PÁSCOA
Ontem ao visitar uma igreja da minha cidade, mais propriamente a Igreja dos Congregados, fui lembrando como as cerimónias que caracterizam a Semana Santa se têm alterado.
A palavra Páscoa vem do hebraico pesah que significa passagem, passagem da morte para a vida – é a Ressurreição de Jesus de Nazaré. É a vitória de Deus sobre a morte.
Antigamente visitava-se mais do que uma igreja, em número ímpar, prática que se julga originária de Roma, na Quinta-Feira da Semana Santa. Hoje em dia não há esse hábito. Neste dia ainda há a cerimónia do lava pés.
Na Sexta feira Santa visitava-se o Senhor morto, com toda a fé, grande religiosidade e respeito; os homens usavam gravata preta em sinal de luto e as senhoras vestiam fatos escuros ou mesmo pretos. Hoje em dia nada disto acontece.
As pessoas, mais os forasteiros que nos visitam nesta época, entram nas igrejas sem o mínimo respeito, de máquinas ou telemóveis sempre a disparar, nem sequer fazem uma reverência em frente ao altar mor, viram mesmo as costas, para apanhar um ângulo melhor, autênticos vendilhões como os que Jesus expulsou do Templo. É um entra e sai de indivíduos que invadem as igrejas e apenas procuram algo que lhes interessa sob o ponto de vista arquitetónico ou outro, fé não vejo nenhuma.
As Imagens eram tapadas com panos pretos, só sendo retirados na Sábado de Aleluia. Este cenário convidava à oração e à meditação. Hoje nada disto acontece.
Durante o Sábado Santo é celebrada a Vigília Pascal, ocasião em que os fiéis cristãos se reúnem em constantes orações durante parte da noite que antecede o Domingo de Páscoa.
Finalmente, Domingo de Páscoa, em que a maior parte das pessoas nem à missa vai, vão é fazer mini férias e, se for o caso, apanhar sol. Onde está a fé?
Triste sinal dos tempos em que tudo é vão e o material domina o lado espiritual do homem.
Mais um desabafo de quem já atravessou muita tradição e maneira de viver a Semana Santa.