Os novos (des)empregados
Nos últimos meses tenho me deparado cada vez mais com pessoas em situação de desemprego. Alguns até amigos próximos, outros conhecidos mais distantes, mas todos passando por situações bem semelhantes: dedicaram um tempão de suas vidas a seus empregos e agora não conseguem uma colocação.
Arrisquei até a ajudar algumas destas pessoas. Digo que arrisquei porque este não é meu core business. Entendo que, como quase tudo no mercado, é necessário recorrer a um profissional da área, alguém que saiba, de forma lógica, com estudos e práticas, como ajudar pontualmente naquela demanda. Óbviamente não foi dada a melhor solução ao problema destas pessoas, mas fiz o que pude na tentativa de ajudar a resolver.
Mas como tudo que faço, gosto de refletir depois, entender se o que foi feito poderia ter sido feito melhor, como eu faria se fosse hoje, como não repetir erros, etc. E cheguei a algumas conclusões que gostaria de compartilhar:
- Com raríssimas exceções, todos estão à procura de um emprego: este é um erro de quem acabou de ficar desempregado(a). E, claro, não espero que você concorde de pronto com esta afirmação, mas deixe-me explicar: se você perdeu um emprego é muito comum ficar tentando achar explicação: a empresa está em crise? Puxaram meu tapete? Não era produtivo na minha função? As respostas a todas estas perguntas tendem a ser favoráveis a você. Dificilmente alguém pensará: "realmente, o problema era eu, não produzi o que esperavam e perdi minha vaga". Ao menos não compartilhará isso com ninguém, mas lá no fundo sabe muito bem o motivo. Esta busca incessante pelo motivo acaba paralisando o(a) recém-desempregado(a). que depois de um tempo só vê uma opção: arrumar outro emprego. E esta não é a única opção!
- Ao encontrar uma vaga, os problemas acabaram: a sensação de alívio por ter arrumado outro emprego, principalmente depois de algum tempo desempregado(a) é algo que pode minar as chances de crescimento. Sabe aquela máxima "a primeira impressão é a que fica"? Vale muito aqui! Você acabou de chegar à empresa e já mostra comodismo. Este é exatamente o momento do contrário: quem é inquieto, incomodado com o status quo, mostra que vale o investimento. Já quem fica feliz com o que vê é rapidamente colocado em stand by. E você já sabe aonde isto pode chegar, né?
- Muitas pessoas querem desafiar a Lei da Gravidade: calma, eu explico. Aprendi cedo que tudo que é demais é ruim. Acredite em mim, tudo mesmo! Tente achar aí alguma coisa que é muito boa em demasia. Não existe. E aí você também quer mudar o mundo amanhã, o Dia D+1 da sua admissão no novo emprego. Isto é ansiedade, não força de vontade. Os problemas surgirão, você deverá ser resiliente, mostrar potência ao longo do tempo. Na primeira semana é fácil mostrar que você está com o gás todo para enfrentar as dificuldades. Depois de 6 meses como estará seu boost? Você não pode simplesmente se tornar um extremista e achar que as portas vão se abrir.
Não vou prolongar o assunto, mas quero te deixar um recado: sabe onde você vai aprender estas coisas de forma mais efetiva? Do outro lado da mesa. E este é o ponto aqui: por que você precisa do parâmetro de alguém para colocar em prática sua essência? Percebe que o que e como você faz passa pela análise de quem vai te contratar ou te contratou? Então é indiscutível que "do outro lado da mesa" você terá mais liberdade para tomar suas próprias decisões. E por que você tem medo de trocar de lado e gerar empregos, ao invés de buscar por um? Este medo é algo que, certamente, toma todo empreendedor em algum momento. Mas não se iluda: (sem tentar ser poético) depois do medo geralmente há algo que, quando descobrimos, gostaríamos de ter descoberto antes.
Sabe onde você vai aprender estas coisas de forma mais efetiva? Do outro lado da mesa.
E para aqueles que dizem "ah, então todo mundo vai empreender e não teremos mais pessoas para trabalhar nas empresas",repense sua forma de pensar, porque você está parecendo as pessoas que, no início do século XX, se preocupavam com a pilha de esterco que se formaria até 1940, gerando graves problemas de saúde à população mundial, já que o problema das cidades naquela época eram os inúmeros cavalos que circulavam diariamente (e defecavam), gerando muitos detritos nas ruas. Tente pensar igual a quem inventou o carro!
Head of B2B Sales | GTM | Channel | MKT | Enterprise | SME | Serasa Experian
1 a👍👍
Chief Executive Officer | Grupo Nearyou
7 aSandrival, sua abordagem é correta e entendo a lógica do texto. Como o Linkedln tem um espaço limitado e o tema é complexo, coloco uma primeira pergunta para explorarmos a situação com mais profundidade. Pessoas brilhantes são facilmente encontradas? Não. Esclareço que, pessoa brilhante não é aquela que estudou mais, mas sim aquela que faz de forma excepcional suas tarefas. Quando uma crise severa assola a economia de um país, pessoas brilhantes perdem o emprego? Sim. A crise no setor de construção, com certeza deixou muitos engenheiros sem emprego e como eles são especialistas, vão ter que fazer outra atividade. Como motivar um especialista a fazer outra atividade muito bem feita? Concluo assim: O mundo mudou, e as pessoas precisam estudar e aprender novas tarefas. Sim os acomodados estão encrencados, bem como aqueles que foram ótimos, mas ficaram defasados. E a forma de lidar com seu líder, ou de liderar mudou de forma inexorável. E os custos de adquirir novas tecnologias, nunca foram tão baratos em relação aos custos da mão-de-obra, o que facilita o trade-off.
Consultoria Comercial
7 aExcelente Sandrival....parabéns