtos se não por vias aquáticas? Rodoviário já se faz a maioria e mal conseguimos comporta-lo. Dutoviário é uma via de mão única. Nos sobra o ferroviário. Este apesar do custo de manutenção e mão de obra especifica, por exemplo, nos atenderia bem. A pergunta é: temos como implantar hoje novas ferrovias e interligar as já existentes?

O problema das ferrovias começa desde sua implantação com Barão de Mauá ainda no final do século XIX. A atração de empresas internacionais e rivais para o País, à época, trouxe uma segregação das ferrovias, pois cada uma utilizava uma bitola diferente em sua linha, de modo que a composição da outra não trafegasse pela linha alheia. Entre outras palavras, nós temos 3 tipos de bitolas diferentes para as linhas férreas brasileiras e capixabas.

O que isso significa? Composições diferentes para cada uma, custo extra, já que não existe um padrão! Seria uma saída viável se não houvesse questões político - administrativas envolvidas também. Os trechos capixabas são administrados particularmente, logo, só movimentam cargas que seja do interesse das empresas donas das linhas.

A solução então é uma intervenção do Estado para beneficio mutuo. Implantação de estradas férreas públicas ou parcerias para ampliação das linhas existentes a partir de acordos de cessão. Além disso, melhoria da ligação intermodal que hoje ainda é deficiente, principalmente no modal portuário.

Infelizmente para termos uma melhoria no cenário local será necessária uma intervenção de terceiros (parcerias entre empresários do setor ou público-privadas) caso contrario, permaneceremos na atual estagnação pós FUNDAP onde “manda quem pode e obedece quem precisa”.

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