Oscar Niemeyer e a arte
22 de dezembro de 2022

Oscar Niemeyer e a arte

A praça da liberdade é a rota principal dos meus dias, e algumas vezes me permito diminuir o fluxo intenso da minha rotina e observar com calma um prédio que tem em frente. Minha obsessão por esse edifício em específico me levou à uma busca incessante sobre esse artista, e hoje, a escrita deste artigo.

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Imagem autoral

Não entendo nada sobre arquitetura ou engenharia, e de fato, não foi isso o que me chamou atenção. As obras de Niemeyer são muito mais que construções civis, são artes.

Ele começou seus estudos na Escola Nacional das Belas Artes (atual UFRJ) em 1929, com isso, podemos notar que a maioria dos arquitetos da época produziam obras majoritariamente em ângulos de 90°, com linhas retas. Niemeyer quis ser “fora da curva'', então hoje, com um olhar aguçado, somos capazes de identificar as obras dele antes de saber da sua autoria.

Assisti alguns documentários e vídeos em que ele cita que a sua inspiração vem das curvas das mulheres, dos rios e das montanhas de seu país. Isto é facilmente identificável e de uma beleza gigante.

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“A arte tem que ter espanto”, frase que ele diz a alguns estudantes que o escutavam em uma palestra, e, observando outros modelos de artes expressionistas, principalmente as contemporâneas, podemos notar que os traços mais orgânicos sobressaem, um exemplo disso é a pintura "O grito" que é uma das mais famosas pinturas da história da arte ocidental.

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O Grito - Edvard Munch

Niemeyer tem obras espalhadas por todo o Brasil, dentre as quais se destaca a Obra do Berço - RJ, Conjunto Pampulha - MG, Parque do Ibirapuera - SP, Edifício da Organização das Nações Unidas (ONU) - Nova Iorque, Palácio do Planalto, a Catedral, o Congresso Nacional, o Palácio da Alvorada, e o Palácio do Itamaraty - Brasília, entre outras.

Já fui pessoalmente visitar alguns projetos belorizontinos, e o que mais me impressionou foi a sua primeira grande obra individual, o conjunto de Pampulha, que ele executou a convite do prefeito da época, Juscelino Kubitschek.

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Igreja da Pampulha

Meses atrás, antes mesmo de começar a escrever esse artigo, enviei mensagens para uma prima buscando informações, pois além de ser uma grande arquiteta, topa todas as minhas ideias. Fernanda Maria Fernandes, diz que: “ Oscar Niemeyer, na minha concepção, foi um dos maiores nomes da arquitetura moderna. Suas obras marcantes e inconfundíveis compõem muito mais do que os cinco pontos do modernismo. Além da funcionalidade dos seus edifícios, eles transmitem leveza, ousadia, beleza e inovação. Uma de suas obras que mais me chama a atenção é o complexo da Cidade Administrativa de Belo Horizonte, o qual representa as curvas sinuosas dos rios e das montanhas de Minas Gerais. Além disso, o Palácio Tiradentes possui uma singularidade em relação aos outros edifícios do local, devido a sua estrutura em concreto protendido, elevando-se ao nível do chão e criando um grande vão livre, dando a sensação de que o prédio está pendurado.


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“Decidi que esse prédio precisava mostrar para o Brasil que, em Minas Gerais, houve uma civilização que foi capaz de levar a tecnologia do concreto da construção ao limite supremo da audácia, inigualável por nenhum povo do mundo”, disse Niemeyer.

Como arquiteta, possuir referências grandiosas como as obras de Niemeyer demonstram que, através dos traços, pode-se criar inúmeras possibilidades em busca do avanço da arquitetura.”

E do meu ponto de vista publicitário, digo que por atrair visitantes e ser palco de vários movimentos, convidar Oscar Niemeyer para construir prédios públicos foram grandes investimentos de longo prazo, pois hoje, todas as obras são patrimônios culturais que envolvem estudos e visitas de vários arquitetos e engenheiros, brasileiros ou não. 

Ainda na atualidade, Oscar Niemeyer é referência em diversos setores artísticos, e um exemplo disso é o Djonga, Rapper brasileiro, que citou o arquiteto em sua música “Leal”,

“Oscar Niemeyer desenhou suas curvas, parece que eu mandei fazer, juro que tá do jeito que o pai gosta”.

Outrossim, é notório que ele rompeu todas as barreiras da arquitetura, fazendo inclusive eu, uma estudante de Publicidade e Propaganda, dedicar um tempo para estudar os seus feitos.

Mas não satisfeito em ser um grande artista, algo que chama atenção em Niemeyer é o seu posicionamento político. Com o golpe militar de 1964, Niemeyer, filiado ao Partido Comunista, se exilou na França, e em 1980, retornou ao Brasil. Nessa época, projetou o famoso Memorial JK em Brasília. Desse modo, é notório que ele foi um ser humano que ousou ir muito além do concreto e conceito artístico, se posicionando como cidadão em vários âmbitos sociais.

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Época que que a sede do Partido Comunista ainda estava em obras.

Em 2012, Oscar Niemeyer deixou esse mundo. Com diversos prêmios e 12 livros publicados, ele entra para a história como o maior arquiteto brasileiro, título que dificilmente será substituído, pois seus projetos são também, manifestações políticas e culturais. 

Uma lição que podemos tirar de sua história, é sair do padrão. Não importa em qual mercado você atue, reme contra a maré e busque inovação. Em algum dos cursos que eu já fiz, escutei uma frase interessante, “A criatividade é o petróleo do século”. - Levarei para a vida, pois sempre antes de produzir, seja um design, uma maquete, um artigo ou uma planta de uma casa, precisamos observar se está diferente dos iguais.

Deixe sua marca no mundo.

Ana Paula Fernandes, participação especial de Fernanda Maria Fernandes.

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