Os incomodados que a si, mudem

Os incomodados que a si, mudem

Fernanda era atriz e apesar de se sentir realizada percebeu que a carreira artística é muito ingrata e instável e depois que completou 30 anos tomou uma decisão. Iria cursar uma faculdade de marketing e abandonar a carreira. Três anos depois, Fernanda passou de estagiária, assistente e hoje é coordenadora na área de marketing numa empresa do terceiro setor. Mariana sempre trabalhou em empresas com carteira assinada, adorava o mundo corporativo mesmo não concordando com certas políticas, achava que era assim mesmo. Até que um dia foi demitida e se sentiu injustiçada. Foi aí que percebeu que este mundo não servia mais para ela. Depois de alguns meses procurando emprego, tomou coragem resolveu abrir sua própria empresa na área de captação de recursos. Ainda sofre os percalços da instabilidade do país, mas se sente muito mais realizada. Carlos era jornalista e embora gostasse do que fazia estava muito decepcionado com a profissão e o mercado de trabalho. Começou um processo de coaching para saber quais eram suas verdadeiras motivações e onde poderia aplicar os seus talentos. Aos poucos foi conciliando o trabalho com aulas de inglês particulares que já dava. Hoje só trabalha com o ensino de idiomas e se sente mais feliz na nova carreira.

Você se identificou com alguma das histórias acima? Hoje em dia parece que a insatisfação no trabalho é cada vez mais latente. Antigamente as pessoas seguiam um roteiro e a maioria entrava num emprego, fazia carreira e ficava lá a vida toda. Os tempos mudaram, não existe mais estabilidade, as exigências estão maiores dos empregadores e consequentemente nós também estamos mais exigentes em relação ao que fazemos. Não queremos só um bom cargo e um bom salário. Queremos fazer algo que nos realize, que nos deixe feliz.

Nunca se falou tanto em trabalhar com propósito, home Office, nômades digitais, trabalhar de qualquer canto com flexibilidade de horários e qualidade de vida. Mas precisamos ter os pés no chão. É muito difícil recomeçar do nada, abrir mão de certos confortos que um bom salário e um emprego fixo oferece. Temos que pesar a satisfação profissional, o que nos motiva a ir trabalhar com as responsabilidades e contas.

TALENTOS OCULTOS

Todos nós temos vários talentos, alguns que nem sabemos que temos, outros que sabemos, mas talvez não exploremos tanto como deveríamos. Um hobby pode virar uma profissão, mas e o medo de arriscar? Arriscar não é fazer algo inconsequente, pedir demissão amanhã e ir vender sanduíche natural na praia porque gosta do mar. Tudo na vida tem que ter planejamento para não se arrepender depois.

Faça as seguintes questões:

– Eu não gosto do que eu faço ou não gosto do lugar que eu trabalho?

– Se eu mudar de trabalho para a mesma função ficarei mais feliz?

– O que eu mais gosto no meu trabalho? O que eu mais detesto?

– O que me faria feliz no trabalho?

– Em que eu gostaria de trabalhar?

– Como fazer para que isso se torne realidade?

Pese os prós e os contras. Dependendo da área terá que fazer cursos ou outra faculdade, terá que começar de baixo, terá que ganhar menos e abrir mão de certos prazeres e confortos, terá que conviver com gente bem mais jovem e o seu chefe poderá ser bem mais jovem que você, poderá conviver com gente bem diferente de você e gerar algum conflito.

A primeira coisa a fazer quando realmente decidir o que quer fazer é conversar com pessoas que já trabalham com isso. Hoje em dias com as redes sociais há grupos de todos os interesses e também muitos encontros presenciais para trocar ideias com pessoas de outras áreas. Leia bastante, estude, perceba se você tem o perfil para isso. Por exemplo, não é porque eu adoro belos ambientes e casas que vou ser uma arquiteta, afinal, cálculo não é o meu forte.

Seja realista, mas se for muito racional não sairá do lugar porque arriscar é se expor e às vezes as coisas não saem como esperado. Para isso um planejamento é importante, autoconhecimento também.

O processo de coaching é a ferramenta adequada para o processo de transição de carreira, em que as pessoas aprendem a se conhecer, saber quais são seus talentos, estipular metas e ter um planejamento prático.

A zona de conforto é algo parecido como andar de bicicleta de rodinhas. Quando a gente começa a aprender a pedalar as rodinhas dão segurança, mas você não pode andar para sempre com elas. Tire suas rodinhas e saia pedalando. Talvez tome alguns tombos, mas arriscar-se para ser feliz é muito melhor do que ficar acomodado.

Texto original publicado no site www.rosadosventos.net.br

Patrícia Ribeiro é jornalista, blogueira, analista de mídias sociais, assessora de imprensa e repórter. Idealizadora do blog Passeios Baratos em São Paulo, gosta de escrever de assuntos diversos, viajar e explorar São Paulo. ribeiro.patricia73@gmail.com

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