Os impactos da estratégia de ecossistemas de negócios na criação de valor, crescimento da marca e da base de clientes

Com o avanço das tecnologias digitais e o surgimento de novas formas de fazer negócios, a disputa por espaço no mercado corporativo deixou de acontecer somente entre as organizações e passou a envolver também as cadeias de empresas. Diante desse contexto, as companhias que conseguem agregar uma quantidade maior de stakeholders aos seus ecossistemas, ou business ecosystems, são capazes de gerar mais valor, fortalecer sua marca, criar novos produtos e serviços e expandir a base de clientes.

 Em meio à aceleração digital que estamos vivendo, é possível identificar marcas que surgem e crescem em um curto período e outras que desaparecem muito rápido, sobretudo na área de tecnologia. Como essas empresas já nasceram em um ambiente de transformação digital, é compreensível que a criação de um ecossistema para ampliar a base de clientes seja algo natural, que faz parte de sua essência.

 No caso das organizações mais tradicionais, a adoção do modelo de negócios de ecossistema tem sido bastante eficaz, principalmente no contexto de parcerias e diversificação de atividades comerciais. O ecossistema passou a ser uma maneira de as companhias fortalecerem suas marcas, se adaptarem melhor ao ambiente de negócios e sobreviverem em mercados cada vez mais competitivos.

 Na área de logística em que atuo, o termo supply chain, por exemplo, já está sendo substituído por supply network, porque hoje existe uma malha de elementos interligados, com vários players colaborando, e não apenas a cadeia linear fornecedor-produtor-cliente final. Por isso, a ampliação da marca e da base de clientes se tornou uma questão tão importante. Ela vai além do crescimento natural dos negócios e envolve a criação de um organismo mais forte, que se adapta melhor à nova realidade empresarial.

Estratégia de negócios

O business ecosystem é uma estratégia na qual cada empresa avalia o seu próprio negócio e o planejamento de curto e médio prazo. Hoje, todas as organizações, inclusive as tradicionais, querem diversificar seus negócios e ao mesmo tempo manter sua essência. O foco agora é incorporar mais stakeholders que vão colaborar com o crescimento da marca e da base de clientes.

 A internet, como grande plataforma de negócios, trouxe avanços muito rápidos no fluxo de dados e de tecnologias e, consequentemente, novas maneiras de expandir a marca. Esse processo de digitalização não tem volta; e é exponencial. Por isso, é importante criar ecossistemas sólidos, com mais empresas e pessoas que tenham alinhamento de valores e estejam dispostas a colaborar em prol de um objetivo comum.

 Um exemplo bem conhecido de business ecosystem é a Uber, que criou uma plataforma que se autoalimenta, ou seja, quanto mais bons motoristas, mais clientes, e vice-versa. No varejo, também é possível identificar esse modelo sendo adotado por muitos negócios, como no caso do Grupo SBF, que se define como um ecossistema de esportes. A Magalu também deixou de ser somente uma rede varejista, essencialmente, para se tornar um ecossistema de oferta de produtos e serviços.

 No final das contas, quem adota essa estratégia tem mais chances de sobreviver em um mercado cada vez mais conectado. Por isso, hoje é muito comum as empresas se associarem a outras companhias que compartilham valores similares. Dessa forma, elas se unem em torno de uma oferta de valor maior para o cliente, e isso acaba favorecendo todas as partes envolvidas no ecossistema, de ponta a ponta.

Alinhamento de propósito

O que as pessoas tendem a fazer, especialmente neste momento em que se fala tanto de inovação, é criar elementos e áreas dentro das empresas que vão alimentar essa estratégia de negócios.

 Dessa forma, é possível gerar mais valor para as marcas, principalmente no cenário de transformação observado no pós-pandemia. A pandemia turbinou e deixou uma herança importante para os ecossistemas de negócios. Além de ter suscitado questionamentos válidos sobre os modelos tradicionais de trabalho, ela reforçou que as companhias têm de oferecer junto às suas marcas um valor que não é tangível.

 Isso quer dizer que as questões não objetivas estão falando mais alto agora, e o importante é estar em um ecossistema no qual você se identifique com os propósitos das empresas e pessoas da cadeia de negócios.

Expansão da marca

Hoje eu atuo na TPC Logística Inteligente, uma empresa da JSL, subsidiária do Grupo Simpar, que se posiciona como o maior ecossistema do Brasil em termos de mobilidade e logística, dois elementos-chave para um futuro mais sustentável e cidades mais inteligentes. Essa estratégia de posicionamento trouxe um grande crescimento para a organização, que em dez anos multiplicou por dez a receita, encerrando o ano de 2021 com mais de R$15 bilhões. Esse é um exemplo claro de expansão da marca e criação de valor a partir de um ecossistema, do qual eu fico feliz em fazer parte.

 O modelo de business ecosystem é muito positivo quando é legítimo e reforça que as empresas podem ter múltiplos papéis dentro dessa cadeia, ora como protagonistas ora como coadjuvantes. Neste ano, por exemplo, a TPC foi protagonista no ecossistema de negócios da Natura &CO: a companhia ganhou o Prêmio Embrace Natura &CO, na categoria “Melhor Operador Logístico da América Latina”.

 Esse resultado coroou uma relação de parceria que vem sendo construída e mostrou que os valores da Natura &Co se estendem a toda a cadeia de produção, de ponta a ponta. Por isso, hoje é cada vez mais importante que as empresas se associem a outras companhias que tenham valores similares. Trata-se de uma estratégia que fortalece a cadeia e gera resultados mais sólidos para todas as partes.

 É verdade que nem todas as empresas têm condições de fazer parte de um business ecosystem, mas as que apresentam os elementos necessários e ainda não aderiram a esse modelo estão perdendo vantagem competitiva. Afinal, hoje, a criação de um ecossistema forte é a melhor maneira de as companhias criarem e trocarem valor sustentável, fortalecerem suas marcas e vencerem no mundo dos negócios integrados.